quinta-feira, março 02, 2006

Benfica - Porto (Rescaldo)






Pelo facto de termos estado sem internet, não nos foi possível fazer qualquer alusão ao clássico Benfica - Porto disputado no passado fim-de-semana. Apesar de já terem passado alguns dias, gostaria ainda de tecer alguns comentários em relação ao jogo.

Efectivamente, não foi um grande jogo de futebol. Aliás, foi, na verdade, uma partida emotiva mas muito mal jogada por parte a parte. Contudo, houve alguns factores que condicionaram as duas equipas (já lá vamos!). Ainda assim, creio que o Benfica foi melhor que o FC Porto e mereceu vencer.

A primeira parte foi do pior que já se viu nesta Superliga. O receio das duas equipas em sofrer o primeiro golo foi notório e, como tal, ambas procuraram fechar os caminhos da sua baliza. O Benfica jogou com 4 defesas que, na primeira parte, praticamente não subiram, depois, contava com dois médios defensivos, Manuel Fernandes e príncipalmente Petit, tendo lá na frente Robert, Simão e Nuno Gomes com o apoio de Karagounis na transição meio campo-ataque. Já o Porto, apesar de na teoria jogar com 3 defesas (P.Emanuel, Pepe e Bosingwa), na prática jogou quase sempre com 4 unidades defensivas, sendo Paulo Assunção o jogador encarregue da marcação do avançado Nuno Gomes.



A história do primeiro tempo resume-se a duas jogadas. Primeiro, o golo vindo do nada de Laurent Robert num remate de 40 metros em que Baía fez o que todos sabemos. Os encarnados adiantavam-se no marcador sem nada terem feito para o merecer. Dois minutos depois, Simão isolou Nuno Gomes e este, frente a Baía, não conseguiu fazer o golo. O avançado encarnado é um excelente auxiliar para um ponta de lança mas, na realidade, não é um matador, não é um Liedson. Para ser sincero, apesar de gostar de Nuno Gomes, acho que, num sistema de 4-3-3 com dois alas, é necessário ter na frente um ponta de lança e não um avançado centro mais móvel. A verdade é que o Benfica ainda não encontrou um jogador desse género. Não sendo um matador nato, creio que Miccoli poderá desempenhar bem esta função. Não obstante, é preciso não esquecer que Nuno Gomes é o melhor marcador da Superliga e, como tal, merece a maior das considerações.

Na etapa complementar, com o Porto em desvantagem e a ter de ir à procura de outro resultado, naturalmente que o jogo abriu havendo mais espaços. O FC Porto passou a jogar mais no meio campo benfiquista mas sem criar perigo efectivo. Com o passar dos minutos, surge a necessidade de ambos os técnicos mexerem nas respectivas equipas. Creio que este capítulo foi fundamental para o desfecho da partida. A meu ver, Koeman ganhou a Adriaanse na "dança das substituições". É caso para dizer que o caracól venceu a caracoleta. Koeman, na minha opinião, mexeu muito bem na equipa, ou melhor, leu bem o jogo. Robert e Karagounis estavam bastante debilitados fisicamente, o Benfica estava a perder o meio campo e, nesse sentido, era imperial refrescar a equipa. Koeman colocou Beto para dar mais força ao miolo e Marco Ferreira para dar mais rapidez à ala direita encarnada. Neste último, a ideia foi boa mas a opção foi má. Marco Ferreira não é jogador para o Benfica nem, muito menos, para jogar um jogo desta envergadura. Creio que entrando Manduca para a esquerda (sim sr. Koeman, Manduca também é extremo esquerdo) passando Simão para a direita, o Benfica ganhava muito mais a nível ofensivo.
Relativamente a Co Adriaanse, creio que as suas opções foram ridiculas e inacreditáveis. Digo mais, agora compreendo por que é que no campeonato holandês só há três/quatro equipas e o resto leva sempre de três para cima.
Adriaanse lançou Jorginho e Lisandro Lopez para as alas tirando Raul Meireles e Ivanildo. Os dragões, com essas substituições, perderam o meio campo e, para criar perigo, optaram por balões para a frente. Poucos minutos depois, ainda mais acentuado ficou esse estilo de jogo com a entrada de Hugo Almeida e a saída de um extremo, de um moniciador, de seu nome Ricardo Quaresma. Mister Adriaanse, para quê ter Lisandro, Hugo Almeida, Adriano, Mccarthy na frente se depois não tem homens capazes de ir à linha e tirar cruzamentos para os mesmos? e Jorginho, para quê insistir em colocar o brasileiro como médio ala quando este é claramente um número 10? e que dizer de Lucho neste jogo? porquê "queimar" este jogador obrigando-o a jogar 20 metros atrás da sua posição de origem? pois é, com tanto equivoco, a derrota teria que aparecer.
Já o Benfica, podia muito bem ter matado o jogo mais cedo. O desgaste físico e a inoperância no ataque foram factores que levaram a que o resultado ficasse pela margem mínima. Mais uma vez, Koeman mexeu bem na equipa no sentido de ganhar mais consistência defensiva e, ao mesmo tempo, mais rapidez no ataque. O holandês colocou Ricardo Rocha no lugar de Nuno Gomes. O que há partida parece uma substituição puramente defensiva, neste caso não o foi. Com a disponibilidade total de o Porto em atacar, descurando por completo a sua defensiva, Koeman meteu Ricardo Rocha a lateral esquerdo ganhando assim mais força e altura na defesa, Léo, o melhor em campo, passou para médio ala esquerdo e Simão, no intuito de explorar a sua velocidade, passou para o eixo do ataque encarnado.
Minutos depois terminava o jogo com a vitória justa da equipa do Benfica que, de certa forma, ainda ganha algumas esperanças na conquista do título nacional.

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