segunda-feira, novembro 05, 2007

OLHO CLÍNICO

EQUIPA DA SEMANA: ARSENAL (ver plantel aqui)



Que grande equipa tem este Arsenal. Tenho de confessar que depois do miserável campeonato feito pelos "gunners" na época passada e com a venda, neste Verão, de Thierry Henry para o Barcelona, fui daqueles que desconfiou do valor desta equipa e, por conseguinte, longe de mim pensar que Wenger conseguisse, esta temporada, lutar com Manchester United, Chelsea e até o Liverpool pela Premiership. Ora, disse isto antes de conhecer alguns dos jovens valores que têm feito maravilhas neste inicio de temporada ao serviço do clube londrino. Hoje em dia, a minha opinião é totalmente diferente. O Arsenal, com uma mescla de jovens com jogadores experientes e já habituados à duríssima liga inglesa, tem, definitivamente, capacidade para ombrear com os demais candidatos. Na qualidade de adepto do Manchester United, espero sinceramente que o Arsenal dê tanto ou mais espectáculo que os "red devils" mas que, nem que seja por um pontinho, deixe fugir novamente o título para Old Trafford.

A CHAVE: Arséne Wenger

Antes de mais, tenho de destacar quem comanda esta equipa. Todo o mérito para Wenger que tem, ano após ano, mostrado trabalho. Atenção, às vezes a qualidade de um treinador não é demonstrada unicamente através da conquista de títulos. É lógico que os melhores destinguem-se pelo curriculum mas, a meu ver, há pormenores extra-títulos que devemos ter em conta. Wenger não tem, de facto, sido muito feliz no que à Premiership diz respeito mas, ainda assim, tem construído uma equipa que, já o mostrou, é capaz de se bater e dar espectáculo seja em que campo for. Nos últimos dois anos, apesar de ter alcançado a final da Liga dos Campeões, faltou regularidade às exibições desta equipa. Este ano, com jogadores jovens mas mais maduros e habituados a jogar na liga e na champions, o Arsenal tem dado espectáculo e, muito importante, vem revelando uma enorme regularidade.
Tudo isto é obra do técnico francês que é a antitese de, por exemplo, Luis Felipe Scolari. Wenger não é fã do meio-a-zero e gosta de ganhar dando espectáculo e mostrando um futebol harmonioso e totalmente virado para o ataque. Para poder ter um futebol atractivo, nada melhor que contratar jovens talentosos, com grande futuro, margem de progressão e, mais importante que tudo, ambiciosos e cheios de vontade em conquistar títulos. O facto de conhecer muito bem a escola francesa, é, indubitavelmente, um trunfo.

FUTURO SALVAGUARDADO

Como se pode explicar que a equipa do Arsenal tenha melhorado mesmo após a saída da sua principal estrela? pois, é óbvio que ninguém sabe como seria este Arsenal com Henry. O que é certo é que o Arsenal desta época vale essencialmente pelo seu todo e tem revelado um incrivel espírito colectivo. Se perguntarmos a vários adeptos quem é a grande figura do Arsenal, dificilmente vamos ter uma resposta comum. Uns certamente inclinar-se-ão para Van Persie, outros para Fabregas, Gallas, Rosicky...enfim... Nõ há efectivamente uma grande figura nesta equipa e isso, pelo menos até ver, tem sido excelente. O balneário deve ser bastante unido, os jogadores respeitam-se e querem sobretudo aprender mais e mais com Wenger para, quem sabe já este ano, ganharem títulos e a tão desejada notoriedade que Henrys e companhias já têm.
Assim sendo, podemos facilmente constatar que, mesmo sem Henry e Julio Baptista, o Arsenal tem já, hoje por hoje, uma grande equipa. Com jogadores jovens e da categoria de Sagna (24 anos), Clichy (22), Fabregas (20), Diaby (21), Denilson (19), Walcott (18), Bendtner (19), Eduardo da Silva (24), Diarra (22), Flamini (23), Van Persie (24) ou Eboué (24), não tenho dúvidas que, nos próximos anos, vamos ter um super Arsenal a dar cartas ao nível interno e externo.

O ESQUEMA



Tenho a dizer-vos que, nos meus tempos de futebolista, durante uma temporada tive O PRAZER de jogar exactamente com esta táctica. A título de curiosidade, no meu primeiro ano de sénior, joguei ao serviço dos Marrazes (pertencente ao distrito de Leiria) precisamente neste sistema com um médio defensivo, um puro ala direito, um médio box-to-box (no gráfico é Fabregas) e dois médios de ataque que estando no meio, apareciam na esquerda sem, no fundo, serem verdadeiros alas. Ora, esta maneira pouco normal de jogar tinha grandes vantagens já que o meio-campo, zona nevrálgica do terreno, tinha sempre muitas unidades e, consequentemente, criava muitas dificuldades ao adversário ao nível da marcação. Neste caso específico, estamos a falar do Arsenal que tem jogadores rápidos, móveis e bastante técnicistas (Hleb, Van Persie e Rosicky) que são capazes de baralhar por completo a estrutura defensiva do adversário.

Numa breve pincelada em relação aos jogadores que coloquei no gráfico, creio que são precisamente os melhores jogadores para este sistema:

Começando pela frente, Adebayor é, sem dúvida, o melhor atacante da equipa e o que mais bem se enquadra neste sistema. É batalhador, muito forte fisicamente e tem a particularidade de ser bastante rápido (faz lembrar o Yekini do Setúbal), algo que é excelente para jogadores com as características de Fabregas, Rosicky e Van Persie, todos eles eximios no último passe.
Wenger tem ainda à sua disposição para o eixo de ataque Bendtner e Eduardo da Silva. Bendtner é um jogador forte fisicamente, muito bom a jogar de cabeça mas algo lento. Pessoalmente prefiro o número "9" Eduardo, um brasileiro naturalizado croata detentor de um pé esquerdo fabuloso. É daqueles que, pelo toque de bola, não engana.


No que ao meio-campo diz respeito, são muitas as opções de Wenger. Para trincos temos o experiente Gilberto Silva, jogador muito importante na manobra da equipa não só pela sua qualidade futebolística como também pela experiência que dá à equipa; temos também Diaby, um sósia de Patrick Vieira que tem a particularidade de também conseguir jogar em terrenos mais adiantados (tem uma poderosa meia-distância); uma outra opção válida é Flamini, um jogador de grande qualidade, não tão forte fisicamente como os outros dois mas mais capaz na construção de jogo. Flamini tem ainda a particularidade de poder jogar nas laterais.


Como médio box-to-box, temos Fabregas e Denilson. O brasileiro é um jogador de grande qualidade e é muito parecido com o espanhol. No entanto, Cesc é dono e senhor do lugar e dá a este Arsenal uma qualidade extra. É dos indiscutiveis de Wenger e, em termos de importância na equipa, está para os "gunners" como Moutinho para o Sporting.

Nos outros três lugares que completam o meio-campo é onde Wenger faz mais a chamada rotação da equipa. No flanco direito, Eboué joga lá contra equipas mais fortes, Walcott ou até Van Persie assumem em jogos onde a equipa é claramente favorita.

Em termos centrais do terreno, Wenger pode dar-se ao luxo de fazer o que bem entende. Tanto pode optar por aquela situação de dois médios de ataque como expliquei anteriormente; pode também utilizar Van Persie como ala e aí o Arsenal joga mais próximo do 4-3-3; pode também jogar com o holandês ou até Eduardo da Silva na frente e, nesse caso, o 4-3-3 passa a uma espécie de 4-4-2; são efectivamente muitas as soluções que o técnico francês tem à sua disposição.

Em termos defensivos, nota de maior destaque para o facto de Gallas ser, esta temporada, muito mais central do que lateral esquerdo. Nesse sentido, Clichy ou Gibbs assumem a faixa esquerda.
Se Touré é já um nosso conhecido, que dizer do lateral direito desta equipa, um tal de Bakari Sagna, jogador que actuava ao serviço do Auxerre. Que bela descoberta (mais uma!) fez Arsène Wenger. Muito bom a defender, Sagna, um pouco à imagem de Éboué, consegue facilmente subir no terreno e integrar as acções de ataque da equipa. Ao contrário de Luis Filipe, este jovem é bom a tirar cruzamentos o que faz de Sagna uma mais valia não só pelo que defende mas também pela forma como ajuda o ataque.

NOTAS FINAIS:

Pelo exposto, estou em crer que este ano o Arsenal poderá ter uma palavra a dizer em termos de campeonato e de liga dos campeões. A equipa, apesar de ser jovem, revela uma maturidade fora do vulgar. Depois, Wenger tem a seu favor o facto de possuir um plantel em que poucos são aqueles que já saborearam um título importante. A isto, se acrescentarmos o facto de juventude significar maior capacidade sob ponto de vista físico, então, poderemos ter aqui uma equipa combativa e profundamente regular.
A ver vamos se, quando a fase menos boa aparecer - recordo que o Arsenal ainda não perdeu esta época em jogos oficiais -, os jovens jogadores dos "gunners" são capazes de dar a volta por cima.

3 comentários:

Anónimo disse...

venho aqui expressar a minha alegria de ver finalmente o paulo duarte na rua.. agora sim, é possivel alcançar as vitórias.. já agora para ser perfeito era porem um capitão de equipa. 0 leiria é a única equipa da liga que joga sem capitão...

sergio gouveia

Anónimo disse...

Rocha penso q nao t referist aos guarda redes... na minha modesta opiniao penso q sera mesmo o posto mais fraco desta equipa do Arsenal, senao vejamos:

LEHMANN - penso q ja estara numa fase descendente da carreira, e que nao tera a qualidade necessaria para esta equipa

ALMUNIA - neste momento o titular e, embora nao o conheço mt bem, nao me parece q seja o ideal, se bem que nao tenho estado mal este ano...

FABIANSKI (será?) - Parece que é miudo e q tem boa margem de progressao, a seguir....

Espero por uma resposta Rocha ou Xemeco....

Abraços

Unknown disse...

João, é sempre bom ver-te no espaço de comentários porque sempre que apareces trazes algo pertinente para falarmos. De facto, não falei dos guarda-redes do Arsenal mas também não há muito para dizer. Estou totalmente de acordo contigo. O Lehmann não tem, neste momento (e se calhar nunca teve), capacidade para defender as redes desta grande equipa - isto já para não falar do terrível feitio deste alemão -; o Almunia, actualmente o titular, é muito fraquinho de facto; o Fabianski é uma aposta de futuro (tem apenas 22 anos) e terá ainda muito que aprender até "calçar" numa equipa deste calibre.
Obviamente que estou de acordo contigo quando te referes a este posto específico como o mais fraco desta equipa.

Amigo Sérgio, logicamente que era inevitável a saída do Paulo Duarte. Os resultados assim o ditaram. Gostaria muito de ver em Leiria o Manuel Machado ou então o regresso do Vitor Manuel. Vamos aguardar para ver...