ANGOLA AMIGA

Reconhecem o número "10" angolano? Sim, esse mesmo: Zuela. Há 10 anos atrás, jogava comigo nas camadas jovens da União de Leiria. Parceiros de turma na escola, o meu amigo dizia-me claramente que não queria estudar porque a sua intuição dizia-lhe que havia nascido para ser jogador de futebol. Humilde e trabalhador por natureza, cedo procurou o seu sonho. Vê-lo ontem na televisão, a representar a sua selecção, deixou-me orgulhoso. Por um dia vesti as cores angolanas e desejei ardentemente que os "palancas" triunfassem. O que depois aconteceu creio que já todos sabemos. É daqueles jogos incríveis e que ficam na memória do adepto para sempre. Este, por tudo e mais alguma coisa, ficará gravado na minha cabeça por muitos anos.

Importa ainda dizer que Zuela começou como avançado nas escolas da União de Leiria - estranho vê-lo ontem como defesa central -. Foi recuando até que chegou aos Juniores como médio centro. Na transição para os séniores, passou a jogar como trinco e aí ficou até aos tempos do Xanthi, na Grécia. Pelo meio, representou clubes como a Académica (recordo-me de um jogo em Coimbra para a taça onde foi titular contra o Benfica) e o Santa Clara. Hoje é jogador do Krasnodar da Rússia mas, confesso, perdi-lhe o rasto. Desejo-lhe o melhor para ele e para a sua selecção. Não terão os mesmos argumentos que Costa do Marfim, Gana ou Camarões mas, creio eu, têm condições para, na qualidade de anfitriões, irem longe na prova.

PS: Feliz é o seleccionador que se dá ao luxo de deixar no banco Seidou Keita, médio do Barcelona. Felizmente para ele e para o Mali, este jogador entrou à meia hora de jogo (mais coisa menos coisa) e empurrou a sua equipa para um empate histórico (marcou dois golos, o último já em periodo de descontos).