Passo importante

É engraçado que sofri muito mais a ver o jogo do Porto (só vi a 2ª parte) do que propriamente o Benfica e isso diz bem da facilidade com que os encarnados se desenvencilharam do seu opositor. Não estou com isto a dizer que tudo foram rosas mas a concentração, determinação e vontade com que os de Jesus abraçaram este difícil desafio cedo deixaram antever uma vitória.

Contrariamente ao defendido por Freitas Lobo (e normalmente até estou de acordo com ele), não acho que tenhamos tido um super Vitória. Sim, é verdade que na primeira meia-hora mostraram boa circulação de bola e algumas boas ideias ofensivas (até tremo quando sei que o melhor jogador do adversário actua a extremo esquerdo) mas quem defende da forma que o Guimarães defendeu, mais cedo ou mais tarde toma um golo. Jogar em linha contra um clube grande é um autêntico suicídio. O Benfica, mesmo tendo entrado em jogo de forma timida, teve, antes do seu primeiro golo, um grande número de situações (não propriamente ocasiões) para abrir o marcador. Recordo-me de um ou dois fora-de-jogos mal tirados, um remate de Jardel de cabeça completamente à-vontade ou até dois cruzamentos para área onde jogadores do Benfica (Gaitán primeiro, Cardozo depois) apareceram compleamente sozinhos para cabecear, isto porque a defesa do Vitória procurava subir imediatamente mal o Benfica passava o meio-campo.

E foi, portanto, sem qualquer surpresa, que o Benfica chegou ao golo, isto depois de ter conseguido fugir à armadilha do fora-de-jogo. Sentia-se que era uma questão de tempo até uma das bolas apanhar livre um dos avançados. E é curioso que, esse tipo de sistema defensivo, acabou por beneficiar a inclusão de Nico Gaitán em detrimento de Ola John. Com a sua capacidade em fazer de terceiro médio e a sua qualidade no último passe, a equipa só ganhou com a sua titularidade. 

Acabaram por ser quatro golos sem resposta, numa exibição personalizada e a mostrar que esta equipa está bem e recomenda-se. Se houve jogos em que a equipa teve estrelinha de campeão, pois desta feita diria que teve estofo. E quando se tem esses dois factores a juntar à qualidade individual e colectiva, pois tem-se quase tudo o que é necessário para se ser campeão. Faltam 7 finais, ainda há muito caminho para trilhar mas, a missão, essa, ficou, depois desta ronda, ligeiramente mais facilitada.

DESTAQUES:

MVP: Nico Gaitán. Classe pura na cidade do berço. É um jogador muito diferente de Ola John e as suas características, em determinados jogos, são fundamentais. Não havendo Aimar em campo, Nico é aquele que tem melhor capacidade em ler o jogo e "rasgar" toda uma defesa. Fê-lo de forma extraordinária e terminou a semana em grande já que também se exibiu muito bem em Bordéus.

Garay. Mais do que o golo, a sua tranquilidade na forma como apaga fogos é contagiante. Pessoalmente gostaria de o ver mais vezes a actuar no lado direito da defesa já que, infelizmente, o lateral direito é um autêntico passador a defender. 

PS: Lamentável o ambiente selvagem criado pelos adeptos do Vitória. Longe de mim querer entrar na guerra norte vs sul, mas a verdade é que, se não tenho quaisquer tipo de problemas em ir a estádios de Aveiro para baixo, o mesmo já não posso dizer quando vamos mais acima. Triste cenário que se repudia, obviamente.