segunda-feira, setembro 21, 2009

BENFICA PASSA À JUSTA EM LEIRIA



U.LEIRIA 1-2 BENFICA
(David Luiz p.b; Saviola, Cardozo g.p)



Sob ponto de vista da emoção e da imprevisibilidade no marcador, os cerca de 23 mil espectadores que assistiram à partida ao vivo não deram, seguramente, por mal empregue o seu tempo já que, muito por culpa dos da casa que se bateram de uma forma fantástica, sentiram, a dada altura, que a vitória poderia pender para qualquer lado. Naturalmente que o Benfica foi mais dominador - mesmo com um ritmo mais baixo do habitual e com jogadores importantes longe do seu melhor - e esteve sempre mais perto da baliza adversária mas a União de Leiria, explorando o contra-ataque e o adiantamento da linha defensiva encarnada, procurou, de quando em vez, o golo que lhe permitiria somar os três pontos e escandalizar o país.
Pelo mérito que teve em anular quase em toda a linha o ataque do Benfica (basta ver que o Leiria só sofreu golos de bola parada), pela forma como não recorreu ao anti-jogo e, quanto a mim, pela inteligência com que tacticamente abordou o jogo tentando ganhar a partida com as armas possíveis frente a este fortíssimo Benfica, diria que é justo começar a análise a esta partida destacando a postura da equipa leiriense, entaltecendo, claro está, a forma hábil e astuta com que Manuel Fernandes soube estudar o jogo e colocar as suas peças em campo. Pelo exposto, talvez o empate fosse um prémio justo por aquilo que os leirienses fizeram.

Creio que seria erróneo dizer-mos que o Benfica jogou mal e que pouco ou nada fez para merecer o triunfo. É verdade que houve poucas ocasiões de golo (a melhor até terá pertencido a Kalaba no segundo tempo) mas, desde o primeiro minuto, foi o Benfica quem tentou assumir as rédeas do jogo. É certo que desta vez não massacrou o adversário mas fez uma abordagem inteligente à partida mediante as circunstâncias. Passo a explicar:

1. A pressão alta. Pudemos constatar neste jogo que o Benfica não foi aquela equipa pressionante que o foi, por exemplo, contra Setúbal ou Belenenses. Quanto a mim, bem. Jorge Jesus sentiu que em virtude do compromisso europeu a meio da semana, os seus jogadores não estariam na plenitude dos seus recursos. Nesse sentido, seria importante baixar o ritmo para as pilhas durarem mais tempo. O golo madrugador foi muito bom para a estratégia de Jorge Jesus mas o auto-golo obrigou o Benfica a ter novamente de correr atrás do prejuízo. Nunca houve a tal pressão altíssima na tentativa de sufocar o opositor mas houve sempre serenidade, paciência e tranquilidade nos jogadores mais avançados do Benfica. O mérito da equipa de Jesus neste jogo foi mesmo esse: nunca se desequilibrou mentalmente.

2. Outra das circunstâncias que condicionou o jogo dos lisboetas foi a forma organizada com que o Leiria se mostrou. A táctica apresentada (5x2x2x1) resultou na plenitude. Os três centrais seguravam Keirrison (ontem no lugar de Cardozo que sentira um toque no pé esquerdo sendo, por isso, poupado) e Saviola; os laterais encostavam em Di Maria e Ramires; no meio-campo, André Santos (extraordinário jogo deste médio cedido pelo Sporting), sempre com a companhia de Marco Soares, vigiou com grande sucesso os movimentos de Pablo Aimar; Pateiro (a par de André Santos, o melhor do Leiria) e Silas, usando da sua capacidade técnica e qualidade no transporte de bola, eram as unidades que tentavam sair para o ataque procurando alimentar o goleador Carlão. Apesar dos cinco defesas e dos dois trincos, não tivemos um camião à frente da baliza de Djuricic. Obviamente que o Leiria defendeu mais mas, tal como já referi, nunca se mostrou demasiadamente encolhido no terreno de jogo.

3. O terreno de jogo. Pode parecer um pormenor sem grande importância mas as péssimas condições do relvado prejudicaram o futebol ofensivo dos "encarnados". Naturalmente que o mesmo era igual para as duas equipas mas, valha a verdade, não foi favorável ao estilo de jogo que o Benfica por norma utiliza. Aquelas jogadas de pé para pé com a bola colada ao relvado raramente resultaram. Para além das fortes marcações dos leirienses, jogadores como Ramires, Aimar ou Di Maria tiveram sempre muitos problemas em conseguir recepcionar o esférico. Quem como eu esteve no estádio pôde verificar neste pequeno-grande pormenor.

Com maior ou menor dificuldade, o certo é que o Benfica conseguiu mais um importante triunfo fora de casa e segue na segunda posição a dois pontos do sensacional Braga que, brilhantemente, leva 5 vitórias em 5 partidas sendo que já jogou em casa com o Porto e em Alvalade.
Se me permitem, gostaria de salientar a enorme partida de JAVI GARCIA, para mim, o melhor jogador em campo. É um jogador fabuloso, daqueles que faz as equipas ganhar campeonatos. O entendimento com David Luiz (apesar do auto-golo, um grande jogo do central) é fantástico já que permite ao brasileiro aquelas arrancadas deste trás, uma vez que baixa para o lado de Luisão sempre que isso acontece. Recorrendo ou não à falta, consegue ter a capacidade para parar mais de metade do jogo ofensivo do opositor. Excelente no jogo aéreo, inteligente na forma como não inventa depois de recuperar a bola, é um jogador essencial neste Benfica de Jorge Jesus. Uma enorme exibição deste espanhol.

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