quarta-feira, outubro 23, 2013

E O TALENTO?

Vi o jogo do Porto frente ao Zenit. De facto, o resultado não traduz aquilo que se passou em campo. A equipa portista, mesmo com 10 unidades, nunca pareceu ter o jogo descontrolado e até teve mais posse de bola. As oportunidades foram repartidas e, por conseguinte, creio que o empate seria o desfecho mais ajustado. Assim não foi porque do outro lado estava não só o instinto matador de Kerzhakov como também um senhor jogador chamado Hulk que, praticamente sozinho, batalhou contra toda uma defesa portista.

Se do lado russo destaquei o "incrível", do lado português tenho de salientar as exibições monstruosas de Helton e Fernando. Sobre o keeper, mais uma vez demonstrou o que quer dizer a expressão "ter um guarda-redes que dá pontos". Aquela defesa no "1-para-1" com Hulk (um pouco a fazer lembrar outra com Cardozo) diz bem da sua importância e categoria. Não só nesse lance mas também em outros, simplesmente fantástico.
Relativamente a Fernando, não há muito a dizer. Mais uma vez mostrou toda a sua categoria na recuperação de bolas. Para mim, seria titular de caras na selecção brasileira. Um monstro naquele meio-campo.

Tudo bem que a equipa foi gigante, correu que se fartou, não merecia tantos azares (expulsão prematura, bolas no poste e na barra, golo a acabar...) mas aquilo que me apraz registar, uma vez mais, quando olho para esta equipa do Porto é a gritante falta de talento nos seus interpretes. Josué tem boa qualidade de passe mas não é forte nas acções individuais e não desequilibra através da sua capacidade técnica (muito parecido com David Simão); Varela tem um bom pontapé e é forte fisicamente mas falta-lhe qualquer coisa; Licá e Ricardo são rápidos mas não me parece que consigam tirar "coelhos da cartola" com regularidade; e no meio-campo, dos habituais titulares, só Lucho consegue oferecer algo de novo e de diferente ao jogo.

Isto tudo leva-me à questão Quintero, o único jogador verdadeiramente capaz de desequilibrar e de espalhar magia para os lados do dragão. Se repararem, nesta última década, o formato do Porto foi sempre este (o 4x3x3), com jogadores de trabalho, um grande finalizador e um maestro ou alguém capaz de fazer a diferença. Vimos Deco, Hulk e James. Este ano, vejo Quintero como o jogador ideal para fazer esse papel. E não me venham com a questão da idade ou da adaptação. Um atleta desta categoria tem de jogar sempre. Com ele em campo, o Porto estará sempre mais perto do golo. Como estará o Benfica com Gaitán, por exemplo. 

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