segunda-feira, março 10, 2014

GRANDE VITÓRIA


Não há dúvida que os jogos à tarde têm outro sabor. Traz mais gente ao estádio, a temperatura e o ambiente são bem mais agradáveis e isso tudo junto transmite à equipa uma força extra que, nomeadamente nesta fase da temporada, pode revelar-se decisiva. Se há um aspecto positivo da saída do Benfica da Olivedesportos é este: capacidade em definir a hora dos jogos na qualidade de visitado.

Sobre o jogo. Dizia a semana passada que era importante controlar as partidas mas com alguma objectividade. Precisamente o que se fez neste encontro. Entrada altiva e determinada, procura do golo da tranquilidade e depois gestão do esforço mas tentando jogar quase sempre no meio-campo adversário. Mais do que o triunfo, os jogadores encarnados tinham essa necessidade de demonstrar aos adeptos que as últimas vitórias não tinham sido "coladas a cuspo".  E fizeram-no muito bem, isto perante um Estoril que francamente aprecio. É verdade que não foram muito perigosos em termos ofensivos (sentiram-se as ausências de Sebá e Carlitos) mas a tentativa de pressionarem alto, a qualidade ao nível da posse de bola e a preocupação em jogar com linhas adiantadas é demonstrativo da excelência no trabalho de Marco Silva. Repito, só não tivemos mais Estoril porque do outro lado esteve um grande Benfica.

Destaques:

MVP: Fejsa. Difícil escolher a figura quando temos tantos elementos a apresentarem um bom nível. Fico-me pelo sérvio, particularmente pelo facto de ter levado amarelo tão cedo e tal não o ter condicionado minimamente. Foi guerreiro, recuperou inúmeras bolas e mostrou, uma vez mais, simplicidade no passe. Está aqui um dos segredos para a famosa produção defensiva que a equipa vem revelando nestes últimos tempos. E se me permitem, mais um para o rol de méritos de Jorge Jesus. Quando muita gente pensava que ia ser o fim com a venda de Matic...

Rodrigo: grande jogo. Marcou (poderia até ter bisado), deu-se muito à partida, fez alguns passes de ruptura e aparentou viver um bom momento sob ponto de vista físico. Aquela arrancada desde o meio-campo é exemplo disso mesmo. Um dos grandes lances da tarde.

Nico Gaitán. Deu o estouro a meio do segundo tempo, isto porque fez uma primeira parte estonteante. Fartou-se de correr, quer na recuperação quer nas habituais arrancadas para o ataque. Está em grande forma e ultimamente tem deixado pormenores que, por si só, valem o bilhete dos adeptos. Será criminoso se Maxi Rodriguez ocupar a vaga do Nico para o mundial.

Luisão. Claramente a sua melhor época de sempre. Sinceramente, não me lembro de um erro grosseiro da sua parte nesta temporada. Desta feita apimentou a sua exibição com um golo. 

Siqueira. Talvez o melhor jogo do brasileiro desde que chegou ao clube. Muito assertivo a defender e extraordinariamente venenoso a atacar. Esteve no segundo golo mas não se ficou por aí. Revela um excelente entendimento com Gaitán.

E pronto, mais um triunfo, mais uma ronda sem sofrer golos e mais uma prova inequívoca da competência de todo o elenco. Ainda há muito trabalho pela frente - as próximas duas deslocações serão decisivas - e há que continuar com este espírito. Irei dedicar um post especial a este senhor mas aqui fica já um sublinhado ao magnífico trabalho que, mais uma vez, Jorge Jesus está a desenvolver. Parabéns também a Luis Filipe Vieira por, contra a opinião de muita gente, ter mantido aquele que é, para mim, o melhor treinador do Benfica dos últimos 20 anos.

2 comentários:

doc disse...

Subscrevo na íntegra! É impressionante como o Estoril sem conseguir realizar uma exibição ao nível que nos habituou (por não ter argumentos perante um Benfica inspirado) é uma equipa que se estende em campo, joga o jogo pelo jogo e inclusive cometeu a ousadia de fazer pressão em bloco logo no meio campo do Benfica. Seria impensável ver qualquer outra equipa que não os grandes a fazer isto no Estádio da Luz. Apesar de não ter surtido efeito neste jogo (e ainda bem) há que dar mérito ao treinador do Estoril pela forma como coloca a equipa jogar. Faz lembrar a Premier League em que é possível ver uma equipa do fundo da tabela a ir jogar a casa de um dos líderes de igual para igual. Em relação ao JJ, eu também concordo, embora seja uma opinião discutível. Ao pessoal com quem costumo discutir os temas da bola eu gosto de lembrar (e o problema é que as memórias tendem a ser curtas) o desinteresse e a ausência de ideias e de fio de jogo que pautava o futebol do Benfica no tempo dos Koeman's, Quique's e companhia...

Unknown disse...

Estou de acordo com tudo o que disseste. Não tenhas dúvidas de que são os treinadores os principais responsáveis pela mentalidade pequenina da maioria dos nossos clubes. Para além deste exemplo do Estoril tens o caso do professor Manuel Machado. Por todo o sitio onde passa mostra trabalho e as suas equipas fazem quase sempre frente aos grandes. Tem tudo a ver com a mentalidade. E sabes onde é que também detectas a falta de qualidade e de ambição em alguns técnicos do nosso futebol? No discurso e na maneira de ver o jogo, isto quando são convidados ou comentadores desportivos. E tens tantos. Calisto, Tulipa, Diamantino, Litos, José Mota, Luis Campos, Azenha, Pacheco, etc, etc...

Felizmente que também existe boa matéria prima. E cada vez mais são os mais novos a dar o exemplo. Marco Silva, Rui Vitória ou o Villas Boas...

Brevemente trarei à baila um post sobre o nosso JJ e aquilo que er o Benfica antes dele (isto porque há muita gente com memória curta).

Um abraço