terça-feira, maio 27, 2008

EM ANÁLISE: TURQUIA



Tive a oportunidade de assistir este fim-de-semana ao encontro amigável entre a Turquia e o Uruguai. Creio que foi a primeira vez que vi com atenção estes turcos neste ano de 2008 e, para ser sincero, reforçei a minha ideia de que esta equipa turca está perfeitamente ao alcance da nossa selecção. Mesmo tratando-se de um jogo amistoso, a verdade é que as fragilidades defensivas desta Turquia são preocupantes numa altura em que já estamos tão perto do Euro2008.

Na baliza, jogou Volkan Demirel, guarda-redes do Fenerbahce. Não sei se Fatih Terim vai apostar na juventude de Demirel ou na experiência de Rustu mas, caso seja no primeiro, Portugal poderá aproveitar já que Demirel está longe de ser um guarda-redes seguro. Parece-me ser um guarda-redes muito inconstante ao longo dos 90 minutos e tem a particularidade de ser péssimo a sair-se aos cruzamentos. Tendo em linha de conta que Rustu nunca foi "grande espingarda", está aqui uma nota extremamente positiva para a nossa selecção.

Continuando pela zona defensiva, fiquei mesmo com a impressão que estamos perante a zona mais frágil desta selecção, sobretudo na zona central. Não sei se foi ou não um jogo menos conseguido por parte do sector recuado dos turcos mas a verdade é que o Uruguai teve muitas ocasiões de golo e muito espaço no último terço do terreno.

Ao nível do meio-campo, denota-se, desde logo, maior qualidade. Contudo, parece-me que falta alguma capacidade física e também alguma capacidade de choque a esta zona intermédia. Os bem conhecidos Emre e Basturk dão muita qualidade a este meio-campo mas são jogadores habituados unicamente a jogar com bola; já Kazim Kazim, não tão conhecido, é o médio de ligação ao ataque e poderá ser uma das revelações deste campeonato da Europa. Como contra, no que toca a defender, não trazem grandes benefícios à equipa. É Arda Turam, médio do Galatasaray, que aporta alguma qualidade em termos defensivos, sendo que não é um puro trinco. Ainda assim, no meio-campo, Terim tem razões para sorrir já que tem jogadores de qualidade - não esquecer os manos Haltintop que também podem jogar nas alas e já mostraram à Europa toda a sua qualidade -.

É, no entanto, na frente de ataque que está o maior destaque desta selecção turca: Nihat Kahveci, avançado do Villarreal. Muita atenção a este jogador que causa muitas dificuldades aos defesas adversários, principalmente pelo facto de nunca estar quieto. Aliás, é essa mobilidade que garante a Nihat muitos e bons golos quer dentro da área quer fora desta onde explora muito bem a sua meia distância. Particular atenção para o facto de ser o marcador das bolas paradas da equipa, cantos incluídos.
Mas não é só de Nihat que vive o ataque turco. Não sei o que vai na cabeça de Terim para o encontro inaugural frente a Portugal mas o que é certo é que as opções para o ataque são muitas e de qualidade: Halil Altintop é um jogador que joga muitas vezes nessa posição; Karadeniz foi a grande revelação da Turquia no Europeu de sub-17 (Turquia perdeu nas meias-finais com a França, isto após marcação de g.p) e pode muito bem ser opção para as partes finais do jogo; Tuncay, avançado do Boro, é um jogador de grande qualidade e é já um atleta com nome na Europa; finalmente, Semih Senturk foi, juntamente com Deivid, a grande referência do ataque do Fenerbahce e quer fazer um grande campeonato da Europa para dar o salto para um grande europeu.
Em suma, apesar de alguns bons valores, estou em crer que é uma equipa muito inferior a Portugal. É importante que Portugal não deixe jogar os jogadores mais criativos do meio-campo turco e é essencial haver uma boa marcação a Nihat. Se isso for conseguido e se houver uma boa dinâmica em termos ofensivos, a vitória está perfeitamente ao alcance.

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