quarta-feira, maio 14, 2008

MUITO OBRIGADO MAESTRO







Tudo na vida tem um fim!
Tudo começou no Benfica, e tudo no Benfica acabou!
Rui Manuel César Costa nasceu a 29 de Março de 1972, em Lisboa, e iniciou a sua carreira de futebolista aos 10 anos, no Benfica. Foi muito fácil a decisão de Eusébio da Silva Ferreira quando, após 10 minutos de visionamento do "miúdo", declarou estupefacto: "Ei, miúdo, tu não precisas de treinar mais! Estás aprovado, e vais ficar!" Estava somente no início, toda uma carreira fabulosa, onde os números demonstram tudo aquilo que fez.
Percorreu todos os escalões mais jovens dos encarnados, e quando subiu a senior, foi emprestado à AD Fafe, para rodar e ganhar experiência. Como o o próprio afirmara mais tarde, foi um dos anos mais importantes da sua carreira, pois jogando num clube de menor nomeada, ganhou ritmo competitivo, adquiriu melhores condições físicas, e cresceu muito enquanto jogador e enquanto homem. Estava dado o passo para o trampolim, e na época seguinte regressava à Luz, para tentar mostrar o seu valor. Foi precisamente o que aconteceu! Faria depois 3 épocas de águia ao peito, antes de ser "obrigado" a transferir-se para a Fiorentina, dada a grave crise financeira em que os encarnados tinham mergulhado. Na altura, o clube viola desembolsou, nada mais nada menos do que1,2 milhões de contos (cerca de 6 milhões de euros na moeda actual), o que, correndo o ano de 1994, era uma exorbitância. Mesmo em Itália, num campeonato muito competitivo e intenso, Rui Costa confirmou todas as suas qualidades, não defraudou em quem nele apostou, e tornou-se num ídolo dos adeptos e da cidade, ao ponto de ser apelidade de PRÍNCIPE DE FLORENÇA! Em todos os finais de época, o 10 era alvo de enorme cobiça dos gigantes europeus, mas foi ficando, perfazendo um total de 7 temporadas ao serviço da Fiorentina. Mas, ironicamente, no final da temporada 2000/2001, o clube viu-se, também ele, a contas com uma grave crise financeira, e era tempo de vender os activos mais valiosos, por forma a combater as gigantescas dívidas. Ora, claro está, Rui Costa foi um dos "escolhidos", e a dificuldade em transaccionar o seu passe foi nula. Perante dezenas de clubes interessados no internacional português, foram os euros do AC Milan que falaram mais alto, e perante uma proposta de 35 milhões, a resposta dos dirigentes viola foi peremptória: Vendido!
Chegava a altura de vestir a camisola de um dos melhores clubes do Mundo, e Rui Costa voltou a demonstrar porque era considerado, época após época, um dos melhores jogadores da Europa e do Mundo. Dos seus pés saía pura magia, e não demorou muito até conhecer novo apelido, desta feita dos adeptos rossoneri: MÁGICO DE MILÃO! Era esta a forma que a torcida milanesa encontrava para retribuír toda a classe que Rui Costa oferecia ao futebol. Depois de muitos anos por terras transalpinas, após muitos títulos conquistados, era chegada a hora de obedecer ao coração, e voltar ao seu clube de sempre, ao seu estádio de eleição, ao contacto directo com a sua gente, enfim... às suas raízes. No dia 25 de Maio de 2006, Rui Costa foi apresentado com jogador do Sport Lisboa e Benfica.
Voltava, segundo o próprio, para cumprir uma promessa consigo mesmo, acabar a carreira no clube do coração. Alinhou na temporada de 2006/2007, e na seguinte, 2007/2008, decidindo colocar o ponto final a uma carreira brilhante no final desta.
E ainda que a nível colectivo, a época tenha sido de pura frustração, o que mais podia pedir ou desejar Rui Costa, do que terminar a sua carreira com a camisola do Benfica, em pleno Estádio da Luz, praticamente cheio?
Estávamos no dia 11 de Maio de 2008. A Catedral, com cerca de 55000 espectadores, engalanou-se para homenagear o MAESTRO DA LUZ!
Por muito que tenha sido vista por milhares de pessoas através da televisão, só quem acompanhou "in loco" teve oportunidade de sentir a nostalgia, a tristeza, a alegria, o saudosismo, o amor... Enfim... Tantos adjectivos serviriam para qualificar o final de tarde/início de noite do último jogo do MAESTRO!
Por entre sorrisos e lágrimas, no meio de beijos e abraços, o jogo de futebol que se disputava não era mais do que secundário. Tudo estava concentrado na festa de despedida do RUI...
E foi bonita... Muito bonita!
A sua entrada em campo, para os exercícios de aquecimento foi feita ao som de "You're simply the best"! Durante o mesmo período, nos ecrãs gigantes do Estádio, passavam imagens da carreira de jogador, desde os seus tempos no Damaia Ginásio Clube. Por entre as imagens, podiam ver-se também, declarações de uma infinidade de pessoas ligadas à sua vida: os seus pais, filhos, amigos, colegas de profissão, treinadores, presidentes de clubes, enfim... Um conjunto de personalidades que de uma ou outra forma estavam ligadas ao Rui.
Antes do início da partida, e já com as equipas preparadas para a habitual saudação ao público, um gigantesco pano cobria uma das bancadas da Catedral, onde figurava Rui Costa, e um "Obrigado Rui 10"! Ainda antes do apito inicial, o presidente do Benfica, em pleno relvado, prestava homenagem ao jogador, bem como a Camara Municipal de Lisboa, através do seu presidente, que entregava a medalha de ouro da cidade, aprovada por unanimidade em Assembleia Municipal.
O Estádio da Luz, esse, de pé, aplaudia.
Durante todo o jogo, Rui Costa teve oportunidade de demonstrar pela última vez tudo aquilo que o elevou a patamares bem elevados ao longo da sua carreira. Uma palavra basta para o qualificar: CLASSE!
Chegava-se o momento...
O triste ou alegre momento...
Minuto 86, a placa indicativa de substituição era posta no ar, e a vermelho, erguia-se o número 10...
Rui Costa parou, no círculo central do meio campo, tirou a braçadeira de capitão, e chorou... Chorou como um menino. Toda a equipa se reuniu à sua volta, e foi abraçando um a um, todos os jogadores que estavam em campo. Nas bancadas, o sentimento era comum: a tristeza por ver partir um símbolo, era emanada por lágrimas... Muitas lágrimas!



Saiu do terreno de jogo, despiu a camisola, e ofereceu-a a quem mais direito tinha de a receber: o seu progenitor. Vitor Costa abraçou durante largos instantes o seu filho, e ambos derramavam lágrimas, de tristeza, mas ao mesmo tempo de muita alegria a orgulho. E para a família Costa ficar ainda mais completa, de imediato vieram os seus dois filhos, para mais um longo abraço! A partir daí, o jogo não mais interessava (se bem que o seu interesse tenha sido sempre secundário!), e até ao apito final do árbitro, muita gente não mais quis saber da redondinha. Faltava lá quem melhor sabia tratar dela, e por isso, era para fora das quatro linhas que todas as atenções estavam centradas. Confesso que não vi o terceiro golo...
Terminada a partida, tudo estava programado, ao mais ínfimo pormenor, para o último adeus ao menino que o antigo Estádio da Luz havia visto nascer. Desde a música, às imagens nos ecrãs, passando por todo um conjunto de mensagens expostas no Estádio, à volta de honra, que o Rui fez, distribuíndo centenas de camisolas aos adeptos, enfim... Naquele momento, tudo e quase nada, faziam sentido.
O último momento estava guardado para o centro do relvado, onde, largos minutos após o termo da partida, Rui Costa iniciava o seu discurso final. E por entre muitas coisas que disse, muitas lágrimas que derramou (várias vezes teve que interromper o seu discurso, devido à forte emoção), as últimas palavras foram, como o Rui havia sido, GENIAIS: "Obrigado! Muito obrigado a todos! Por tudo o que me ensinaram e proporcionaram. Termino aquilo que comecei aos nove anos, e muito feliz porque acabei onde comecei. No meio da tristeza de deixar de jogar futebol, fica a alegria de acabar desta maneira. ACABO NA MINHA CASA, NO MEIO DO MEU PÚBLICO, NO MEIO DA MINHA GENTE!"
O Estádio da Luz "veio abaixo". Palmas, muitas palmas... Vénias, muitas vénias... Lágrimas, muitas lágrimas!

Por tudo o que fez, pela qualidade do seu futebol, e pela ímpar maneira de ser, RUI COSTA sempre foi exemplar.
No meio de tantas saudações que recebi ao longo do dia de domingo, perante tantas coisas bonitas que li e ouvi, permitam-me que destaque uma, pequena mas MUITO GRANDE, que me chegou de um AMIGO DA E PARA A VIDA, que é, tão só, um grande sportinguista: "É UM SENHOR! TEM O NOSSO RESPEITO! ADEUS RUI"!
Chorei a ler... Voltei a ler, e voltei a chorar...

Como é bonito o reconhecimento mundial a um homem íntegro, a um jogador genial!

Muitas coisas foram escritas, mas muitas ficam por escrever...

Por tudo isto e muito mais, aqui presto a minha simples mas sentida homenagem, a um dos melhores jogadores de futebol que vi jogar em toda a minha vida!

A LUZ É A TUA CASA
OS BENFIQUISTAS A TUA GENTE
POR TUDO O QUE NOS DESTE
AGRADECEMOS-TE ETERNAMENTE


MUITO OBRIGADO RUI10COSTA


2 comentários:

Unknown disse...

É por este tipo de textos que não hesitei em contratar-te para o blog. Simplesmente fantástico. Obrigado por este bonito testemunho!!

Anónimo disse...

com tanto para dizer e com tao pouco para escrever...resta me dizer parabens Eduardo e Obrigado Rui!!!