quinta-feira, agosto 21, 2008

Amigável: Estreia de Queirós com goleada


Portugal 5-0 Ilhas Faroe
(Carlos Martins, Simão, Duda, Bruno Alves, Nani)




A estreia de Queirós no comando técnico da nossa selecção marca o regresso do blog após um período de férias. Para quem, como eu, esteve umas boas semanas sem ver futebol, nada melhor que regressar com um agradável jogo da nossa selecção, independentemente de sabermos que, do outro lado, estava uma equipa praticamente amadora.

Antes de mais, é sempre bom voltar a ver a nossa selecção ser treinada por um português. Então, treinada por Carlos Queirós, melhor ainda. Sinceramente, estava farto de Scolari. Para além de ser uma pessoa mal formada e mal educada, deixa muito a desejar como treinador ao nível técnico-táctico. Naturalmente que tem as suas qualidades mas os defeitos desse individuo são, para mim, intoleráveis para uma personagem que deveria defender os interesses de todos os portugueses. Ainda a respeito de Scolari, desejo-lhe a pior sorte do Mundo no Chelsea, isto mesmo sabendo que, mais uma vez, teve a felicidade de ver a sua vida facilitada pelo facto de haver dedo de Mourinho (tal como houve no Euro2004).

Falando objectivamente do presente e da selecção de Queirós, confesso que fiquei maravilhado com o que vi. As diferenças entre esta selecção e a selecção de Scolari são ou foram enormes. Sim, é verdade que foi contra uma equipa fraca que praticamente se limitou a defender. Contudo, quando digo que fiquei muito satisfeito com o que vi, não me refiro unica e exclusivamente ao resultado. Aliás, esse, no meu ver, é o que menos interessa dado à valia do opositor. Mas, ainda assim, não deixa de ser interessante ver que a nossa selecção voltou às goleadas, algo que praticamente não vi no tempo de Scolari. E se a isto juntarmos o facto de não ter havido Cristiano Ronaldo, creio que não é preciso dizer muito mais.

Em somente três dias à frente da selecção, Queirós conseguiu trazer muitas coisas que, infelizmente, não vimos no passado. A palavra que melhor define aquilo que o ex-adjunto de Ferguson fez nestes últimos dias é simples: TRABALHO. Sei que há muita gente que admira Scolari por tudo aquilo que o mesmo fez por Portugal. Agora, gostaria de ouvir alguém negar aquilo que passo a referir com toda a segurança e certeza: Scolari não mostrou rigorosamente nada nos "milhares" de jogos de preparação que fez. Recordo-me das boas prestações frente ao Brasil (talvez outros valores se tivessem levantado) e pouco mais. Está mal. Estes jogos, mesmo que contra equipas deste calibre, servem para muita coisa. Felizmente, Queirós é entendido na matéria e fez questão de nos mostrar pormenores que antes não nos foi possível verificar. Vamos por pontos:

1. O regresso de Quim à titularidade. Acabou-se a teimosia e isso é bom para todos nós. Neste momento, as redes nacionais deixaram de ser vistas como um problema.

2. Antunes como lateral esquerdo. Independentemente de não nutrir grande admiração por este jogador, creio que Queirós fez bem em testá-lo para ver aquilo que o mesmo pode trazer. Parece-me mais crescido mas ainda tem muito para crescer. Passou no teste.

3. Hugo Almeida na frente. Sempre defendi que se não fosse Cristiano Ronaldo, a aposta deveria fixar-se em Hugo Almeida, um jogador forte fisicamente e com argumentos dentro da área. Com os extremos que temos e com as constantes apostas na súbida de Bosingwa, é essencial termos um ponta de lança que dê seguimento aos lances quer no chão quer nas alturas. Parece-me que Hugo Almeida é uma boa solução.

4. O regresso de Manuel Fernandes. Eu sei que tem um feitio complicado mas a verdade é que é um jogador fabuloso. Defendi a sua chamada ao Europeu e, provavelmente, teria dado muito jeito, especialmente no jogo contra a Alemanha em que Moutinho se lesionou.

5. Vimos Fernandes no meio; vimos Carlos Martins (em grande forma); vimos Danny a fazer de Deco (boa ideia, o garoto tem valor); Almeida na frente; Duda como extremo esquerdo (um jogador diferente de Simão mas com experiência e com qualidade); Pepe a fazer de médio box-to-box (!); enfim, muitas experiências, algumas boas ideias e muitas elações positivas a retirar, ainda que com a subjectividade pelo facto do outro lado estar uma equipa fraquíssima.

6. Por último, a tal prova de que em dois ou três dias é suficiente para se mostrar que se trabalha: as bolas paradas. Com Scolari, tinhamos os cantos sempre marcados ao primeiro poste e sem qualquer tipo de perigo e os livres laterais eram sempre executados por Deco que, literalmente, enviava a bola para o "barulho". Agora, com Queirós, tivemos oportunidade de ver Simão a bater livres laterais "à Camacho", vimos um canto em que Deco bateu propositadamente para a entrada da área a solicitar o remate de Carlos Martins (deu golo no seguimento da mesma); vimos por exemplo uma outra situação em que Carlos Martins apareceu do nada no bico da área e jogou curto para Deco... ou seja, poucos dias mas já muitas pinceladas de Queirós nesta selecção.

Por tudo isto e muito mais, confesso que fiquei impressionado com o que vi, ainda por mais sabendo que estamos em plena pré-temporada e em que os jogadores não estão particularmente motivados em dar o máximo num jogo particular e frente a uma equipa que não tem a menor qualidade. As experiências foram muito boas, o resultado foi excelente, o grupo respondeu bem e, assim sendo, resta-me acreditar que finalmente vamos ter alguém que exprema ao máximo a valia dos nossos jogadores. Sim, eu sou daqueles que acredito que temos matéria para ombrear com qualquer selecção do Mundo. E acredito que Carlos Queirós, ao contrário de outros, não se dê por satisfeito por chegar a oitavos ou quartos de final de um Campeonato da Europa ou Mundial.

1 comentário:

Ricky_cord disse...

Nada de euforias. Portugal apenas cumpriu a sua obrigação e Malta, o primeiro adversário na fase de apuramento para o Mundial, deverá criar um pouco mais de dificuldades.