LIGA EUROPA

Antes de se tentar perceber o que falhou no jogo de ontem, importa reflectir sobre aquilo que verdadeiramente faltou à equipa do Benfica para superar o seu adversário. Na minha opinião, mais do que tentar analisar erros tácticos ou substituições mais ou menos tardias, importa olhar para a forma como foi feita a preparação de ambos os conjuntos para este duelo vermelho.

Analisando o último jogo de ambas as equipas, vimos um Liverpool a jogar no domingo a um ritmo baixo e com olhos postos no embate europeu. Benitez não utilizou Mascherano (o melhor elemento do Liverpool no jogo da primeira mão) e apenas deu 55 minutos de jogo a Torres, o melhor jogador da equipa. Já o Benfica, jogou a uma segunda-feira, vinha de uma série de jogos terrível, com um desgaste tremendo e, exceptuando Ramires e Martins, não pôde poupar mais ninguém. Não foi só este último jogo que fez a diferença mas podem crer que ajudou e muito a definir o vencedor desta eliminatória.

Pelo exposto, estou convicto que o que faltou a este Benfica para superar o Liverpool foi, efectivamente, estofo físico. Quer na primeira mão quer (a espaços) nesta segunda, o Benfica mostrou futebol para se bater taco-a-taco com o seu oponente. Tivesse Di Maria o pique de há dois meses atrás, estivesse Aimar em melhores condições físicas, houvesse em Martins e Ramires aquele habitual espírito guerreiro de disputar todos os lances como se fossem o último e estou convencido que ultrapassar um Liverpool dependente de Gerrard e Torres seria uma mera formalidade. Não se trata de arranjar desculpas, trata-se sim de analisar esta eliminatória no seu todo.

E é por isso que, pese embora a derrota (e pesada, diga-se), escrevo este texto com total tranquilidade. Faltaram "pernas" aos meninos de Jesus, porventura também terá faltado Saviola, mas... a identidade e a personalidade dos jogadores do Benfica estiveram sempre presentes em Anfield Road. Sofrer um golo de bola parada contra a corrente de jogo e três golos em contra-ataque fora de casa mostram que o adversário teve mérito mas também respeitou muito esta equipa do Benfica. Foi pena porque fiquei com a sensação que a história de 2006 podia ter voltado a repetir-se.

PS: Não falei da champions mas muito me apetecia escrever. Em primeiro lugar, Sneijder resolveu pelo Inter, Robben pelo Bayern. Mais uma demonstração de que o Real Madrid tem particular aptência para dar "tiros nos pés".
Quanto à desilusão Manchester United, espero que esta derrota mostre a Sir Alex Ferguson que precisa, com urgência, de ir ao mercado. É inconcebível colocar em campo um jogador lesionado num jogo desta importância. Além disso, uma equipa que quer ganhar uma champions não pode apresentar no onze nomes como Rafael, Gibson, Fletcher ou Valência. E assim se perde campeonato e champions numa semana.