ATÉ AO FIM

Arbitragens à parte, o Porto, mesmo longe do fulgor de outros tempos, mereceu vencer um Benfica ansioso e muito distante daquela excitante equipa que se apresentou ao longo da temporada. Como tal, diria que Jorge Jesus e companhia mereceram não se sagrar já campeões uma vez que, neste jogo em concreto, não fizeram o suficiente para lograr o pontinho que faltava.

O ambiente hostil, a arbitragem extremamente rigorosa de Olegário com inúmeros cartões amarelos ridículos a querer mostrar um autoritarismo exacerbado e a ansiedade do momento não podem servir de desculpa para o mau jogo da equipa "encarnada". Pelo que se viu do jogo, nem sequer tivemos um super Porto. Aliás, o Porto da primeira parte nunca teve um fio condutor no seu jogo e só de bola parada conseguiu incomodar o Benfica. Foi precisamente num desses lances que chegou à vantagem. Sem querer colocar em causa todo o trabalho feito pela comitiva encarnada ao longo da temporada, creio que faltou paixão e vontade de vencer o jogo. Sabendo da dificuldade que costuma ser jogar no dragão, me parece que a mensagem transmitida aos jogadores passou efectivamente pela conquista do tal ponto. Errado, do meu ponto de vista. Nervos à parte, a equipa do Benfica não foi pressionante e nunca conseguiu explorar as suas principais armas. Volto a repetir que os amarelos mostrados aos jogadores do Benfica retiraram intensidade a alguns atletas mas tal não explica tudo. Dizer também que Jesus não fez tudo no banco de suplentes para inverter o rumo dos acontecimentos. Na minha opinião, Cardozo e Martins tiveram demasiado tempo em campo, jogadores como Aimar ou Kardec deveriam ter entrado mais cedo no jogo. Uma equipa que está a um pequeno passo de ser campeã não pode, em situação de igualdade no resultado e vantagem numérica, sofrer dois golos.

Naturalmente que este desaire não coloca minimamente em risco o título do Benfica. Em casa, perante os seus adeptos, vai seguramente colocar um ponto final nas aspirações bracarenses. Mesmo com Airton, Peixoto e Weldon nos lugares de Javi, Coentrão e Di Maria, respectivamente, o Benfica vai vencer o jogo. Diria mesmo que, em último recurso, não o perderia. E diria mesmo, numa hipótese mais remota, que em caso de hecatombe encarnada, o Nacional daria uma ajudinha.