sexta-feira, agosto 20, 2010

BRAGA


Vi com muita atenção os dois últimos jogos do Braga (Portimonense e Sevilha). A ver pela amostra, me parece que este conjunto bracarense ainda está mais forte do que na temporada anterior. Basta dizer que, contrariamente ao ano passado, nestes dois jogos bracarenses, não me vieram os bocejos à boca e nem muito menos fiquei com a sensação de estar a ver um jogo de futebol por frete ou por não ter mais nada que fazer.

Já se sabia que o grande segredo de Domingos Paciência era a organização defensiva. Pese embora ter perdido João Pereira, Evaldo e Eduardo, acho que a equipa manteve essa coesão que lhe permite encaixar muitos poucos golos. Ficou provado neste jogo que até uma equipa da dimensão do Sevilha tem dificuldades em contrariar a teia montada pelos arsenalistas. Quanto aos reforços "lá para trás", ainda não consigo dizer muito sobre o guarda-redes Felipe (para já revela segurança e frieza) e, em relação ao lateral esquerdo nigeriano, fiquei com pior impressão depois de Jesus Navas ter feito o que quis neste último confronto europeu. Ainda assim, Elderson já mostrou noutros jogos o porquê de ter sido contratado.
Dizia eu que a grande força deste Braga é a sua organização defensiva. Neste capítulo, destaco três jogadores absolutamente fundamentais: Rodriguez, Moisés e Vandinho. O primeiro é forte na marcação e muito rápido na antecipação, o segundo é mais lento mas é fortíssimo no jogo aéreo (formam uma grande dupla) e, finalmente, Vandinho, é um trinco extraordinário que tem pilhas que nunca mais acabam e, à imagem de Javi Garcia ou Fernando, consegue perceber o momento em que a equipa fica desequilibrada para, com eficiência, remendar essa situação. Quando numa equipa se falam em estrelas, normalmente olha-se para os craques, os tecnicistas e os virtuosos. Neste Braga, olha-se para os operários que conseguem dar estrutura a uma equipa.

Se foi memorável o que se passou no Estádio AXA na passada quarta-feira, tal feito também se deveu a um jogador que, reconheço, não lhe via tanto potencial nos anos que teve na Madeira: Salino. Impressionante a sua capacidade física e vontade em estar sempre perto das duas áreas. Se lhe pudesse fazer uma justa comparação, compará-lo-ia a Ramires. Mais pequeno em tamanho, é certo, mas igualmente gigante na forma como nunca dá um lance por perdido. Quando Luis Aguiar estiver em forma, teremos um meio-campo do Braga fortíssimo - nesta altura já ninguém se deve lembrar de Hugo Viana -.

Que mais posso dizer deste Braga depois de ter conseguido jogar taco-a-taco contra uma das melhores equipas espanholas? É verdade que o Sevilha ainda está numa fase embrionária da sua preparação mas, não esquecer, foi a mesma equipa que venceu 3-1 o Barcelona dias antes do confronto europeu. Naturalmente que tais factos não fazem o Braga favorito para a segunda mão mas acredito que os sevilhanos terão de suar muito para ultrapassar esta teia montada por Domingos Paciência.

Uma palavra final para Matheus, Lima e Hélder Barbosa. Sobre Matheus, adoro ver uma equipa com jogadores rápidos na frente e que a qualquer momento podem fazer tremer uma defesa. É uma arma que, seguramente, vai ser explorada por Domingos. Na Champions, mais do que nunca, é necessário ter jogadores deste tipo porque contra as grandes equipas, torna-se difícil jogar em ataque continuado.
Quanto a Lima, acho que é mais um jogador de qualidade. Comparar este brasileiro a Meyong é como comparar um mini contra um golf. Estou convencido que vai fazer muitos golos em Braga, especialmente nos jogos em casa.
Em relação a Hélder Barbosa, confesso a minha surpresa pelo facto de não estar a jogar tanto como pensaria. Paulo César tem-se apresentado muito bem neste início de época mas, no meu entender, Barbosa é mais jogador e, penso eu, daria mais poder de fogo ao ataque bracarense.

PS: Sílvio provou, no segundo tempo frente ao Sevilha, que é mais jogador que Miguel Garcia. Mais cedo ou mais tarde, vai agarrar o lugar.

PS1: Quando assistirem a um jogo do Aston Villa, sigam com atenção o número 12, o jovem Albrighton.

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