terça-feira, agosto 24, 2010

INÍCIO TERRÍVEL DO CAMPEÃO



Apesar de algo desligado e distante do que se vai passando no campeonato português (estou no estrangeiro mas em breve terei net em casa e a oportunidade de começar a ver os jogos mais importantes do nosso futebol), tenho visto todos os jogos do Benfica. A última vez que havia escrito um post sobre o campeão em título foi após a derrota frente ao Porto, jogo da Supertaça. Como podem verificar, estava longe de imaginar que, depois dessa derrota e do anterior desaire frente ao Tottenham para a Eusébio Cup, se seguissem mais duas derrotas, agora para o campeonato. Sim, vão 4 derrotas consecutivas e, mais do que isso, uma sucessão de más exibições individuais e até colectivas. Muito sinceramente, até então (supertaça), não estava minimamente preocupado com a equipa, com o guarda-redes, com o treinador ou com a inquietude de alguns adeptos. Sim, estava algo perturbado pelo facto de haver duas posições (extremos) que ainda não tinham sido reforçadas (face às saídas de Di Maria e Ramires) a uma semana de começar o campeonato mas, ainda assim, confiava na capacidade de Jorge Jesus e nos jogadores que o mesmo tinha à disposição. Para não haver más interpretações, desde já digo que a confiança quer no técnico quer no plantel se mantêm.

O que se terá passado para tão má entrada no campeonato?

Aponto aqui algumas situações que todas somadas, talvez expliquem o problema:

1. Inevitavelmente Roberto. Eu que, por norma, desculpo tudo e mais alguma num guarda-redes, desta vez não posso tapar os olhos aos inumeros erros do espanhol. Revela alguma segurança em remates de longe e a baixa-média altura mas, em tudo o resto, é um desastre. Péssimo a sair entre os postes, mau na comunicação com os centrais, enfim, não dá mais. Nesta altura, parece-me difícil avançar para a contratação de um outro guarda-redes. Assim sendo, Moreira para a baliza.

2. Mesmo com o problema na baliza e nas alas, para mim o principal problema deste terrível início de época tem-se prendido em dois jogadores: Javi Garcia e principalmente Pablo Aimar. O espanhol tem estado muito abaixo daquilo que lhe vimos fazer na época passada. Lento, pouco faltoso (algo que, por paradoxal que possa parecer, é visto como um aspecto negativo já que as suas faltas cirurgicas eram fundamentais para a equipa respirar e se reagrupar) e muito pouco influente nas transições defesa-ataque (também o era o ano passado mas era bem mais participativo do que agora).
Quanto a Pablo Aimar, começou bem a pré-temporada mas, ultimamente, apagou-se por completo. Falta-lhe aquela magia, criatividade e explosão que tanto lhe reconhecemos. Sem este jogador (e sem Javi), o jogo do Benfica perde muito do seu esplendor (podem dizer-me que o apagão de Aimar se resume ao facto de olhar para os flancos e não ver Di Maria ou Ramires. Aceito mas não vou só por aí, até porque já tivemos Fábio Coentrão, Gaitan e Rúben Amorim nas alas (jogadores com inegável qualidade e, em alguns aspectos, similares aos jogadores da época passada e nem assim tivemos o Aimar que conhecemos.
Isto leva-me a outro ponto: Airton e Carlos Martins. Exceptuando o jogo infeliz com o Porto (de toda a equipa), a verdade é que foi com estes dois jogadores que o Benfica (já) rubricou grandes jogos nesta pré-temporada. Ou seja, isto prova aquilo que acabei de escrever acima: faltam soluções para as extremidades do losango (que saudades de Urreta), Roberto tem sido de uma miséria franciscana mas, independentemente disso, este Benfica já mostrou grande qualidade mesmo com essas adversidades. Atenção, continuo a achar Javi e Aimar, em circunstâncias normais, os titulares. Contudo, para ser sincero, Airton e Martins estão claramente em melhor momento.

3. Mérito dos adversários. Não podemos deixar de referir que Nacional e principalmente a Académica fizeram grandes exibições frente ao Benfica. A equipa de Jorge Costa fez um jogo exemplar na Luz. Muito bem organizada e com vontade de discutir o jogo - gosto muito de ver uma equipa com jogadores rápidos na frente, algo que as nossas melhores equipas deveriam ter para tentar atenuar diferenças contra os colossos na Champions -. Verdade que teve sorte a acabar mas procurou-a.
Quanto ao Nacional, não foi tão afoito como foram os "estudantes" mas primou pela organização defensiva e aproveitou a exacerbada vontade do adversário em vencer o jogo, colocando sempre muitas unidades (defensivas) na frente que permitiu aos de Jokanovic jogar em contra-ataque e explorar os espaços.

4. As bolas paradas. Contrariamente ao que viamos no ano passado, o Benfica deixou de criar perigo em cantos ou livres. Mas, se isso é preocupante, mais "dramático" é o facto de o Benfica estar sistematicamente a sofrer golos de bola parada. Não, não é culpa exclusiva de Roberto. Luisão, David Luiz, Cardozo e Javi têm obrigação de dominar o território aéreo até porque não há muitas equipas com tantos jogadores (gr incluído) com tamanha envergadura.

5. Cardozo e Alan Kardec. O paraguaio chegou mais tarde mas rapidamente começou a fazer golos. No entanto, o seu rendimento tem vindo a decair jogo após jogo. Já lhe vimos maior condição física do que aquela que evidência nesta altura. O volume de jogo não tem sido tão elevado como já o foi noutras ocasiões mas o paraguaio tem obrigação de fazer mais e melhor. É curioso que o melhor periodo do "Tacuara" coincidiu com o grande momento de Kardec no início desta época. Uma vez lesionado, não mais Cardozo sentiu necessidade de mostrar serviço. Bem sei que é uma mera curiosidade, mas não deixa de ser verdade.
Quanto à ausência de Kardec, penso que foi uma enorme perda já que vinha mostrando o porquê de ter vindo para Portugal. Estou em crer que estamos na presença de um jogador com um grande futuro pela frente. Joga bem de cabeça, movimenta-se bem dentro e fora da área, sabe jogar com e sem bola, remata bem, marca livres, não é individualista, é muito jovem e, por conseguinte, tem uma enorme margem de progressão... enfim, na minha opinião, um jogador que poderia ter ajudado nestes jogos em que o Benfica, invariavelmente, teve de atacar e furar grandes e compactas muralhas defensivas.

Com a chegada de Sálvio - jogador que adorei ver no campeonato sul-americano de sub-20 mas que me desiludiu no Atlético de Madrid -, com o regresso de Gaitan à competição e com uma primeira vitória (que, acredito, irá chegar no próximo fim-de-semana frente ao Setúbal), penso estarem reunidas condições para o Benfica reentrar no trilho que já habituou os seus adeptos. Volto a repetir, com Moreira na baliza, logicamente. Pelo exposto, diria que estou muito mais preocupado do que estava há um mês atrás mas continuo a acreditar que este plantel tem tudo para ombrear com Porto, Braga e Sporting (talvez) pelo campeonato. Se (Aimar, Javi, Cardozo...) Jesus quiser, claro está!

2 comentários:

G.Seco disse...

assim é que eu gosto do benfica....deixem estar tudo como está :)

F.Gomes disse...

Bom texto .