sábado, setembro 27, 2008

VALEU PELA SEGUNDA PARTE

Benfica 2-0 Sporting
(Reyes, Sidnei)



Não foi, seguramente, o melhor derby dos últimos anos. Aliás, esteve muito longe de ser um grande espectáculo. Valeu ao Benfica a boa segunda parte que lhe permitiu construir uma vitória que tem tanto de justa como de fundamental para o futuro da equipa.

Para este jogo, Quique Flores decidiu colocar em campo o mesmo onze que havia jogado frente ao Paços de Ferreira. Percebi a ideia mas não concordei com ela. Miguel Vitor, Jorge Ribeiro, Rúben Amorim e Nuno Gomes fizeram um bom jogo em Paços de Ferreira e, entendeu Quique, de modo a não quebrar a moral aos mesmos e, ao mesmo tempo, mostrando aos outros jogadores do plantel (Léo, Aimar, Katsouranis, Di Maria) que não há titulares indiscutíveis, o técnico espanhol optou por jogar no risco, fazendo do banco encarnado um acolhimento luxuoso. Ora, se é verdade que a ideia é engraçada e animadora, isto, no modus operandi de um grupo de trabalho, na prática, e quando se trata de um jogo deste calibre, as coisas já não devem ser tratadas dessa forma. Se o jogo fosse contra a Naval, compreendia perfeitamente o onze de Quique. Agora, frente ao Sporting, Quique deveria ter colocado em campo o melhor onze possível. Sem querer tirar o mérito ao Sporting, a fraca primeira parte do Benfica tem uma explicação lógica: é humanamente impossível ganhar-se um derby com Maxi Pereira, Jorge Ribeiro e Rúben Amorim nas laterais, isto perante um Sporting que, precisamente, aposta no losango, ou seja, com mais trânsito de jogadores na zona central.

Quanto ao Sporting, Paulo Bento apenas fez duas alterações em relação ao último jogo: Grimi no lugar do lesionado Caneira e Miguel Veloso por troca com o lesionado Izmailov. Relativamente à ausência de Caneira, pouco há a dizer. Grimi cumpriu e não foi por aí que o Sporting se sentiu mais debilitado até porque o argentino praticamente não teve trabalho já que Amorim não é, de todo, um extremo.
Relativamente a Izmailov, já não se pode dizer o mesmo. O russo fez muita falta ao meio-campo leonino. Na minha opinião, Izmailov estava a ser o melhor jogador do Sporting até ao momento. Marat vinha garantindo à equipa maior coesão defensiva (é muito bom tacticamente) e, para além disso, era um jogador que desequilibrava em termos ofensivos. O regresso de Miguel Veloso para "6" foi muito importante - os bons minutos da equipa a muito se deveram à grande qualidade de passe de Veloso - mas, o adiantar de Moutinho para o vértice esquerdo do losângo em nada foi benéfico para a equipa já que o português não tem a velocidade e a capacidade técnica do russo.

Num breve resumo da partida, diria que, no primeiro tempo, houve mais situações de perigo na baliza de Quim, isto apesar de só nos vinte minutos iniciais se ter visto maior supremacia do conjunto leonino. O Sporting tentou explorar a juventude dos centrais encarnados e conseguiu mesmo criar algumas situações de apuro. Valeu ao Benfica a falta de pontaria da dupla Postiga/Yannick e também o regresso aos bons jogos de Quim - aquela defesa a remate de Postiga é sensacional -. No restante, o jogo foi equilibrado e com poucos motivos de interesse.
No segundo tempo, a história do jogo foi outra. As entradas de Katsouranis e posteriormente de Pablo Aimar mudaram, para melhor, o jogo do Benfica. A equipa passou a trocar melhor a bola e conseguiu subir as suas linhas, obrigando o Sporting a recuar. Estranhamente, a equipa de Paulo Bento aceitou essa ousadia encarnada e mostrou-se passiva a defender. Não sei se esta análise é correcta mas fiquei com a ideia que Paulo Bento estava satisfeito com o empate. Dai até aos golos foi uma questão de tempo. Primeiro o de Reyes após bom entendimento com Aimar. A classe dos grandes jogadores vê-se em pequenos pormenores. Ora, esta jogada e o golo mostraram toda a qualidade dos intervenientes. Resta saber é se vamos ver mais momentos destes contra as Navais e Trofenses deste campeonato. No segundo golo, nota para o bom cruzamento de Carlos Martins e para o primeiro golo de Sidnei, jogador de qualidade e que fez um bom jogo ao lado de Miguel Vitor.

Os melhores do derby

No Benfica, destacaria a excelente prestação da dupla de centrais que, depois da insegurança dos minutos iniciais, arrancaram para um jogo muito bem conseguido e com poucas falhas. No meio-campo, Carlos Martins mostrou a boa forma que vem vivendo neste principio de temporada e Yebda provou, mais uma vez, que é, nesta altura, a melhor contratação do Benfica nesta temporada. Grande potência física, excelente cultura táctica e até alguns pormenores técnicos interessantes fazem deste jogador um titular indiscutível.
No ataque, Cardozo e Nuno Gomes foram esforçados mas nem sempre se conseguiram entender enquanto que, na esquerda, a noite foi de Reyes. Grande jogo do espanhol culminado com um golo de belo efeito. Não há dúvida que se o espanhol quiser, trata-se de um jogador acima da média. Foi, no meu entender, o melhor em campo.

No Sporting, saliência para a primeira meia-hora de Miguel Veloso a fazer lembrar os excelentes momentos que o mesmo viveu em temporadas anteriores. Com o passar do tempo, foi perdendo fulgor e o futebol leonino ressentiu-se de imediato. Quanto a Moutinho, Roca e Romagnoli, nota-se que são jogadores que sabem ter a bola mas, neste jogo, ficou evidente que não estão a passar um bom momento. Falta-lhes mais acutilância ofensiva e mais capacidade física para se desdobrarem em acções ofensivas. Para esconder essa incapacidade física, os três usaram e abusaram do passe longo em busca da velocidade de Postiga e Yannick. Esse sistema foi bom enquanto a equipa do Benfica não acertou nas marcações. Quando essas falhas foram corrigidas, notou-se ainda mais a falta de mobilidade dos homens do meio-campo e, lá está, a ausência de Marat Izmailov, o jogador que melhor faz a ligação meio-campo/ataque.
Na frente de ataque, Yannick e Postiga deram trabalho aos defesas encarnados mas nem sempre conseguiram tirar proveito da situação, isto depois de já terem conquistado as "costas" aos seus marcadores.

Em suma, vitória justa do Benfica num jogo sem grandes casos e sem grandes motivos de interesse.



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