domingo, abril 09, 2006

Viagem a Barcelona - PARTE I I-



Entrada no Estádio

Por volta das 18h20 (hora espanhola), entrámos finalmente no Camp Nou. A organização não foi a melhor já que pouco importava o número da porta, a fila ou a cadeira que estava referida no bilhete. Os seguranças do estádio indicaram-nos uma porta e, aí, era um "salve-se quem puder" em busca de um melhor lugar.
Ainda assim, creio que ficámos num excelente lugar, mesmo no seguimento da linha de meio-campo.





À medida que o tempo ia passando e a hora do jogo aproximando-se, os cerca de 5 mil e tal benfiquistas que compunham o, até então, vazio Camp Nou, começaram a afinar as vozes e a puxar pelo Benfica. Cânticos como "Ninguém pára o Benfica", "Slb, Glorioso Slb" e outros mais, não faltaram como é obvio.





A entrada das equipas deu-se por volta das 20h10. Moretto foi o primeiro a entrar no campo. Como é natural, deu-se a primeira grande explosão de alegria. Poucos momentos depois, entraram os jogadores encarnados.



Cinco minutos depois, entrou Victor Valdez e a equipa do Barcelona. Os assobios vindos da mancha vermelha fizeram-se naturalmente sentir. O que é certo é que às 20h15, como haviam mais benfiquistas que catalães no estádio, a equipa do Barça era recebida como se de uma equipa visitante se tratasse.

20h22- Aquecimento em andamento, os nervos a aumentarem.





20h40- As últimas fotos e os últimos sorrisos antes do jogo começar.




- O Faustino, a Diana e Eu!

20h44- Entrada das equipas em campo. Seguramente um dos grandes momentos da noite e por variados motivos.
Desde logo, e já com o estádio completamente cheio, pude ouvir in loco o hino do Barcelona cantado por mais de 80 mil pessoas. Foi qualquer coisa de arrepiante. Não podendo mostrar como foi, aqui fica a letra do hino do clube catalão:





Tot el camp (todo o campo)
és un clam (é um clamor)
som la gent blaugrana (somos a gente blaugrana)
Tant se val d'on venim (não importa de onde vimos)
si del sud o del nord (se do Sul ou do Norte)
ara estem d'acord, ara estem d'acord, (isso sim, estamos de acordo)
una bandera ens agermana. (uma bandeira nos une)
Blaugrana al vent (blaugrana ao vento)
un crit valent (um grito valente)
tenim un nom (temos um nome)
el sap tothom: sabe-o todo o Mundo)
Barça , Barça, Baaarça.! (Barça, Barça, Baarça)
Jugadors, seguidors, (jogadores, torcedores)
tots units fem força. (todos unidos fazemos força)
Son molt anys plens d'afanys, (são muitos anos plenos de sacrificio)
son molts gols que hem cridat (são muitos os golos que gritámos)
i s'ha demostrat, i s'ha demostrat, (e demonstrou-se, demonstrou-se)
que mai ningu no ens podrà torcer (que nada nem ninguém nos poderá derrubar)
Blau-grana al vent (blaugrana ao vento)
un crit valent (um grito valente)
tenim un nom (temos um nome)
el sap tothom (sabe-o todo o Mundo)
Barça, Barça, Baaarça. (Barça, Barça, Baaarça)

Se até aqui, não se tinha dado conta que o Benfica estava a jogar fora de casa, depois do hino do Barça, viu-se seguramente quem mandava no Camp Nou.

O JOGO:



A primeira parte foi dominada pelo Barcelona. Logo aos 3 minutos, o árbitro entendeu (bem!) que Petit havia tocado a bola com a mão dentro da área. Decisão correcta do juíz. Foi um lance bastante semelhante àquele protagonizado por Motta no estádio da Luz. Infelizmente, contra o Benfica o árbitro analisou bem o lance, sendo que, a favor dos encarnados na Luz, o árbitro inglês beneficiou o Barça.
Ronaldinho, chamado a cobrar o castigo, rematou para onde normalmente remata só que, desta vez, encontrou pela frente Moretto que voltou a brilhar contra o clube blaugrana. Se Moretto poderia, como é normal, estar nervoso, depois de defender uma penalidade do melhor jogador do Mundo, certamente que essa possível intranquilidade foi afastada de vez.
Os minutos iam passando e, nem mesmo com o estimulo da penalidade falhada, os encarnados acordavam. Sentia-se um Benfica muito nervoso, com jogadores de selecção a acusar muito a pressão deste jogo.
Se é certo que em termos ofensivos o Benfica nem sequer arranhava, a nível defensivo, a estratégia adoptada por Koeman até estava a dar alguns frutos. O holandês, sabendo que a asa esquerda do Barcelona é muito forte, ou não estivesse lá o melhor do Mundo, optou por jogar com Simão numa zona mais central do campo (nas costas de Miccoli!) com o intuito de deixar Beletti completamente sozinho, obrigando assim o meio campo do Barça a jogar praticamente pelo lado direito e a solicitar muito menos Ronaldinho.
Diga-se, em abono da verdade, que até ao golo, a estratégia foi mais ou menos bem interiorizada.
Aos 18 minutos, numa falha incrivel de Beto, o Barcelona chegou ao golo. O brasileiro, com tempo e espaço para se livrar da bola, decidiu inventar e perder a mesma em zona proibida. A bola foi ter a Eto'o, o camaronês livrou-se de Anderson com grande classe, foi à linha de fundo e centrou rasteiro direitinho para o pé direito de Ronaldinho que, sem grande dificuldade, só teve de empurrar a bola para o fundo das redes.



Foi o primeiro golo e a primeira grande explosão no estádio desde o inicio do jogo. É que, até então, praticamente não se ouvira qualquer cântico de apoio ao clube blaugrana.
Com o golo sofrido, o Benfica voltou ao esquema tradicional, isto é, Simão voltou ao lado esquerdo e Miccoli passou a jogar mais isolado na frente. O problema dos encarnados, no primeiro tempo, resumiu-se à ausência de apoio a Miccoli. Geovanni não apareceu, Simão na primeira parte estava sempre muito mais preocupado em fechar o corredor do que propriamente em atacar e, Manuel Fernandes, Beto e Petit, todos eles em noite NÃO, praticamente só defenderam.
O Barça, sem estar a carregar muito, dominava o jogo por completo e podia mesmo ter chegado ao intervalo com um resultado bem mais tranquilo. Van Bommel foi protagonista da melhor ocasião de golo, isto depois do Barça estar em vantagem.
Ao intervalo, o Barcelona estava justamente na frente do marcador.



Na segunda parte, viu-se um Benfica diferente. Não que tenha sido um Benfica transcendente, ou um Benfica à imagem de Liverpool, aliás, foi muito longe disso, mas, o que é certo é que viu-se uma equipa encarnada mais concentrada a defender e mais interessada em aventurar-se no ataque.
O problema do Benfica foi exactamente o mesmo do Gil Vicente quando se desloca ao estádio de um dos grandes. Se tapa a cabeça, destapa os pés e vice-versa. É muito dificil jogar em ataque continuado contra este Barcelona. Mesmo sem Messi, Eto'o, Larsson e Ronaldinho, que literalmente não defendem, estavam sempre preparados para contra-atacar.
A verdade é que o Benfica dispôs de duas boas ocasiões de golo para empatar o jogo e ganhar vantagem na eliminatória. Simão, completamente isolado, não conseguiu surpreender Valdez. Depois, Karagounis, com um remate fora da área, obrigou o espanhol a uma boa defesa.



Com mais um pouco de sorte, quem sabe a história do jogo não fosse outra.
A cinco minutos do fim, numa falha de Petit, primeiro, e depois de Anderson, Eto'o fez o segundo e sentenciou a partida. Com sorte ou não, jogando bem ou não, a verdade é que só aos 86 minutos da 2ª mão é que o Barcelona decidiu a eliminatória. Digam o que disserem, só por esse facto, todos os jogadores do Benfica estão de parabéns porque efectivamente jogaram contra os melhores do Mundo e, apesar de inferiores, mostraram sempre uma grande vontade de discutir a eliminatória. Mesmo com menos armas, com outro estatuto e com muita sorte à mistura, foi por pouco que o escândalo que ninguém preconizava ia acontecendo.
No final, vitória justa do Barcelona que, por tudo o que fez no conjunto das duas eliminatórias, merecia efectivamente passar. Contudo, não gostaria deixar de passar em claro a bravura com que todos os jogadores (tirando o Robert!) se bateram em 180 minutos com o poderoso Barcelona. Não passaram mas... deixaram uma excelente imagem, porventura a melhor imagem conseguida a nível europeu nos últimos 15 anos.

Antes da viagem de regresso, tempo ainda para as últimas fotos tiradas no Camp Nou.

Eduardo



Bruno




Para o ano há mais Champions League, esperamos nós!

Sem comentários: