quinta-feira, fevereiro 03, 2011

NO DRAGÃO MANDOU O CAMPEÃO




Aquilo que escrevi para o jogo anterior no dragão, é e foi válido para este: de modo a o Benfica ter alguma hipótese de triunfar, teria, invariavelmente, de equilibrar o meio-campo. Sabendo da força e qualidade do triângulo Fernando, Belluschi e Moutinho, Jorge Jesus não se poderia dar ao luxo de apenas jogar com duas unidades nesse sector. E foi o que fez, sendo que, desta feita, acabou por correr bem. E correu bem porque a equipa cumpriu na integra o plano táctico elaborado por Jesus e, é bom assinalar este pormenor com algum relevo, marcou primeiro. A importância de marcar primeiro num jogo deste calibre é fundamental. Se estivermos a falar de um jogo com duas mãos, ainda mais determinante se torna. Ora, com o golo madrugador de Coentrão - uma oferta de Maicon -, a equipa estabilizou emocionalmente e arrancou para uma grande noite, empurrando o Porto para patamares muito perto da vulgaridade.
Convém assinalar também a frescura física por parte do Benfica e, no meu entender, a falta dela em alguns jogadores do Porto. Creio que esse factor também fez com que a balança pendesse para o lado encarnado.

Meus caros, devo dizer-vos que, momentos antes do jogo começar, estava muito apreensivo. Não por temer um resultado negativo no dragão por parte do Benfica e não por estar com medo com o que lá pudesse suceder. Não, também não estava nervoso pelo facto do Benfica ter perdido David Luiz e ter de utilizar Sidnei. Neste aspecto, já tinha revelado a minha tranquilidade dada a qualidade dos substitutos do internacional brasileiro. Mas, estava a dizer... estava apreensivo pela possível reacção dos adeptos encarnados caso as coisas saíssem mal no dragão. Tenho a certeza que o estado de depressão iria pairar no ar de muitos adeptos, colocando em causa presidente, treinador e jogadores. Passo a explicar. Se o Benfica perdesse no dragão, toda a gente voltaria a questionar a saída de David Luiz e toda a gente voltaria a questionar a qualidade de Jorge Jesus a montar a equipa em jogos deste calibre. Neste último aspecto, refiro-me, naturalmente, à entrada no onze de César Peixoto.
Felizmente para Jesus, o risco que teve nessa introdução do "patinho feio" no onze, acabou por correr bem.

Devo confessar-vos que, em circunstâncias normais, teria ficado revoltado ao ver, mais uma vez, Peixoto a jogar de início. Neste caso, não foi tanto assim - o leitor pode duvidar das minhas palavras mas foi essa a sensação que tive no principio do jogo -. E porquê? Porque, desta feita, entendi a estratégia do nosso treinador. Em primeiro lugar, dar mais equilibrio ao meio-campo (neste primeiro capítulo, a minha opção teria sido, naturalmente, a inclusão de Airton). No entanto, Jesus terá introduzido Peixoto nessa posição de modo a permitir libertar totalmente Coentrão para acções ofensivas. Ou seja, quando o lateral subisse, Peixoto fechava à esquerda. Além disso, o César funcionaria ainda como uma "muleta de apoio" a Gaitán, jogador que, como é sabido, está longe de ser um prodígio sob ponto de vista táctico. Arriscado? Sim. A melhor opção? Difícil de dizer. Resultou? Na perfeição.

Pelo exposto, diria que o melhor jogador em campo terá sido, na minha opinião, Jorge Jesus. Leu bem o jogo, arriscou e, desta vez, teve sucesso. Questionando-se ou não as suas opções, uma coisa é certa: Jesus é fiel às suas ideias e não tem medo das consequências dos seus actos. Tal como Mourinho, um verdadeiro líder.

Melhores jogadores no dragão:

MVP: Javi Garcia.

- É incrível a quantidade de bolas que recupera e é espantosa a dimensão defensiva que dá à equipa. Além disso, é fundamental no jogo aéreo. Para apimentar a sua exibição, foi decisivo com o golo que marcou.

Dupla de centrais a grande nível:

- Luisão e Sidnei estiveram impecáveis. Para quem pensava que poderia ser por aqui que o Benfica ia abanar, enganou-se. Luisão esteve ao seu nível e Sidnei fez questão de mostar aos adeptos que tem argumentos para fazer esquecer David Luiz.

A surpresa Peixoto:

- César Peixoto terá feito a melhor exibição com a camisola do Benfica. Espero que isso não lhe dê mais créditos no futuro - a minha opinião sobre o mesmo não mudou - mas, justiça seja feita, temos, efectivamente, de destacar aquilo que de bom fez no dragão. E foi muita coisa, desta feita.

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