O Benfica deu hoje um passo de gigante rumo ao Jamor,
mítico palco da final da Taça de Portugal. Os encarnados não tiveram tarefa
nada fácil na Capital do Móvel, perante um Paços de Ferreira que voltou a
demonstrar o porquê de ser apelidada de equipa sensação da presente temporada.
Na primeira parte os pupilos de Paulo Fonseca
conseguiram fazer o que apenas o FC Porto – em competições internas, entenda-se
– tinha logrado frente ao Benfica: cortar quase todas as linhas de passe onde,
quase sempre, os encarnados preparam as jogadas ofensivas e começam a
construção dos lances de finalização.
E o segredo não esteve no famigerado autocarro, de que
tantas vezes se fala. Esteve, isso sim, na forma altamente inteligente como os
castores ocuparam sempre os espaços, com e sem bola, obrigando o Benfica a
jogar muito atrás sem conseguir encontrar a zona de definição para os flancos
ou, eventualmente para o último passe.
É verdade que aqui e ali as águias poderiam ter marcado
(Lima e Aimar tiveram o golo nos pés), mas a oportunidade mais flagrante da
primeira parte foi do Paços, quando Cícero, logo nos instantes iniciais,
apareceu na cara de Artur. O ponta-de-lança, com tudo para bater o guardião
brasileiro, não teve arte nem engenho para atirar a contar, acabando por
tropeçar no momento em que preparava o remate permitindo que Ezequiel Garay
concluísse a recuperação defensiva com inteiro sucesso.
O nulo ao intervalo ajustava-se na perfeição e pode
dizer-se que o mérito do Benfica em chegar à vantagem na etapa complementar foi
todo de… Jorge Jesus: quando o treinador encarnado decidiu retirar do campo
Pablo Aimar (com bola no pé será sempre uma delícia, mas está completamente
fora de forma…) fazendo entrar Ola John para o seu lugar. E esse momento é
assim tão decisivo porquê? Não, não foi pelo facto de o holandês ter marcado o
segundo golo do Benfica. Foi sim, sem sombra de dúvida, porque a entrada do
número 15 permitiu que Nico Gaitán – até aí encostado ao flanco esquerdo –
derivasse para o setor central, jogando muito mais adiantado do que aquilo que
o seu compatriota estava a fazer e, além disso, porque o 20 conseguiu imprimir
uma grande velocidade de trás para a frente. O Paços ficou baralhado, não mais
acertou nas marcações, e foi com toda a naturalidade que Lima inaugurou o
marcador, depois de um belo cruzamento de Eduardo Sálvio pela direita.
A expulsão de Vítor – entrada duríssima sobre Gaitán –
foi como que a pena de morte para a turma da Capital do Móvel. A partir desse
instante, o meio campo amarelo desmoronou-se por completo, algo que se agravou,
depois, com a saída de André Leão para a entrada de Caetano, e os encarnados
acabaram por chegar ao segundo, como já se disse, por intermédio de Ola John.
Um título que já
foge há nove anos…
Com este triunfo, o Benfica garantiu mais de meio
bilhete no autocarro que liga Lisboa a Oeiras, e a segunda mão desta
meia-final, que será jogada apenas, pasme-se, em abril!, deverá apenas servir
para que a turma de Jorge Jesus carimbe de vez o regresso ao Jamor, palco que
já não pisa desde a época 2004/2005, tendo perdido essa final frente ao V.
Setúbal por 2-1. Aliás, os encarnados já não sabem o que é vencer a Taça de
Portugal desde a temporada 2003/2004 quando, na altura, derrotaram o FC Porto
de José Mourinho por duas bolas a uma, após prolongamento, com os golos da
vitória das águias a serem apontados por Panagiotis Fyssas e Simão Sabrosa.
Nove anos depois, o Benfica volta a sonhar com a conquista da prova rainha do
futebol português.
EDUARDO
PEDROSA MARQUES
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