quinta-feira, janeiro 24, 2008

UM OLHAR PELA CAN




Concluida que está a primeira jornada em todos os grupos, confesso que, pelos jogos/resumos que tenho visto, está a ser uma bela surpresa esta Taça das Nações Africanas. Se dúvidas houvesse, creio que esta competição tem demonstrado que o continente africano é, hoje por hoje, um mercado apetecível por parte dos países europeus. A Inglaterra é um exemplo disso mesmo já que muitos são os atletas africanos que por lá jogam e ao mais alto nível.

Antes de vos falar do "rapazinho" que podem ver na imagem que acompanha este post, parece-me importante começar pelo que mais gostei nesta primeira ronda. Considerada uma das principais candidatas à vitória final desta copa, a Costa do Marfim encheu-me completamente as medidas no jogo inaugural frente à Nigéria. Não fez seguramente um jogo brilhante, não foi uma equipa completamente dominadora e não foi sequer tão superior ao seu adversário, o que é facilmente notório no resultado (1-0). No entanto, pela dificuldade que é entrar numa competição deste nível, pelo facto de ter tido pela frente uma fortíssima selecção como o é a Nigéria, pela forma inteligente com que controlou os vários momentos da partida e, mais importante que tudo, pela tremenda qualidade das individualidades que fazem desta Costa do Marfim um conjunto demolidor, deixaram-me com a sensação que estamos perante uma selecção de dimensão mundial.

Antes de analisarmos com mais profundidade o onze apresentado pela Costa do Marfim, vamos aos nomes mais conhecidos. Tomem nota:

Eboué (Arsenal), Boka (Estugarda), Kolo Touré (Arsenal), Yaya Touré (Barcelona), Zokora (Tottenham), Fae (Reading), Drogba (Chelsea), Aruna Dindane (Lens), Kalou (Chelsea), Keita (Lyon), Bakari Koné (Nice), Koné (Sevilha), Sanogo (Werder Bremen). Perante isto...

11 FRENTE À NIGÉRIA:

Costa do Marfim: Barry, Boka, Meite, Touré, Eboue, Zokora, Yaya Toure, Gohouri (Keita 46), Dindane, Kalou, Drogba (Bakari Kone 85).

Suplentes não utilizados: Tiassa Kone, Loboue, Djakpa, Fae, Gervinho, Arouna Kone, Romaric, Sanogo, Tiene, Zoro.

Naturalmente que não podemos analisar muito pormenorizadamente uma equipa com base num único jogo. Muitos destes jogadores são sobejamente conhecidos pelos amantes de futebol, muitos destes atletas estiveram presentes no último mundial mas, mesmo assim, é com algumas reservas que passo a analisar esta selecção.

Ponto fraco: Apesar de não ter comprometido, num ou noutro lance demonstrou alguma intranquilidade, algo que é, de resto, normal num guarda-redes africano. Barry não esteve mal mas é claramente o elo mais fraco desta Costa do Marfim.

Defesa: Na defesa, destaque natural para os dois jogadores do Arsenal. Eboué dá uma qualidade extra ao lado direito da Costa do Marfim. Na primeira parte não gostei muito do entendimento com o desconhecido Gohouri mas, no segundo tempo, confesso que apreciei a forma como Keita flectia para zonas interiores do terreno, permitindo a Eboué explorar o flanco.
Destaque óbvio para Kolo Touré, o patrão da defesa. Não precisa de grandes apresentações. Parece-me que o seu companheiro do eixo da defesa, Meite, é um central bastante razoável. É essencialmente forte na marcação.
À esquerda actua um lateral que gosto especialmente. Boka é um jogador que faz lembrar Roberto Carlos. É rápido e tem um fortíssimo pontapé. Tal como o brasileiro, não se pense que a sua baixa estatura tornem o seu jogo defensivo mais débil. Seguramente que tem dificuldades no jogo aéreo mas a sua rapidez de movimentos trazem-lhe benefícios que poucos defesas têm.

Meio-campo: Por paradoxal que possa parecer, apesar dos nomes, creio que falta qualquer coisa a este meio-campo da Costa do Marfim. Zokora e Yaya Touré são dois jogadores extraordinários (especialmente o jogador do Tottenham) mas, a meu ver, são jogadores de cariz mais defensivo do que propriamente ofensivo. Falta a esta equipa alguém que pense o jogo, alguém que faça de uma melhor forma a ligação meio-campo-ataque. Com Keita e Kalou no segundo tempo a actuarem em zonas mais interiores, a equipa ganhou algo mais em termos de ataque; contudo, estes dois grandes jogadores são claramente jogadores que fazem mais de alas ou avançados do que propriamente organizadores.

Ataque: Aruna Koné, Sanogo, Dindane, Drogba. A estes ainda poderiamos juntar o rapidíssimo Bakari Koné ou ainda Keita e Kalou. Que pena qualquer um destes jogadores não ser português. Que jeito daria a Portugal ter um avançado com o instinto de Sanogo ou com a rapidez de Koné, jogadores que nem sequer foram opção para o jogo frente à Nigéria. Creio que não há muito a dizer em relação ao ataque da Costa. São muitos e são bons. Adoro ver uma equipa jogar com dois pontas-de-lança. Nesta equipa dos "elefantes", jogam dois mas podiam jogar quatro, tal é a fartura.

Deixando de lado a Costa do Marfim, uma palavra para Camarões e Senegal. Os Camarões desiludiram neste primeiro encontro. Perderam e perderam bem. Gostei da forma como Makoun se movimentou no meio-campo mas achei Eto'o muito desligado da equipa em todo o jogo. A ver vamos como vai reagir esta forte equipa que, naturalmente, terá também uma palavra a dizer.

Apesar de ter começado esta CAN com um empate, tenho a dizer que gostei muito de ver jogar a selecção senegalesa. Dois jogadores ficaram-me desde logo na retina: o trinco Sall, jogador de 1,94 m (o tal da imagem) que actua no Saint Etienne e o extremo esquerdo Mendy. Em relação ao primeiro, é um jogador muito forte fisicamente, tem um impressionante jogo aéreo e tem uma notável capacidade em recuperar bolas. A ver por este primeiro encontro, pareceu-me que tem de melhorar o passe e ser menos impetuoso nas suas entradas. É um jogador jovem e vai merecer mais atenção de minha parte.
Relativamente a Mendy, é um extremo rápido, cruza bem e tem bom toque de bola. Foi um dos jogadores mais dinâmicos em toda a primeira parte. Pareceu-me que correu muito no primeiro tempo e isso desgastou-o imenso para o segundo, tendo sido substituido por isso mesmo.
Ainda em relação a este conjunto senegalês, creio que um ataque composto por Camara, Diouf e Niang terá naturalmente uma palavra a dizer. N'Doye também é um bom jogador e, na defesa, Diawara, Faye, Beye e o guarda-redes Sylva são jogadores experientes e que trazem qualidade ao plano mais recuado.

Rapidamente e em jeito de conclusão, não tendo visto a selecção do Gana actuar, parece-me que Costa do Marfim e Senegal têm uma palavra a dizer em relação à Copa. A ver vamos o que as próximas jornadas nos dizem, a ver vamos se Nigéria e Camarões vão reagir aos desaires que conheceram na ronda inaugural.

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