quinta-feira, janeiro 31, 2008

UMA MÁQUINA DE JOGAR FUTEBOL!


Man Utd 2-0 Portsmouth
(Ronaldo(2))



Meus amigos, sem qualquer tipo de rodeios, o Manchester United é, actualmente e sem qualquer dúvida, a melhor equipa do Mundo. Confesso que ontem fiquei maravilhado com a prestação do United, principalmente na primeira parte. Não que tenha ficado surpreendido mas, sinceramente, é de ficar de boca aberta perante uma primeira parte do nível que os "red devils" apresentaram diante do Portsmouth. Atenção que estamos a falar de um adversário de grande nível e com jogadores de enorme qualidade. O problema é que quando se defronta o Manchester inspirado, diria que é praticamente impossível parar esta máquina de jogar à bola.

Para se falar de um jogo do Manchester, naturalmente que o nome de Cristiano Ronaldo tem de vir à baila. Contudo, ao contrário do que é habitual, nem sequer vou perder muito tempo a falar do melhor jogador do Mundo. Já toda a gente o conhece, já todos sabem do que ele é capaz. Apenas de referir que o golo de livre que o mesmo desenhou é simplesmente fabuloso.
Uma vez que não tenho falado muito sobre o (meu) Manchester, gostaria de destacar dois ou três aspectos que, mesmo sendo de conhecimento geral, merecem também notoriedade neste espaço.

Melhor defesa esquerdo da actualidade...

Gosto muito de Zambrotta; Philipp Lahm é também um lateral esquerdo de grande qualidade; Abidal é talvez o melhor defesa esquerdo (diferente de lateral se é que me entendem) da Europa; todos eles têm o seu devido valor mas, na minha opinião, Patrice Evra é, hoje por hoje, o melhor defesa-lateral esquerdo do Mundo. Quando se fala no United, destaca-se Ronaldo, Rooney, Tevez ou Giggs mas quase ninguém fala da importância do francês nesta equipa. Evra é uma autêntica locomotiva. Defende relativamente bem - compensa o facto de ser baixo com a velocidade -, mas é em termos ofensivos que mais se nota a qualidade deste jogador. Tem uma força impressionante e um pulmão a fazer lembrar Roberto Carlos. Aliás, só não lhe chamo o novo Roberto Carlos porque não tem o pontapé que o brasileiro possui. No entanto, no resto, tem tudo para ser o "sucessor" do melhor lateral esquerdo dos últimos 10 anos.

O melhor reforço de Janeiro é...

Como é sabido, a única contratação por parte do Manchester neste mês de Janeiro foi o angolano Manucho, avançado que tem brilhado na CAN. No entanto, há um jogador que esteve alguns meses lesionado e que voltou esta semana para efectivamente fazer a diferença. Falo-vos obviamente de Paul Scholes, um jogador que, mesmo estando na fase terminal da sua carreira, é um atleta absolutamente extraordinário.
A primeira parte do United foi fabulosa mas, muito honestamente, nem foi tanto pelas habilidades de Cristiano Ronaldo ou as correrias loucas de Wayne Rooney. Acho que se a equipa teve tanta posse de bola e tanta qualidade no seu jogo ofensivo, muito se deveu àquela dupla do meio-campo constituida por Carrick e Scholes. Hargreaves e Anderson são soluções credíveis e de enorme produtividade mas, no meu entender, este é o melhor meio-campo do Manchester.
É caso para dizer que o velhinho Scholes é como o vinho do Porto. Os anos passam e ele está sempre lá... (tal como Giggs, naturalmente).

Que dizer do SISTEMA...

Para muitas equipas, jogar em 4-2-4 seria um completo suicídio. No futebol de hoje, apresentar apenas duas unidades na zona intermédia do campo é, segundo os entendidos, algo arriscado. Ora, o Manchester United é a prova que essa ideia que as pessoas têm de que uma equipa que joga com duas unidades de meio-campo arrisca-se a perder é, na minha óptica, errada. Vamos por partes:

1. Se num jogo de futebol, a bola passa a maior parte do tempo no meio do campo e se uma equipa joga com três ou quatro unidades centrais contra duas, parece-me lógico que, à partida, a equipa com mais jogadores nessa mesma zona ganha vantagem. Contudo, a palavra chave neste particular é a dinâmica. Se os alas forem jogadores com pulmão e que fechem ao meio, se os defesas subirem no terreno com o intuito de encurtar as linhas, se as unidades de ataque forem pressionantes e móveis, parece-me que este "problema" de jogar com dois homens no meio-campo é facilmente ultrapassado;

2. Naturalmente que para se jogar com dois médios centrais, é necessário que esses jogadores sejam completos, ou seja, bons a defender e bons a atacar. Há 3 equipas inglesas a interpretar este sistema de 2 médios-centro na perfeição. Zokora/O'Hara/Huddlestone com Jermaine Jenas no Tottenham, Carrick/Hargreaves com Scholes ou Anderson no United e Fabregas-Flamini no Arsenal.

Começando pelo Tottenham, qualquer dos jogadores acima referidos tem um pulmão e uma disponibilidade ao jogo impressionante. Contrariamente ao Manchester e ao Arsenal, Zokora ou O'Hara preferem garantir mais consistência defensiva só que têm a particularidade de pressionarem alto. Não são os chamados box-to-box mas, pelas garantias que trazem ao nível da recuperação de bola, são jogadores muito úteis neste sistema. Ainda em relação a este Tottenham, o meio-campo deles faz lembrar o meio-campo do Benfica com Petit e Tiago, precisamente nos tempos de Camacho em que o 4-2-4 era muitas vezes opção - aí está a prova que, com os jogadores certos, também em Portugal é possível jogar neste sistema -.

Olhando mais para o meio-campo dos gunners, toda a gente olha para Fabregas como uma das unidades mais influentes da equipa mas eu prefiro destacar a qualidade de Flamini. Este jovem francês é um jogador que me enche as medidas. É um "faz-tudo" na equipa de Arséne Wenger. Obviamente com as devidas distâncias, vejo em Flamini uma espécie de Paulinho Santos. Seja a lateral, seja a médio, Flamini joga sempre nos limites e é de uma regularidade notável. Forma com Fabregas um meio-campo muito forte e, lá está, sendo dois jogadores a toda a largura do campo, facilmente dão conta do meio-campo.
Neste caso específico do Arsenal, há que dizer que os alas que Wenger utiliza são normalmente jogadores que fecham muito ao meio, ajudando muito o trabalho de Flamini e Fabregas. No entanto, estou perfeitamente convencido que se Wenger optasse por jogar com Walcott/Eboué e Van Persie nas alas, a equipa não perderia "dimensão" a nível de meio-campo.

Finalmente, em relação ao Manchester, parece-me evidente que este sistema de 4-2-4 é o melhor para aos jogadores que o United tem. A pressão alta está lá porque os avançados são muito rápidos e bastante móveis; depois, os defesas jogam muito perto dos médios; finalmente, os dois jogadores do centro do terreno são atletas fortes sob ponto de vista físico e têm a particularidade de praticamente não se desgastarem fisicamente com bola já que não precisam de fazer fintas ou de elaborar muito as jogadas para dar vida ao carrocel. Tendo poucas unidades no meio-campo, a simplicidade de processos e a inteligência ao nível da visão de jogo é fundamental. Ora, nesses parâmetros, Carrick e Scholes têm nota 20.

Em jeito de conclusão, parece-me evidente que estamos perante uma verdadeira equipa de futebol. Ainda não tinha referido mas acho correcta a forma como o Manchester abordou um jogo a meio da semana e com o grau de dificuldade que o Portsmouth sugeria. Fazer uma primeira parte de loucos, com uma pressão alta e com uma busca incessante do golo por forma a resolver cedo o jogo é a forma mais inteligente para se jogar nesta altura do campeonato. Depois, num segundo tempo, gerir o esforço, controlar o marcador e, se possível, fazer descansar algumas das unidades mais importantes, algo que Fergusson fez e muito bem.
Aguarda-se com enorme espectativa para o próximo embate dos "red devils" que é tão e somente perante o Tottenham no White Harte Lane. Duas grandes equipas, grandes jogadores, sem dúvida, um dos melhores jogos do próximo fim-de-semana.

2 comentários:

Anónimo disse...

excelente esta crónica sobre o man. united, é realmente uma máquina de jogar futebol.

Sérgio Gouveia

Anónimo disse...

Dica para quem gosta de futebol e música sobre futebol : http://www.myspace.com/pedrolimafutebolmusical