sábado, março 14, 2009

O CAIR DA MÁSCARA

Benfica 0-1 Guimarães
(Roberto)

Ponto final nas esperanças encarnadas em termos de título. Diga-se de passagem que a questão ainda se prendia pela curta diferença pontual já que em termos de diferença futebolística, a margem era bem mais alargada. Estou à vontade para falar sobre este jogo já que o mesmo é o retrato de tantos outros jogos em que a falta de futebol benfiquista foi evidente.

Ainda antes de "bater no ceguinho", há que dizer que o mais engraçado é que o Benfica perdeu com uma equipa que apenas fez um remate à baliza e cedo mostrou que iria ao Estádio da Luz com o propósito único de defender. Nesse sentido, apraz-me dizer que o Benfica sofreu do mesmo veneno com que vinha castigando os seus adversários (poucos lances de perigo mas uma grande eficácia).

Falando do Benfica, devo dizer-vos que há coisas que me revoltam profundamente. Custa-me a perceber 1) como é possível que sempre que o Benfica tem um lançamento de linha lateral, o jogador vai para a bola a passo (tentem reparar a diferença de atitude do Fucile quando o Porto não está a ganhar); 2) como é que um candidato ao título, estando a perder em casa, acaba o jogo com Nuno Gomes como o único avançado da equipa quando este, como todos sabemos, nem sequer é um finalizador; 3) para mim o que mais me custa: o Benfica consegue entrar para a segunda parte com uma atitude em campo ainda pior do que aquela que havia transmitido no primeiro tempo. É precisamente sobre este terceiro ponto que me vou debruçar:

- Há duas situações que quero partilhar convosco. A primeira diz respeito ao seleccionador nacional de Rugby, Tomáz Morais. Apesar de não ser particular adepto dessa modalidade, acompanhei alguns jogos da selecção neste último campeonato de sete. Houve um jogo em que Portugal estava a perder ao intervalo por 15-0 frente a uma poderosa selecção. No descanso, a televisão permitiu-nos ouvir as palavras do seleccionador para os seus jogadores. Qualquer coisa como isto: "Onde está a garra?; Onde está aquela selecção que eu conheço?; malta, temos 7 minutos para entrar neste campeonato, 7 minutos ouviram?". Isto tudo num tom de alarme e ao mesmo tempo com o intuito de espicaçar e mexer no orgulho dos seus pupilos. Fiquei impressionado com o espírito do seleccionador e com a maneira como dialogou com os seus atletas. O que é certo é que, mesmo tendo perdido, a atitude foi bem melhor e conseguiram inclusivé um fantástico ensaio.

- A segunda situação diz respeito a mim mesmo quando era jogador. Tinha um treinador que, ao intervalo e quando as coisas estavam a correr mal, conseguia passar um discurso duro mas, ao mesmo tempo, de força e corajem para a equipa entrar na segunda parte com o dobro da concentração e da atitude. Não tenham dúvidas que às vezes um jogador "adormece" dentro de campo e é necessário haver um qualquer "choque" no descanso para mexer com o atleta. Felizmente, foram vários os casos de sucesso graças a um intervalo extremamente útil em termos de falatório.

Ora, serve isto para dizer que, sinceramente, dúvido que Quique Flores tenha pulso para, ao intervalo, agitar as águas. Uma equipa que luta para o título e consegue, mais uma vez, chegar ao intervalo com zero ocasiões de golo merecia um valente puxão de orelhas. Pois bem, se Quique consegue dizer no Flash Interview que o Benfica terá feito uma das melhores primeiras partes da temporada, naturalmente que consigo perceber o paupérrimo inicio de segunda parte encarnado. Seguramente que Quique terá mostrado a sua satisfação para com os primeiros 45 minutos do Benfica, algo que acho fascinante.

Sem me querer alongar muito mais, para mim o maior responsável desta desastrosa temporada (mesmo que venham a ganhar a Taça da Liga e a conquistar o segundo lugar no campeonato, é assim que a classifico) é, sem dúvida alguma, Quique Flores. Atenção, fui dos mais pacientes para com o trabalho do espanhol. Esperei, dei tempo, dei o benefício da dúvida mas chegou a um ponto (6 meses para ser preciso) e tive de dizer BASTA. Basta de incompetência, basta de tão pouco futebol, basta de tão pouco trabalho apresentado. Com o ordenado que ganha e com os jogadores que tem à sua disposição, vos garanto que com Jorge Jesus esta equipa não estava nesta situação. Sabem porquê, porque o treinador do Braga não trocaria Cardozo por Nuno Gomes empatado em casa e não teria "falinhas mansas" ao intervalo depois de uma exibição tão fraquinha diante do pior Vitória de Guimarães dos últimos anos.


PS: Atenção ao menino Urreta. Apesar de ainda ter mostrado pouco no Benfica, gostei de ver a sua prestação ao serviço da sua selecção. É rápido e tem técnica. Precisa de crescer e de se adaptar à Europa. Se lhe derem tempo e espaço, pode fazer-se.

1 comentário:

Anónimo disse...

Caro Bruno, totalmente de acordo, excepto num ponto: infelizmente, tal como tu sabes, não precisei de esperar 6 meses para perceber que Quique Flores não tinha qualidade para orientar um dos melhores plantéis que me lembro do Sport Lisboa e Benfica.
Os erros de palmatória foram aparecendo desde o primeiro jogo da pré-temporada, se bem te recordas, e porque o vimos juntos, no António Coimbra da Mota, no Estoril. Daí para cá, só a qualidade individual inegável de grande parte dos atletas tem servido para ganhar jogos. O colectivo, pouco ou nada existiu. Atrevo-me a dizer que só gostei de quatro exibições do Benfica esta temporada: a recepção ao Nápoles, para a Taça Uefa, a recepção ao Sporting, na primeira volta do campeonato, e as deslocações ao Estádio do Dragão e ao Estádio dos Barreiros. Pouco, muito pouco! Numa palavra: Confrangedor!
Tal como tu dizes na peça e muito bem, mesmo que os encarnados conquistem o segundo lugar, o que duvido, e logrem levantar a Taça da Liga, mais reticências, a época não é mais do que negativa.

Um abraço!