Três jogos que dão que pensar. Porto - Sporting, Inter - Roma e Atlético de Madrid - Barcelona. Quem como eu viu os três, percebeu o desnível que existe do campeonato português para os demais. Nem sequer me estou a referir à qualidade individual ou colectiva das equipas portuguesas; falo sim, na capacidade física após um confronto europeu. O nosso clássico ficou marcado pela fragilidade física das duas equipas que, automaticamente, levou a um péssimo espectáculo de futebol. Infelizmente, os "grandes" não estão preparados para jogar ao mais alto nível na Europa. O Porto é talvez aquele que mais se aproxima da realidade europeia mas, na minha opinião, este ano tem dois problemas que poderão ser decisivos (pela negativa): a falta de um banco à altura e a pouca margem pontual que tem no campeonato que obriga Jesualdo a não fazer uma gestão de plantel como gostaria.
Em Espanha tivemos aquele que é, na minha opinião e até ao momento, o jogo da época. Que partidazo nos proporcionaram Atlético e Barcelona. Grandes golos, emoção até final, resultado imprevisível, inumeras situações de golo, casos, enfim, um autêntico recital de bom futebol. Lá está, tudo isto só foi possível pela excelente condição física de ambas. Naturalmente que depois veio o talento que permite a estes atletas jogarem futebol em vez de praticarem atletismo.
Sinceramente, fiquei surpreendido com a prestação do Atlético. Depois de estarem a perder 0-2 e 2-3, nunca baixaram os braços e tentaram jogar sempre "taco a taco" com o Barça. Foi, contudo, um Atlético diferente daquele que, por exemplo, jogou contra o Porto. Apesar do mesmo sistema e praticamente os mesmos jogadores, a chave esteve no posicionamento de Diego Fórlan. O uruguaio foi essencial em termos ofensivos mas também ao nível defensivo. Quando o conjunto madrileno perdia a bola, Fórlan baixava no terreno e encostava em Touré. Isso permitiu que Raúl Garcia vigiasse Xavi e Assunção vigiasse Gudjhonsen. Ou seja, o Atlético equilibrou na luta a meio-campo onde se sabe que o Barcelona é fortíssimo. Além disso, Fórlan a "10" permitiu que o Atlético fosse mais organizado e menos previsível nas suas transições ofensivas. Aproveito ainda para dizer que este Fórlan está feito um senhor jogador. Se fosse hoje, estou certo que Alex Ferguson não o dispensaria do seu Manchester United.
Quem também apareceu em grande foi Kun Aguero. Para quem tinha dúvidas, o argentino fez questão de mostrar que é um enorme jogador. Para além dos dois golos, partiu completamente a defesa catalã. Ah, não esquecer também o extraordinário jogo de Simão Sabrosa que colocou por diversas vezes em sentido o melhor lateral direito do Mundo.
Quanto ao Barcelona, é notório que não está a atravessar um bom momento de forma. Ainda assim, não há motivos para alarme. A equipa continua a mostrar argumentos ofensivos e vai certamente melhorar os seus níveis de concentração aquando das transições defensivas. É pena que esta equipa não tenha um guarda-redes à altura. Mesmo assim, acredito que vão ser campeões.
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