domingo, janeiro 25, 2009

Grandes em análise



Olhando para a prestação dos três "grandes", facilmente chegamos à conclusão que o Porto foi o grande vencedor da jornada. Os "dragões" foram os últimos a entrar em cena e, de certa forma motivados pelos deslizes dos seus rivais, não fizeram por menos e rubricaram uma exibição sensacional em Braga. É certo que diferente do habitual - menos posse de bola e mais em contra-ataque - mas, ainda assim, uma prestação fantástica daquela que é, no meu entender, a equipa mais capaz de chegar a Maio no primeiro lugar.

Começando pelo Benfica, apetece-me dizer mais do mesmo. Contrariamente ao que se passou na Trofa, desta vez tivemos uma equipa "encarnada" com atitude e com muita vontade de ganhar. Desse ponto de vista, não podemos apontar nada aos jogadores. O problema é que isso, para uma equipa da dimensão do Benfica, não chega. É gritante a falta de colectivo e a incapacidade da equipa em actuar num bloco. E depois, caros leitores, há pormenores que definem quando uma equipa respira ou não confiança: falo-vos da finalização. Assim de repente, reparem na ansiedade com que os jogadores do Benfica e Sporting encaram os momentos cruciais quando se encontram isolados e, em antitese, Lisandro López na cara de Eduardo em que tem serenidade, frieza e classe para empurrar para a baliza. Porventura poderá ser um pormenor sem grande interesse mas que, no fundo, reflecte um pouco a diferença entre o Porto e a concorrência.

Ainda a respeito do Benfica, muito honestamente, não vejo nem reconheço capacidade a esta equipa de lutar até ao fim pelo título. Atenção, vejo muita qualidade nos jogadores que compõem o plantel mas, pelos vistos, isso não chega para Quique formar uma grande equipa. A palavra tempo é sempre importante e, nesse capítulo, dei algum benefício da dúvida a Quique. A questão é que, no meu ponto de vista, já é tempo a mais. Com 6 meses de temporada, sinceramente, já deveriamos ter uma equipa mais rotinada e com um futebol mais atractivo. Não se vê pressão ofensiva, não se vê trabalho nas bolas paradas, não se vê desequilibrios nas laterais, ninguém é capaz de pautar o jogo, enfim, vê-se muito pouco para quem quer ser campeão. Depois, se em termos de união e espírito de grupo é importante que todos os jogadores se sintam úteis - e nesse aspecto Quique é rigoroso já que, à excepção de Cardozo, quem joga bem continua como titular independentemente de ter mais ou menos nome - acho, no entanto, que estar sistematicamente a mudar de jogadores e a fazer uma nova equipa de jogo para jogo é completamente despropositado. Espero estar enganado mas estou convencido que Quique não vai ser capaz de "levar o barco a bom porto".

Olhando para o Sporting na Madeira, diria, em primeiro lugar, que assistimos a um grande jogo de futebol, especialmente no segundo tempo em que o perigo rondou as duas balizas. Qualquer uma das equipas poderia ter vencido e, quando assim é, o futebol é que sai a ganhar.
Ainda antes de tecer algumas considerações sobre a prestação leonina, gostaria de enaltecer o grande trabalho de Manuel Machado à frente do Nacional. Confesso que gosto particularmente deste treinador já que é daqueles que encara todos os jogos para ganhar. Nota-se trabalho nesta equipa madeirense e verifica-se que há jogadores com talento para outros palcos. Rúben Micael - ontem esteve mais apagado do que é habitual - e Nené são dois tremendos jogadores. O primeiro é uma autêntica "formiga". Corre que se farta, pensa todo o jogo da equipa, joga bem com os dois pés e tem poder de finalização já que dispõe de um forte pontapé. Assim de repente, é jogador para equipa grande. Relativamente a Nené, acho que estamos perante um excelente avançado. É verdade que muitas vezes é egoísta nas suas acções mas isso nem sempre é negativo, tendo em conta que estamos a falar de um verdadeiro ponta-de-lança. Nené é daqueles que só vê baliza. Bom controle de bola, capacidade em jogar de costas para a baliza, excelente no jogo aéreo e não menos bom na finalização com os pés fazem deste brasileiro o actual melhor marcador da liga e uma das figuras até ao momento.

Sobre o Sporting, creio que há dois aspectos que prejudicam o funcionamento da equipa: as fracas primeiras partes e a inegável dependência de Liedson. O conjunto leonino não tem entrado bem nos jogos. A equipa entra de forma lenta e não assume as rédeas do encontro. Só quando se apanha a perder ou então quando vê o tempo escassear é que vislumbramos um outro ritmo e uma outra dinâmica. Não pode ser assim já que estamos a falar de um clube que é favorito em 90% dos jogos que faz em Portugal. Depois, temos a questão Liedson. Quando o brasileiro não aparece tanto, a equipa ressente-se. Continuo a achar que Postiga é um jogador banal já que, apesar de esforçado e empenhado, não causa desequilibrios, não ganha bolas de cabeça e tem uma incrível falta de ligação com o golo.
Contrariamente ao Benfica, nota-se que há rotinas e há boa circulação de bola da equipa, também acho que há boa ligação entre sectores mas falta aquilo que, no fundo, é o mais importante: capacidade em desequilibrar. Nesse aspecto, temos Liedson - agora também Vukcevic - e pouco mais. Quando numa equipa jogadores como Postiga, Moutinho, Romagnoli, Rochemback e o próprio Izmailov raramente fazem golos, dificilmente se pode ganhar os jogos em que o grau de dificuldade e a exigência são maiores.

Finalmente o Porto. Para ser curto e grosso, o Porto foi beneficiado em Braga mas não foi por isso que ganhou. Venceu porque, efectivamente, foi muito superior a uma das melhores equipas portuguesas. A dinâmica do meio-campo e a extraordinária capacidade ofensiva da equipa faz toda a diferença. É um regalo para qualquer treinador ter Lucho González - ainda que muito longe do seu melhor -, Lisandro López e o incrível Hulk, um autêntico achado. Para quem gosta de futebol, é impossível ficar indiferente à qualidade destes sul-americanos. Depois, Meireles, Fernando e o próprio Rodriguez lutam que se fartam e fazem o chamado "trabalho sujo" da equipa. Custa muito a alguns admitir mas a verdade é que este Porto, mesmo mais irregular e até menos fulgurante que em anos anteriores, tem tudo para continuar na frente e ser, mais uma vez, campeão.

Sem comentários: