quinta-feira, dezembro 06, 2012

A DIFERENÇA ENTRE PERCEBER E CONCORDAR


Ainda sobre o jogo de ontem. Li algumas opiniões criticas em relação à maneira como Jorge Jesus mexeu na equipa no segundo tempo. Segundo muitos, as alterações acabaram por matar ofensivamente o Benfica.

Ora, não nego isso. Claramente que a equipa - com excepção daquela oportunidade flagrante do Maxi - deixou de conseguir produzir. Mas vamos analisar isso com mais profundidade.

Ponto prévio: as alterações coincidiram mais ou menos com a entrada de Messi em campo.

Ponto 1.

Saída de Nolito para a entrada de Bruno César. O espanhol tinha amarelo, tinha acabado de fazer uma falta dura e, nesta altura, o Barça estava claramente a superiorizar-se no meio-campo e a ocupar espaços mais perto da baliza de Artur. O que pensou Jesus? A ter de ganhar, não queria abdicar das duas unidades na frente e, como tal, optou por colocar um médio ala capaz de, em situações defensivas, fazer de "terceiro médio". Não havendo Enzo Perez - jogador ideal para essa função -, optou por Bruno César em detrimento de Gaitán. Não concordei mas percebi a ideia.

Ponto 2.

 No seguimento do 1. Colocar Gaitán significava maior acutilância ofensiva mas, ao mesmo tempo, maior debilidade defensiva. Imagine-se que Jesus colocava o Nico, a equipa perdia o jogo e o Celtic terminava empatado. Lá vinham os criticos condenar a ambição desmedida de Jesus. Preso por ter cão e preso por não ter, naturalmente.

Ponto 3.

O jogo estava a aproximar-se do fim e, por aquela altura, o empate era um bom resultado. Volto a frisar que Messi estava em campo e que o meio-campo encarnado começava a sucumbir fisicamente. O que fez Jesus? Tirou as duas unidades da frente e lançou André Almeida e Cardozo. 

Quanto ao André, nada a dizer. Mesmo que a equipa tivesse de ganhar o jogo, um equilíbrio no meio-campo era imperial. Só se pode chegar ao ataque se a equipa tiver bola e tiver um centro do terreno com dinâmica e agressividade. Ora, por esta altura, já não o tinha. André Gomes havia desaparecido do jogo e Matic, depois de tanto correr, começava a dar sinais de fadiga. Como tal, impunha-se a entrada de um terceiro médio. Enzo, Martins ou Aimar eram mais bem vistos mas, no essencial, concordei com esta substituição.

No caso de Cardozo, a sua entrada já é mais discutível. Disse-o ontem que este não era jogo para o paraguaio. Talvez o ingresso de Gaitán (à vagabundo lá na frente como Jesus já o havia feito com Di Maria) se justificasse mais mas, ainda assim, percebi a ideia do técnico. Ter alguém forte lá na frente para tentar segurar jogo, ganhar faltas e, quem sabe, num remate de longe fazer a diferença. Jesus sabe que Cardozo a qualquer momento pode resolver e, por isso, decidiu lançá-lo. Afinal de contas estamos a falar do melhor marcador da equipa.
Como disse, pessoalmente não tinha feito esta substituição mas não veio mal ao mundo por essa mesma se ter realizado. Além disso, mais uma vez é importante frisar que foi feita quando o empate interessava.

E é por isto tudo que repito aquilo que disse ontem: para uma equipa que tinha de ganhar e que jogava fora de casa, quanto a mim as ausências fizeram-se notar mais no Benfica do que no Barça. Imaginem o que seria se: entrasse Sálvio fresquinho para o lugar de Nolito; e com Aimar e Enzo disponíveis, tenho a certeza que Jesus tiraria André Gomes e um avançado e não os dois como se sucedeu.

Criticar o treinador é sempre a via mais fácil. Estar lá e tomar decisões na hora (sem saber o resultado das suas alterações) é extraordinariamente difícil. Continuo a defender este treinador e vou mais longe: nesta altura, só o trocaria por dois treinadores no Mundo. Sim, tem e, até prova em contrário, sempre terá o meu apoio.

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