segunda-feira, abril 09, 2007

Bwin: Benfica perde dois pontos e vê fugir (de vez!?) o FC Porto



EDUARDO MÃOS DE TESOURO!

BEIRA-MAR 2-2 BENFICA



Para quem costuma visitar o blog, já facilmente reparou que o mesmo é escrito por benfiquistas. Nunca o escondemos e nunca deixámos que esse factor fosse decisivo para as nossas análises. Além do mais, procuramos dizer aquilo que pensamos e evitamos quase sempre cair na subjectividade de analisar o trabalho da equipa de arbitragem. Raramente nas análises falamos do árbitro porque, neste espaço, o que nos interessa é falar do jogo propriamente dito. Como tal, não vou falar de Lucilio Baptista como, por norma, não falo de qualquer outro seu colega. Não justifico derrotas do meu clube com erros de arbitragem e não é meu feitio pegar nesse assunto quando os rivais ganham de forma mais dúbia, se assim se pode dizer.
Posto isto, com toda a naturalidade digo que infelizmente o Benfica deu um grande (quase que definitivo) passo atrás na luta pelo título. Infelizmente o meu último texto pós-vitória do Sporting em Braga teve algum fundamento. Quer queiramos quer não, a verdade é mesmo esta: neste momento, o Benfica não tem argumentos para lutar pelo título. Quando falo em argumentos, não me refiro obviamente à qualidade da equipa encarnada. Não. A equipa de Fernando Santos já deu provas suficientes do seu valor e da sua qualidade. No onze base encarnado, facilmente constatamos que todos os jogadores são internacionais "A" pelo seu país. Em Aveiro a excepção foi David Luíz mas sabemos que falta Luisão. E não estamos a falar de selecções sem grande nome. Estamos a falar dos campeões do Mundo (Itália), dos anteriores campeões (Brasil) e dos campeões e vice campeões europeus (Grécia e Portugal). Só isto mostra a valia do onze do Benfica.
Agora, há efectivamente outros argumentos que fazem com que o Benfica, nesta altura, não seja candidato ao título. Naturalmente que o factor fundamental é o aspecto físico. Os jogadores não são máquinas e, como tal, têm de ter quebras inerentes ao brutal desgaste que têm conhecido nesta época. Um único exemplo é suficiente para chegarmos a tal conclusão. Vejamos o caso do grego Katsouranis. Há quanto tempo o número 8 não faz um golo? qual foi a última vez que vimos o grego dentro da área a procurar dar seguimento a um cruzamento vindo da ala quado, como todos sabemos, esse aspecto era uma imagem de marca do mesmo? quantas foram as recuperações de bola nestes últimos dois meses comparativamente aos dois meses imediatamente anteriores? sinceramente, não me lembro e não sei responder a muitas destas questões mas o que sei é que o grego é a imagem do actual Benfica.
Depois vem o aspecto que mais me preocupa. O banco de suplentes. Estou convencido que o Benfica, comparativamente às equipas que lutam para os primeiros lugares nos mais importantes campeonatos europeus, é aquele que possuí um maior número de jogadores no seu plantel com menos minutos nas pernas. Visto bem as coisas, Moretto/Moreira, Pedro Correia, Miguelito, Beto, João Coimbra, Manú, Paulo Jorge, Karyaka e o próprio Mantorras não têm mais de 450 minutos jogados, ou seja, o equivalente a 5 jogos completos. E estes números para muitos deles, está bem nivelado por cima.
Parece-me claro como a água que o Benfica não pode enveredar pela política que tem seguido nestes últimos anos. Espero bem que o empate (derrota!) em Aveiro tenha servido, de uma vez por todas, para explicar ao Senhor Luis Filipe Vieira que uma equipa como o Benfica não se pode dar ao luxo de ter no banco o salvador Mantorras, sendo o resto paisagem. É que se é para isso, contratem-me já. Peço seguramente menos dinheiro que os que lá estão e trato certamente melhor a bola que muitos dos pseudo-jogadores que têm vestido ao peito o símbolo de um clube com tamanha dimensão. Razão tinha a "velha raposa" quando simplesmente abdicou da Taça Uefa. É mesmo assim. O italiano tinha um plantel de 13 jogadores (11 + Mantorras e João Pereira) e entendeu que só podia ser campeão tendo o menor desgaste físico possível. Como a Taça de Portugal, contrariamente à Uefa, era uma competição onde só se jogava esporadicamente, o italiano entendeu (e muito bem) concentrar-se nas competições internas. Todos nós sabemos que esse objectivo foi alcançado muito arduamente mas todos também ficámos com a sensação que o futebol demonstrado foi fraquinho e, mais importante ainda, todos nós sabemos que as péssimas épocas dos rivais Porto e Sporting ajudaram bastante ao êxito encarnado.
Há dois anos atrás o final foi feliz, diria, muito feliz até, mas... hoje por hoje, a conversa é outra. De quando em vez ainda aparece o salvador Mantorras mas não podemos estar todos os anos à espera que o Deus angolano salve o Benfica ou então, vendo por outro prisma, não podemos estar sempre à espera que Sporting e Porto percam sistematicamente e ajudem o glorioso.Há, portanto, necessidade de tomar medidas, há, efectivamente, a obrigatoriedade de ter, nos próximos anos, um plantel bastante mais equilibrado. Percebo perfeitamente os esforços que a direcção encarnada faz em manter, ano após ano, os melhores jogadores; sei perfeitamente que é muito díficil um clube português conseguir tal coisa, mas, por outro lado, não percebo porque não se aposta mais no mercado português onde há jogadores que querem aparecer no Mundo da bola, querem mostrar serviço, querem aprender e, como segundas opções, até podiam ser benéficas para o clube; não percebo como é possível que uma equipa profissional e de classe europeia "ataque" um final de época somente com 3 defesas centrais, um defesa lateral direito ou um médio defensivo. Sinceramente, não dá para perceber.

Em relação à partida de ontem, é díficil falar da justiça ou injustiça do resultado. O Beira-Mar, dentro das suas possibilidades e com todas as limitações que possuí, procurou fazer o seu jogo, baseou-se na luta, na entrega e na fé em aproveitar qualquer tipo de erro do adversário. Podemos apontar o anti-jogo aveirense (com o autocarro lá bem atrás) ou também as inumeras faltas que sistematicamente faziam como justificação do empate benfiquista mas, muito honestamente, tal facto seria, de certa forma, desviar as atenções daquilo que, quanto a mim, me parece mais importante: aquilo que o Benfica fez e aquilo que faltou.
Na minha opinião, acho que a equipa treinada por Fernando Santos fez tudo o que podia fazer. Faltou discernimento? obviamente que sim. Faltaram pernas? é evidente que faltaram. Faltaram alternativas no banco? isso já todos sabemos. O Beira-Mar foi feliz na forma como chegou aos golos? claro que sim. Agora, o que é certo é que a equipa mostrou uma tremenda atitude e enorme vontade de vencer, mostrou uma fantástica disponibilidade em querer ir para a frente com tudo, mesmo que as pernas já revelassem sinais de fraqueza, mostrou argumentos válidos e suficientes para adquirir três preciosos pontos. Não o conseguiu mas fez para o conseguir, o que, por si só, me deixa menos triste.

Com tudo isto, parece-me que é fácil a análise a este jogo. O Benfica entrou em campo como saíu. Dominador, muito atacante e muito ansioso em querer rapidamente chegar ao golo e empatado. Costuma dizer-se que a ansiedade é inimiga da perfeição. Foi precisamente o que se passou no Mário Duarte. Contra a corrente do jogo, e num dos poucos ataques que o Beira efectuou, chegou ao golo. Mais uma vez, Anderson podia ter feito melhor, mais uma vez o Benfica viu-se perante a incómoda situação de ter de reverter um resultado, algo que tem acontecido nos últimos encontros.
A partir desse importante momento, o Benfica aventurou-se desesperadamente no ataque e o Beira-Mar, perante uma prenda caída do céu, agarrou-se com "unhas e dentes" ao resultado e defendeu como pôde tal preciosidade. Para isso contou com Eduardo. O guarda-redes aveirense, muito embora não tenha efectuado aquelas defesas que ficam na retina, mostrou sempre uma enorme segurança e agarrou tudo o que havia para agarrar. Sinceramente, não conhecia muito bem este Keeper mas, pelo que vi, fiquei muito impressionado.
Até final, e já com Mantorras em campo, o Benfica lutou, trabalhou e, novamente ao minuto 82, foi premiado com mais um golo do angolano que, mesmo limitado fisicamente, demonstra um carácter e uma atitude fabulosa, digna de um grande profissional que, só por esse simples facto, merece ester no Benfica ano após anos.
Como era sabido, a igualdade não interessava e, nesse contexto, a equipa encarnada foi para cima de forma desesperante em busca do golo da vitória. Antes mesmo do Beira-Mar ter chegado ao 2-1, Simão teve uma excelente jogada pela esquerda e, não fora uma má conclusão da jogada pelo próprio, podiamos estar perante novo tento encarnado que seria, sem dúvida, o golpe final nas pretensões aveirenses de pontuar. Tal não aconteceu e, para piorar as coisas, Matheus e Delibasic aproveitaram a natural desorganização defensiva do Benfica para dar um novo "soco no estômago" a Fernando Santos e companhia.
Com 6 ou 7 minutos para jogar (já com os descontos), louve-se a atitude encarnada que nunca desistiu e ainda conseguiu chegar à igualdade com um golo de Simão de grande penalidade. Fernando Santos ainda acreditou na vitória perante um ou dois cantos que a equipa teve no último suspiro mas o resultado ficou mesmo numa exasperante igualdade a dois golos, resultado que, por aquilo que se passou, deixou tremendamente desanimado os dois técnicos.

Parece-me que resta ao Benfica apostar todas as suas forças na Taça Uefa e se, para isso, tiver de passar pelo poupar de algumas peças no campeonato, sou o primeiro a assinar por baixo.
Venha o Espanhol, venha essa recuperação física e, logicamente, mental; venha essa vitória e a consequente passagem às meias-finais onde certamente o Werder Bremen nos esperará.

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