SEM DÚVIDA

Pese embora a boa entrada do United no jogo e, num plano oposto, os minutos iniciais nervosos do Barcelona culminados com a fortuna do golo de Eto'o no primeiro remate à baliza, me parece que neste jogo ficou claramente provado que a melhor equipa desta temporada foi, efectivamente, o FC Barcelona. Mesmo com algumas ausências importantes no sector defensivo, o meio-campo do Barcelona foi demolidor e elevou o futebol ofensivo do Barça para um patamar superior. É injusto destacar individualidades quando, na verdade, foi o colectivo que sobressaiu. Ainda assim, apetece-me mencionar os nomes de Messi, Xavi e Iniesta que, mais uma vez, mostraram todo o seu potencial. Uma amplitude de movimentos e uma capacidade em reter a bola fora do vulgar. Um regalo para os olhos dos adeptos.
Ainda antes de analisar alguns erros que, na minha opinião, Alex Ferguson cometeu, há um outro nome que quero salientar neste Barcelona: Piqué. O jovem central esteve impressionante. Não lhe detectámos quaisquer falhas frente à sua antiga equipa. É um defesa que tem evoluído bastante e, como tal, custa-me a perceber o porquê de Ferguson se ter libertado dele e, mais estranho ainda, por apenas 5 milhões de euros.

No que diz respeito ao United, acho que, desta vez, o seu treinador cometeu erros de palmatória. Como é sabido, o Manchester tem variado entre o 4x3x3 e o 4x4x2. No jogo de ontem o modelo aproximou-se mais do 4x4x2 e, ainda antes de o jogo começar, pareceu-me claramente um erro. Vejamos:

- Busquets, Xavi e Iniesta para Anderson e Carrick. Giggs tinha a tarefa de fechar ao meio fazendo de terceiro elemento mas andou completamente perdido na primeira parte. Além do mais, não me parece que fosse o jogador ideal para correr atrás do carrocel blaugrana.

- A ausência de Daniel Alves e de Abidal impunha jogadores mais explosivos nas alas. Pareceu-me um total disparate encostar um jogador como Rooney à ala, sabendo que Puyol não iria causar problemas em termos ofensivos. Todos nós sabemos que o treinador do Manchester prefere retirar Ronaldo nas alas em jogos desta dimensão mas, neste caso, acho que se impunha explorar a ala esquerda com um verdadeiro extremo. E Rooney, mesmo cumprindo muito bem como extremo, é bastante mais forte em zonas centrais.
Já no outro flanco, Park também poderia muito bem ter sido dispensado, alinhando Giggs no local onde mais rende. Neste caso, entraria Tevez de início, um jogador mais ofensivo e que seria importante para anular a saída de bola deste trás do Barcelona.

- A saída de Anderson ao intervalo revelou-se dramática para o United. Percebo que Ferguson quisesse trazer mais poder de fogo ao ataque - esta substituição costuma resultar contra a esmagadora maioria das equipas - mas, abdicar praticamente de ter recuperadores de bola perante um meio-campo da dimensão do Barcelona acabou por ser determinante no desfecho do jogo. O Manchester ficou à mercê do Barça e o resultado surgiu com a maior das naturalidades.

Estes foram alguns dos erros que, no meu ponto de vista, Ferguson cometeu. Ainda assim, é extremamente difícil bater este Barcelona seja qual for a táctica, seja quais forem os jogadores. Josep Guardiola está de parabéns. Para quem o conheceu como jogador, fica com a sensação que há muito dedo do espanhol nesta verdadeira máquina de jogar à bola já que os processos são muito parecidos com aqueles que Guardiola executava quando jogava neste fantástico clube. Toque rápido, posse de bola, movimentações rápidas sem o esférico, sentido de baliza, capacidade de finalização, médios a aparecerem em zonas de finalização... Enfim, um espectáculo à parte.