sexta-feira, novembro 06, 2009

EM LIVERPOOL É OUTRA CONVERSA...


EVERTON 0-2 BENFICA
(Saviola, Cardozo)



Excelente exibição do Benfica em Liverpool, cidade que começa a ser uma espécie de talismã para o clube "encarnado". Vitória muito importante que permite aos da Luz encararem os dois últimos jogos desta fase de grupos da Liga Europa com mais tranquilidade. Um ponto é suficiente para garantir a passagem pelo que, quase garantidamente, o Benfica juntar-se-á ao Sporting (também não está matematicamente apurado mas estará, com toda a convicção, na próxima fase) no sorteio após esta primeira etapa.

Em relação ao jogo, tivemos duas partes distintas. Num primeiro período, o Benfica procurou, essencialmente, defender bem. Jesus previu uma entrada forte do seu opositor e, na minha óptica bem, derivou David Luiz para a esquerda da defesa e Ramires para o centro do terreno no lugar de Aimar. Nesse sentido, o Benfica ganhava mais altura atrás e mais músculo no centro do terreno. Depois, nas alas, Di Maria e Coentrão procuravam dar sequência ao futebol ofensivo do Benfica, fazendo uso da velocidade e dos ataques-rápidos. Diria, sobre este último aspecto, que não resultou da forma como Jorge Jesus gostaria. Alguns passes falhados no miolo e pouca clarividência dos alas do Benfica fizeram com que, em termos ofensivos, o Benfica não tivesse o poder de fogo que já vem habituando. Não obstante, a melhor ocasião do primeiro tempo acabou por pertencer aos "encarnados" com uma bola ao poste cabeceada por Cardozo seguida de recarga de Saviola que obrigou Howard a trabalhos esforçados.

Na etapa complementar, a música foi outra. O Benfica pressionou mais alto e mostrou o futebol que vem habituando os adeptos desde o início de temporada. Importa dizer que não foi o Everton que quebrou, foi sim o Benfica que aumentou o ritmo. Aliás, basta ver que pelo onze apresentado de início e pelas alterações efectuadas no segundo tempo - nomeadamente a entrada de Aimar -, a estratégia de Jesus era mesmo esta: contenção no primeiro tempo e posse de bola com transições rápidas no segundo período.
Foi sem qualquer surpresa que o Benfica chegou à vantagem. Primeiro foi Di Maria (completamente isolado atirou por cima) a ameaçar, depois foi Saviola a marcar. Este golo teve o condão de matar por completo o pouco Everton que havia até então. Tirando uma ou outra iniciativa do russo Bylialetdinov, a defesa benfiquista praticamente não foi chamada a trabalhos de força maior.
Apesar de em posição irregular, o segundo golo "encarnado" surgiu pouco depois e com perfeita naturalidade. Já com o maestro em campo, as famosas "tabelinhas" apareceram em catadupa e a qualidade do espectáculo subiu ainda mais de nível. Mais do que a vitória, o que dá um prazer enorme é ver a forma desinibida e espectacular com que Aimar envolve todos os seus companheiros de equipa e estes respondem com classe e inteligência. Um verdadeiro regalo para os olhos.

Destaques:

- É difícil destacar alguém neste jogo quando, valha a verdade, todos se apresentaram a um nível bastante elevado. A defesa, no seu todo, esteve segura, fundamentalmente no jogo aéreo - salientar a entrada de Sidnei no onze, jogador que esteve bastante bem, não se notando a falta de ritmo pelo facto de ter poucos jogos no que vai de temporada -; no meio-campo, Rúben Amorim (começou como lateral mas com a lesão de Ramires, foi para o centro do terreno) fez, quanto a mim, o seu melhor jogo nessa mesma posição; Coentrão fechou bem o seu flanco mas não trouxe nada de especial em termos ofensivos; Di Maria e Saviola apareceram a espaços no primeiro tempo e "rasgaram" por completo no segundo; Cardozo trabalhou muito e viu premiado o seu esforço com mais um golo (de belo efeito, diga-se!); Aimar entrou muito bem e foi fundamental na forma como a equipa aumentou o ritmo e não deixou o Everton ter bola em situação de desvantagem no marcador; mas, se tivesse de destacar alguém, escolheria JAVI GARCIA. O espanhol, mais uma vez, esteve impressionante. Varreu tudo lá atrás, dobrou os laterais, quebrou o ritmo do adversário sempre que necessário, anulou Fellaini e Cahill quando foi preciso, enfim, mais uma exibição extraordinária deste enorme jogador.

PS: Mais uma pálida exibição do Sporting diante de um modesto adversário. Apesar de gostar de Paulo Bento e de achar que fez muito por esta equipa, não creio que este seja capaz de dar um novo rumo a este plantel. Há um desgaste enorme e a pressão é cada vez mais elevada. Entendo que a sua saída é inevitável.
Agora, a questão que se coloca é a seguinte: conseguirá algum treinador, neste momento, fazer melhor que Paulo Bento tendo em conta a classificação actual da equipa e também algumas lacunas que existem neste plantel leonino? Tenho as minhas dúvidas.
A título de curiosidade, pergunto: Seria André Vilas Boas uma boa opção para este Sporting ou seria um risco? Recordo que essa mesma questão também foi colocada pelos entendidos aquando da contratação de José Mourinho por parte de Vale e Azevedo.

4 comentários:

Anónimo disse...

Como sócio efectivo e detentor de lugar anual desde 2003, apenas posso numa palavra dizer o que me vai na alma: OBRIGADO! Todos aqueles que neste momento se sentem contentes, saberão mais tarde ou mais cedo, que se hão-de deitar na cama que fizeram...Com muito pouco, o Paulo Bento fez muito. Mas fundamentalmente, para quem gosta do clube, fez mais do que isso: defendeu-nos, representou os nossos valores e tantas vezes sozinho...Foste enorme, sentimos orgulho...Até sempre Paulo!

Pedro Faria

EDUARDO MARQUES disse...

Concordo inteiramente, Pedro! Para além de toda a qualidade que sempre demonstrou, e caíndo num lugar comum, "fazendo omeletes sem ovos", Paulo Bento tem, quanto a mim, uma qualidade que lutarei para que me acompanhe durante toda a vida: A DEFESA INTRANSIGENTE DOS SEUS VALORES! E atenção: os valores acima citados, nada têm que ver com os desportivos! "Apenas e só", valores culturais, educacionais! Nesse capítulo, Paulo Bento ganha aos milhares de pontos a quase todos! Como adepto de futebol, mas acima de tudo, cidadão do mundo, espero e desejo ardentemente que Paulo Bento volte ao activo o mais depressa possível. Acompanhá-lo-ei, seja em Portugal ou no Cazaquistão!

Saudações desportivas!

Anónimo disse...

Tenho muita pena deste desfecho, porque admirava muito o Paulo Bento pela sua personalidade. Já há poucos homens sérios e coerentes e gostava, apesar de achar não se rpossível, que continuasse ligado ao clube. O sporting precisa de pessoas sérias, determinadas e que gostem e defendam o clube. O Paulo encaixa que nem uma luva.

Por outro lado, acho que não havia outra alternativa para inverter a sucessão de maus resultados. Era preciso uma lufada de ar fresco. A mudança em certas alturas é positiva: um factor novo introduz motivação e ao alterar o estado das coisas, limpa a pressão que estava instalda nos jogadores. Espero que reconheçam que grande parte das vitórias até ao final da época são devidas ao Paulo Bento.

E gostava muito de ver no próximo jogo em casa um cartaz gigante de agradecimento.

OBRIGADO PAULO!

Pedro Roque

Anónimo disse...

Foste um general que defendeu sempre a soberania da Pátria Leonina. Isso não se esquece... Fizeste-nos sonhar tantas vezes...Não foste, mas és um campeão!Serás sempre um dos nossos Paulo! Agora descansa em paz... E quando quiseres regressa ao cofre onde guardamos o coração.Também é teu. Para sempre. Obrigado!

Pedro Faria