sábado, setembro 25, 2010

Benfica passa na Madeira





Segunda vitória consecutiva do Benfica para o campeonato, a terceira seguida se contabilizarmos também o triunfo frente ao Apoel. Começamos, portanto, a ver um Benfica mais regular no que toca aos resultados (nota também para o facto de não ter sofrido golos nos respectivos jogos) mas ainda tem um longo caminho a percorrer, tendo em conta a elevada fasquia deixada do ano passado. É verdade que a equipa do Benfica dispôs de inumeras ocasiões para marcar - poderiamos estar aqui a falar de uma goleada ao nível da época passada - mas, no meu entender, continua a entrar mal nas partidas, não assumindo o jogo desde o início, permitindo ao adversário ganhar confiança e, com o desenrolar do jogo e a consciência do nulo no marcador, acreditar que é realmente possível fazer o Benfica tropeçar. Mais do que tardar em matar o jogo - e hoje foi nitidamente o que se passou -, penso que, neste tipo de encontros, a chave passará por fazer uma entrada forte no sentido de rapidamente chegar à vantagem (ainda hoje tivemos esse exemplo no jogo do Porto frente à Olhanense, algo que também já tinhamos visto na Madeira frente ao Nacional).

Decisivo Coentrão...

Não há dúvida que Fábio Coentrão tem sido o jogador "+" deste Benfica. Hoje voltou a fazer um grande jogo (particularmente na segunda-parte) e, desta vez, contribuiu com um golo, algo que é uma raridade. Se me perguntassem se acho boa esta opção de Jesus em colocar Coentrão a médio ala, responderia de uma forma pouco clara já que por um lado, e tendo em conta aquilo que se viu nos últimos dois jogos, o Benfica ganha velocidade e mais verticalidade no seu jogo, um pouco à semelhança daquilo que se via o ano passado com Di Maria; por outro lado, acho que Jesus faz mal já que Coentrão também consegue dar essa qualidade ao lado esquerdo do ataque partindo de lateral e, o aspecto principal, a equipa não ganha rigorosamente nada com a titularidade de Peixoto. Além disso, já vi Coentrão e Gaitán fazerem coisas boas juntos e gostaria de os ver numa fase boa da equipa (começa a ser o caso) em que os níveis físicos e psicológicos estão mais elevados.
Posto isto, no futuro gostaria de ver Coentrão e Gaitán mas agradar-me-ia ver o português a extremo na deslocação à Alemanha. A equipa na Champions não vai sempre jogar em ataque continuado e é preciso ter homens na frente (Coentrão, Saviola ou Sálvio) que metam a defesa contrária em sentido.

Roberto, Maxi, Sálvio e Cardozo...

Sobre Roberto, creio que o espanhol fez o melhor jogo com a camisola do Benfica. Fez três ou quatro defesas de grande qualidade e, desta vez, esteve impecável sempre que atacou os cruzamentos. Nota-se que está mais confiante e está a começar a transmitir isso para os companheiros de equipa.

Maxi Pereira foi, neste jogo e mais uma vez, o elo mais fraco desta equipa. Podem argumentar que o uruguaio dá tudo em campo, podem desculpá-lo com o facto de ter vindo mais tarde em virtude do Mundial mas os factos são para ser analisados de forma séria. Para não variar, foram muitos os erros do uruguaio: limitações gritantes na recepção de bola, dificuldades no passe, mau posicionamento defensivo (então quando apanha um jogador rápido pela frente é um problema), enfim, é verdade que sob ponto de vista da aplicação nada se lhe pode apontar mas só esta virtude não pode fazer deste atleta um titular do Benfica. Como tal, Rúben Amorim contra o Schalke.

Gostei da entrada de Sálvio na partida. Para quem teve tanto tempo parado e com ainda pouco tempo de Benfica (futebolisticamente falando), confesso que me agradou a forma desinibida com que foi para cima dos adversários e se mostrou confiante em algumas abordagens ofensivas. Foi pouco tempo, é certo, mas prometeu. Esperemos que possa aparecer bem contra o Schalke já que é importante ter alguém com as suas características naquele flanco. É que, Gaitán, pese embora ter feito uma exibição satisfatória, não tem os argumentos necessários para poder jogar naquele flanco, até porque, fundamentalmente, lhe falta pé direito.

Óscar Cardozo daria um case study curioso. Olhando para as estatísticas, é inegável que tem dado muito ao Benfica. O problema é que jogos como hoje dão razão a quem desconfia da utilidade de Cardozo nesta equipa do Benfica. Depois de, na semana passada, ter feito o melhor jogo com a camisola dos "encarnados", hoje voltou a fazer um mau jogo, ao nível dos muitos que tem feito esta época. Muito lento, passivo e profundamente perdolário.
Ora bem, na minha opinião, Cardozo está longe de ser um "fora-de-série" ou um verdadeiro matador, pese embora as estatísticas contrariarem esta minha ideia. Sustento esta minha posição dizendo que Nuno Gomes também fez 24 golos numa temporada e todos reconhecemos que o "21" do Benfica nunca foi nem nunca será um "matador". Por outro lado, também estou contra aquelas pessoas que assobiam Cardozo ou que entendem que o paraguaio nada traz ao futebol do Benfica. Pelo exposto, diria que a minha opinião sobre o "tacuara" está ali algures no meio. E é por isso que não consigo compreender esta obcessão de Jorge Jesus por Óscar Cardozo. Até mais do que Saviola, Jesus entende que Cardozo é um titular indiscutível e SEMPRE a tempo inteiro. No meu entender, Saviola estava a ser um elemento válido no ataque, mexido e, pareceu-me, em boas condições físicas. Já Cardozo queixava-se das costas e andou literalmente a arrastar-se no campo, mais visível a meio da segunda parte. Não compreendo a entrada de Jara e a saída de Saviola - Jesus é fiel à sua ideia de jogar com um "pinheiro" e uma "florzinha" em simultâneo, sendo contra a combinação de dois "pinheiros" ou duas "flores" (raramente se viu Kardec com Cardozo em campo na época passada e raramente se deverá ver Saviola com Jara nesta época). Não concordo com esta visão até porque cada jogo é um jogo e às vezes é importante mais velocidade na frente ou então mais altura na área.

Pelo exposto, diria que tivemos um Benfica razoável em que evidência melhorias comparativamente ao que vimos no início de época mas ainda com alguns problemas para resolver, nomeadamente nas laterais e na forma de abordar os jogos desde o primeiro minuto.

Sobre o Schalke...

Pelo facto do Schalke 04 ser o próximo adversário do Benfica, estive com atenção a este último jogo. Saldaram-se com um comprometedor empate caseiro frente ao Borussia Monchengladbach e a coisa só não foi mais negra (estiveram a perder 0-2) porque um jogador dos forasteiros foi expulso, obrigando a equipa a jogar mais de 20 minutos com dez unidades.

Pelo que vi deste jogo (foi a primeira vez que vi o Schalke esta época), diria que o Benfica tem francas hipóteses de conseguir um bom resultado (o empate, no meu entender, já seria um bom resultado). O Schalke tem muito boas individualidades mas ainda está longe de ser uma boa equipa. Essencialmente, porque defende mal. É uma equipa que ataca com muita gente e é facilmente surpreendida em contra-ataque. Posso dizer-vos que foram muitas as situações em que vi os dois laterais, ao mesmo tempo, perto da baliza contrária. Se a isto juntarmos o facto dos centrais (Metzelder e Plestan) serem muito duros de rins - fazem do jogo aéreo o seu ponto forte -, creio que o Benfica tem francas hipóteses de surpreender os alemães e marcar fora de casa.

Não sei em que sistema Magath se vai apresentar contra o Benfica mas gostaria que jogasse com a táctica que utilizou no primeiro tempo. Magath jogou numa espécie de losango, com um afunilamento tremendo de jogadores no corredor central. Não há dúvida que Jurado e Rakitic são dois jogadores de grande qualidade técnica mas, invariavelmente, ocupavam uma zona central do terreno. Por conseguinte, a equipa ficava sem asas e, nesse sentido, Raúl e Huntelaar raramente eram servidos com qualidade.
No segundo tempo, com a entrada de Fárfan, a equipa ganhou essa tal verticalidade no seu futebol e foi por aí que conseguiu chegar à igualdade. Huntelaar e Raúl foram melhor servidos e, naturalmente, fizeram a diferença.

Desconfio deste Schalke, mesmo sabendo que ocupa a penúltima posição na tabela classificativa. Naturalmente que a confiança não é muita mas são competições diferentes e isso poderá ser um estimulo na tentativa de inverter este cenário francamente negativo. Não se pense que o público do Shalke vai criar um ambiente hostil à sua equipa porque, a ver por este jogo, foram muitos os aplausos/cânticos e ZERO os assobios.
Para concluir, penso que a chave para um bom resultado do Benfica terá de passar por uma entrada determinada no jogo. Marcar primeiro será meio caminho para um resultado positivo.






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