quarta-feira, setembro 29, 2010

DESILUSÃO




Muitos erros individuais para quem quer andar numa competição como a Liga dos Campeões. De parte a parte. O problema foi que de um lado tivemos uma equipa que soube aproveitar os lapsos defensivos do opositor - o Schalke - e do outro tivemos uma equipa que, pese embora ter apresentado maior maturidade e um melhor colectivo (nomeadamente na primeira parte), não soube explorar as fragilidades do adversário - o Benfica -. Por conseguinte, diria que ganhou a "menos-má" equipa sob o terreno de jogo, sendo que, pela forma inteligente com que conseguiu esconder as suas inumeras limitações no segundo tempo, acabou por merecer vencer.

O positivo:

- Num jogo muito pouco conseguido do Benfica, diria que o que de melhor vimos foi a entrada forte e personalizada da equipa no jogo, a controlar a posse de bola e a pressionar alto. Havia escrito no pós-jogo da Madeira que ainda não tinha visto o Benfica fazer uma entrada forte nas partidas, ao nível daquilo que viamos na época passada mas, desta feita, isso voltou a acontecer. Salvo raras excepções, creio que é assim que o Benfica tem de entrar em campo, nomeadamente contra grande parte das equipas portuguesas que defronta.

- Naturalmente que, quando se perde, é difícil arranjar argumentos positivos. Destacaria, ainda assim, a prestação de Roberto que, nas poucas vezes que foi chamado a intervir, mostrou estar presente. Salientar a enorme defesa a remate de Rakitic no primeiro tempo.

O negativo:

- Se olharmos para os golos do Schalke, facilmente detectamos erros individuais que não podem acontecer a este nível. No primeiro golo, vimos que César Peixoto não pode continuar a ser titular no Benfica. Não traz nada em termos ofensivos e é um desastre a defender. Quando olhei para o onze inicial do Schalke e vi que Fárfan iria ser titular, perspectivei problemas no lado esquerdo na nossa defesa. Na segunda parte o peruano apareceu no jogo e fez a diferença.
No segundo golo, é fácil apontar o dedo ao David Luiz. É verdade que perdeu a bola a meio-campo mas, quanto a mim, em virtude de uma tremenda infelicidade. Mas, se repararem, quando o Huntelaar faz o golo, o defesa mais perto do holandês é precisamente o David Luiz. Ou seja, a recuperação dos centrais (Luisão e Javi que compensou a subida do brasileiro) foi feita de forma muito lenta. Falta-me apenas apontar o outro protagonista deste lance: Maxi Pereira. Não percebo como é que numa situação em que o Schalke não tem superioridade numérica, o Maxi prefere colar-se ao Luisão (bem numa primeira fase mas mal a partir do momento que chega o extremo) em vez de acompanhar a movimentação do seu marcador de serviço. Naturalmente que Raúl, apercebendo-se da situação, explora o flanco do uruguaio e o resto já todos sabemos.
Pelo exposto, mais uma vez afirmo que uma equipa que quer ser grande na Europa não pode ter laterais deste calibre mesmo sabendo que, se olharmos para as estatísticas, estão no lote dos 5 jogadores que mais kms correram dentro de campo.

- A lesão de Cardozo. Tenho curiosidade em ver mais vezes o Kardec em campo mas nunca através da infelicidade de um companheiro de equipa. Ainda assim, com a lesão do paraguaio, espero que Jorge Jesus dê mais oportunidades a Weldon que, no meu entender, merecia mais minutos em virtude da relação tempo-qualidade de jogo que desempenhou tão bem na época passada.

- As substituições. Percebi a entrada de Sálvio ao intervalo, não percebi a troca de Aimar por Saviola a meio da segunda parte. O Schalke tinha poucas unidades no meio-campo e nunca foi uma equipa dominadora. O Benfica não tinha necessidade de reforçar esse sector, pese embora a importância da equipa não perder o jogo. Um pouco à imagem daquilo que haviamos visto em Berlim o ano passado, fiquei com a impressão que Jesus preferiu jogar pelo seguro tentando segurar o empate do que propriamente ir à procura do triunfo. Perceberia essa ideia se o Schalke tivesse a sufocar o Benfica ou se o Schalke vivesse um bom momento psicológico capaz de, nos últimos 20 minutos do jogo, empurrar o Benfica para a sua área. Como não era o caso em ambas as situações, achei um erro tirar Saviola (não a entrada de Aimar) e, para ser franco, a querer ser conservador, teria até mais cabimento tirar Cardozo, deixando uma unidade mais móvel e mais criativa no ataque para, quiçá, aproveitar uma situação de contra-golpe.

- O resultado e a vitória do Lyon. Como se não bastasse ter perdido, o Benfica ainda permitiu um segundo golo que, nas contas finais, poderá ter muita importância. Caso Benfica e Schalke se mantenham em igualdade pontual no final, creio que o primeiro critério é precisamente o confronto directo (se estiver errado alguém que me corrija). Se assim for, o Benfica terá de obter uma vitória expressiva sobre o Schalke sob pena de correr riscos neste particular. Veremos.
Confirmou-se também que, ao contrário daquilo que Jesus disse, o Apoel vai mesmo ficar em último do grupo. É uma equipa muito inferior a todas as outras e, em Israel, o Benfica terá, no mínimo, de fazer o mesmo resultado que o Schalke fará. Já em Lyon, tudo o que seja não amealhar pontos poderá significar o adeus à Champions até porque estou convencido que o Schalke fará, no mínimo, 4 pontos nas próximas duas jornadas.

Em suma, creio que este jogo ilustrou bem as deficiências deste Benfica. Na minha opinião, é necessário melhorar a qualidade nos corredores e entrar de forma determinada nos inícios de ambas as partes. Nesse particular, já tivemos algumas melhorias mas é preciso dar continuidade a essa pressão alta e vontade em procurar cedo o golo. Estou convencido que a equipa tem tudo para melhorar se, por exemplo, apresentar o seguinte onze já no próximo jogo:

Roberto, Rúben, Luisão, David Luiz, Coentrão; Javi, Sálvio, Aimar/Martins, Gaitán, Saviola e Kardec.

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