terça-feira, março 16, 2010

EM ANÁLISE: MARSELHA - BENFICA


Em 2007 fiz um post sobre o Marselha. Na altura tinha antena parabólica e via muitos jogos da liga francesa. É curioso que, passados quase três anos, há coisas que mantenho e que coincidem com aquilo que a imprensa desportiva transmite. Aqui ficam algumas das notas que escrevi na altura e que, creio, ainda fazem sentido para este Marselha de Deschamps:

2007

"Guarda-Redes:

Com a lesão de Carrasso, avançou para a baliza Steve Mandanda. Parece-me um guarda-redes muito interessante entre os postes - rápido a reagir - e tem a capacidade (faz lembrar Lamá) de sair com muita determinação aos cruzamentos.


Defesa:

Na minha opinião, é efectivamente o sector mais fraco desta equipa. O lateral direito Zubar (também pode ser Bonnart) é frágil a defender e Quaresma pode aproveitar. Do lado oposto, o esquerdo, está, talvez, o melhor jogador e aquele que mais perigo pode causar ao FC Porto, isto porque o nigeriano Taiwo tem a facilidade em auxiliar por diversas vezes o ataque, por forma a causar desequilibrios. Muita atenção à excelência dos cruzamentos deste jogador e, já agora, à capacidade do mesmo na transformação de livres, não em jeito mas em força.

Meio-campo:

Ora, é precisamente neste importante sector do jogo que está, a meu ver, a maior força deste Olympique. São muitas as soluções e, me parece, de inegável qualidade. (...) Outro pormenor que me "saltou à vista" foi o facto de Benoît Cheyrou ser um jogador que joga muito pouco sem bola. É um jogador lento, também aparece pouco nas acções ofensivas e é incapaz de criar rupturas. A grande arma de Cheyrou é a sua enorme capacidade em efectuar passes a curta, média e principalmente longa distância. Albert Emon utiliza-o mais vezes em casa do que propriamente fora. O ex-PSG M´Bami, pela sua maior capacidade defensiva, é normalmente o escolhido para render Cheyrou.

(...)

Referência ainda para o facto do Marselha ter uma grande falange de apoio, ainda que seja muito semelhante àquela que conhecemos no Vitória de Guimarães. Os adeptos gostam muito do clube mas também são capazes de se tornarem "inimigos" do mesmo na própria partida. Recordo-me no jogo frente ao Nice, encontro que terminou com uma derrota do Marselha por 0-2 que nos últimos 5 minutos de jogo o público não parou, nem um segundo de... assobiar. No jogo deste Sábado, frente ao Toulouse, voltámos a ter muitos assobios. E não é para mais. A exibição marselhesa foi mediocre."



Não há dúvida que o Marselha tem uma bela equipa. Por norma, o Marselha joga melhor fora do que em casa. É uma equipa que gosta de transições rápidas e explora muito bem os espaços deixados pela defensiva contrária. No entanto, para este jogo, o facto de estarem à frente na eliminatória, não os obriga a jogar em ataque continuado e isso, para eles, será uma vantagem.
Lucho González é, indiscutivelmente, o melhor jogador desta equipa mas penso que, desta feita, Jorge Jesus já vai estar melhor preparado (fala-se na hipótese Ramires para o meio-campo). Se Lucho for anulado e se os alas do Marselha (acredito que entre Niang, Valbuena, Brandão ou Ben Arfa, três destes serão os titulares amanhã) forem bem vigiados (eis o meu grande receio já que não acredito em Coentrão e Maxi está longe de me encher o olho), então estão reunidas as condições para o Benfica obter um bom resultado. Naturalmente que este é o segredo em termos defensivos mas faltará o resto que será atacar e fazer golos.

PONTOS A FAVOR DO MARSELHA:

- O factor casa e o conforto de estar à frente na eliminatória;

- Tal como o Benfica, jogadores de grande classe do meio-campo para a frente;

- A composição física e atlética de praticamente todos os jogadores do Marselha que permite à equipa ganhar muitas bolas no choque directo ou no jogo aéreo;

- A velocidade dos jogadores da frente. Com Lucho e Cheyrou muito fortes no último passe, será um problema para a defesa do Benfica segurar Koné, Niang, Arfa ou Valbuena, todos eles jogadores muito rápidos.

PONTOS A FAVOR DO BENFICA:

- A boa resposta que a equipa de Jesus já deu em jogos fora e de grau de dificuldade elevado (Everton e Sporting, os exemplos mais claros);

- A importância das bolas paradas em jogos a eliminar. Há Cardozo, Aimar e Javi Garcia para os livres à entrada da área e há muita e boa gente para num livre lateral ou num pontapé de canto fazer a diferença. Numa eliminatória tão equilibrada, poderá passar por aqui a chave do jogo;

- O efeito Di Maria. É o jogador mais veloz da equipa e poderá explorar o seu corredor já que Bonnart é, quanto a mim, o jogador mais fraco do Marselha. Se estiver inspirado, poderá resolver;

PS: Olhando já para o Benfica numa perspectiva futura (e de champions), diria que falta a esta equipa velocidade nas unidades da frente para poder jogar em contra-ataque. Recordo o Benfica de Ronald Koeman que tinha Miccoli, Geovanni e Simão, unidades muito rápidas e que, fora de casa, causaram sensação (Liverpool o caso mais marcante). É óbvio que os "encarnados" têm uma excelente equipa. No entanto, para tentarem ombrear com os colossos da champions, necessitam de algo mais. Pelo exposto, escusado será dizer que avançaria para as contratações de Simão e Miccoli, por exemplo.

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