sexta-feira, março 12, 2010

EM ANÁLISE: SPORTING E BENFICA NA EUROPA





Jogo muito competente do Sporting em Madrid. Fiquei com a nítida sensação de que o conjunto de Carvalhal poderia ter trazido de Espanha um resultado ainda mais agradável caso Grimi não tivesse sido expulso numa fase tão precoce do encontro. Naturalmente que estamos a falar de um cenário meramente hipotético mas, pelo que foi visto nos minutos antecedentes à saída de Grimi, as ameaças leoninas e a forma como o Atlético de Madrid estava controlado e sem soluções, podiam ter resultado numa surpresa. Assim não foi graças à asneira do argentino e à malandrice de Reyes que é perito em sacar faltas e carregar os adversários de cartões.

Sem querer tirar o mérito aos de Carvalhal (e houve muito), é inacreditável a postura do Atlético de Madrid e do seu treinador ao longo dos 90 minutos. Uma ausência de colectivo gritante e uma total dependência das arrancadas das quatro unidades da frente. Muito pouco para uma equipa que quer ser a terceira potência espanhola. Depois, acho que já não há muito a dizer sobre Quique Flores. No banco, não comunica com os seus atletas, não faz modificações de relevo, não berra lá para dentro, enfim, deixa o jogo rolar como se nada se passasse. É impressionante como é que nem nos últimos minutos, com o Sporting reduzido a nove unidades, vimos Quique abdicar dos 4 defesas e de Paulo Assunção. Por muito que simpatize com este Atlético de Madrid, quem tem um treinador destes e uma equipa a praticar futebol desta maneira, só merece ser eliminado.

Uma palavra para a estratégia montada por Carvalhal. Funcionou na perfeição. Em primeiro lugar, dizer que é um luxo um treinador ter à sua disposição jogadores polivalentes na equipa. Com a expulsão de Grimi, Miguel Veloso ocupou com tranquilidade a posição de lateral mas também poderia ter recuado Pereirinha para a direita, passando Abel para a esquerda.
Antes e depois da expulsão, a equipa nunca se desuniu e mostrou sempre que estava em Madrid para discutir a eliminatória com o rival. O combate a meio-campo foi facilmente ganho por Moutinho, Miguel Veloso e Pedro Mendes (um trio que funcionou na perfeição) e, quando se ganha o meio-campo ao Atlético, tudo fica mais fácil. Depois basta vigiar as alas e não deixar que Aguero embale. Com efeito, o Atlético torna-se uma equipa banal.

Para a segunda mão espero um Atlético mais forte mas acredito que este Sporting, com Liedson em grande forma e com um meio-campo operário mas com profundidade ofensiva, vai ganhar e seguir em frente.



Antes de mais, dizer que é um prazer rever Lucho González a jogar em Portugal. Que jogador fantástico este argentino. Se o Porto este ano está mais fraco, não tenham dúvidas que é muito por culpa da ausência de "el comandante" no meio-campo portista. Ontem encheu completamente o campo e só por mero acaso é que não voltou a marcar golos ao Benfica. Ontem vimo Lucho e Aimar, dois maestros argentinos a comandar as suas devidas equipas e na selecção temos o velho Véron, um jogador com uma enorme visão de jogo mas, comparativamente com estes dois atletas, sem andamento para organizar o jogo de uma selecção daquele calibre. Maradona lá sabe.

Quanto ao jogo, é verdade que esperava mais da equipa do Benfica - especialmente no início onde com mais frescura física e a jogar em casa, perspectivava uma entrada mais afirmativa -, mas a condição física de alguns atletas dos encarnados aliado a uma excelente postura do Marselha, tornaram o jogo muito complicado para os da casa. Atenção, não tivemos um mau Benfica. Pelo contrário. Acho que a equipa fez um jogo sério e tentou, sem dúvida alguma, ganhar o jogo. O problema é que do outro lado estava um conjunto muito bem organizado e que, pelos vistos, estudou muito bem a equipa liderada por Jorge Jesus. Deschamps colocou Abriel, um jogador mais defensivo que Valbuena ou Bakary Koné na direita para segurar Fábio Coentrão (a ideia era essa mas Jesus acabou por apostar em Peixoto); apostou em Niang na frente (habitual extremo esquerdo da equipa) para explorar a sua velocidade em jogadas de contra-ataque e, ao mesmo tempo, segurar lá bem atrás os centrais do Benfica (principalmente David Luiz); e, no meio-campo, três homens (Lucho, Cissé e Cheyrou) que ganharam claramente a batalha a Pablo Aimar e Javi Garcia. Tal como dissemos, Lucho foi claramente o melhor jogador em campo, aparacendo em todo o lado.

Estou plenamente convencido que o Benfica tem hipóteses de passar esta eliminatória. Apesar de, ao intervalo, a vantagem ser dos franceses, acho que o Marselha é uma equipa que joga claramente melhor fora de casa do que em casa. Vamos ver como se apresentam as unidades mais importantes do Benfica em França. Parece-me que Di Maria está em grande forma mas, naturalmente, perde gás a partir dos 60 minutos; Saviola parece-me um jogador muito desgastado e, já o havia mostrado frente ao Paços, sem aquele "pique" que o caracterizou no principio de temporada; Pablo Aimar está com nítidos problemas físicos mas, descansando frente ao Nacional, poderá apresentar-se bem melhor na próxima quinta-feira; Ramires, esse, por muito mal que esteja sob ponto de vista físico, nunca parece ceder e dá sempre tudo o que pode. Muitas dúvidas para a segunda mão mas a confiança, essa, mantém-se inabalável.

Uma nota final para o golo do Marselha. Parece insistência minha (até porque sei que há muitos admiradores de Coentrão) mas, mais uma vez, o golo do adversário nasce pelo corredor esquerdo da defesa encarnada. Jesus esteve bem, na minha opinião, ao colocar Peixoto na lateral já que, não sendo nada de especial, sempre dá mais consistência à defesa mas esteve mal quando o tirou do terreno de jogo, um minuto depois do Benfica ter chegado ao golo. Até era bem visto colocar Coentrão com o resultado em branco mas, em vantagem, achei extremamente arriscado efectivar esta alteração. No golo, Bonnart ganhou as costas ao lateral e depois o resto já nós sabemos.

Dois empates na noite europeia e tudo em aberto para a segunda mão. Recordo apenas que, ao contrário do Sporting, a prioridade do Benfica deve ser o campeonato.

PS: Ontem vi duas defesas absolutamente espantosas. A primeira de Júlio César que, de forma magnífica, negou o golo a Niang e depois Mandanda que, tendo culpas no golo de Maxi, redimiu-se e sacou o golo a Ramires, desviando um potente pontapé do brasileiro para a barra.

PS1: É verdade que desta vez correu mal (já expliquei em cima o que achei da entrada de Coentrão) mas louve-se a atitude de Jorge Jesus que, em vantagem, procurou sempre mais. As entradas de Coentrão e de Éder Luís assim o traduzem. Tivesse Jesus colocado Amorim nos minutos finais em vez do brasileiro e as coisas talvez tivessem sido diferentes. Ainda assim, é mais fácil falar depois e não se pode criticar um treinador que demonstra coragem e determinação na busca pelo golo.

1 comentário:

António Pista disse...

Por incrível que pareça, e dadas as circunstâncias, o Benfica terá mais possibilidades de passar que o Sporting, senão vejamos:

- O Benfica ainda só não marcou golos em 3 partidas esta época, pelo que não se adivinha que soma o 4º jogo em Marselha;

- O Sporting fez o pior resultado que podia fazer empatando, estando sempre à mercê do Atlético marcar e complicar e muito as contas...

Duas equipas distintas, com argumentos bem diferentes!

http://aguia-de-ouro.blogspot.com