terça-feira, fevereiro 05, 2013

TÍTULO, EUROPA E MANUTENÇÃO



Ultrapassada que está a primeira metade da época 2012/2013, é já possível constatar com maior profundidade as prestações das 16 equipas que disputam a Liga na presente temporada. E tal como acontece todos os anos, há méritos e deméritos, notas mais e notas menos, no fundo, sensações e deceções. As candidaturas estão feitas!
Nesse contexto, parece-me importante sublinhar (esta ideia já não é de agora nem, muito menos, nova) que o nosso Campeonato está atualmente dividido em dois blocos: FC Porto e Benfica num patamar claramente superior -a anos luz, diria até... -, e todos os outros clubes numa "guerra" que só nas jornadas finais da prova é que se perceberá quem sairá vencedor.
O título será claramente discutido ao limite entre dragões e águias. Estou em crer que, e ao contrário do que muitos pensam, a 29.ª jornada, que nos reserva um escaldante FC Porto-SL Benfica, será absolutamente decisiva para a atribuição do ceptro de campeão.
Depois... Bem, depois há muitas dúvidas. Em relação a todos os restantes objetivos, acrescente-se. Julgo ser tão difícil poder afirmar, por esta altura, quais as equipas que vão conseguir um lugar nas competições europeias da próxima temporada - e aqui incluo a luta pelo terceiro posto que, como se sabe, dá acesso à pré-eliminatória da Liga dos Campeões -, como aquelas que lutarão pela permanência no principal escalão do futebol português.
Se tivesse que arriscar um prognóstico de forma rápida e minimamente ponderada, talvez dissesse que o SC Braga, com maior ou menor dificuldade, vai conseguir terminar no último lugar do pódio. Depois, talvez elaborasse uma lista de vários emblemas com sérias possibilidades de chegarem à Liga Europa: P. Ferreira, Rio Ave, Sporting, V. Guimarães, Académica, Estoril, Marítimo e Nacional.
No que à luta pela manutenção diz respeito, julgo que as duas equipas que deixarão a elite nacional na próxima época sairão deste lote: Moreirense, V. Setúbal, Olhanense, Beira-Mar e Gil Vicente. Sem estarem condenados, longe disso, parece-me que são os plantéis com menor qualidade e que, por essa razão, mais dificuldades terão na árdua tarefa de fugirem à denominada linha de água.

Breve análise sobre as 16 equipas da Liga:

FC Porto - O líder. Apesar de ostentar tal estatuto "apenas e só" pela vantagem na relação entre os golos sofridos e marcados, é justo dizer que o bicampeão nacional tem superado algumas adversidades e está, com total justiça, no topo da classificação. E contrariamente ao que muitos diziam, Vítor Pereira já provou que consegue colocar a sua equipa a dar espetáculo. O jogo da última jornada em Guimarães é a última prova...

Benfica - O concorrente. Os encarnados são, obviamente, o único obstáculo dos dragões na luta pelo título. Os dois conjuntos têm andado de braço dado no cimo da tabela - ora lideras tu, ora lidero eu - e assim será até ao final da prova. Com um futebol atraente, altamente vistoso sob ponto de vista ofensivo, é importante que Jorge Jesus consiga equilibrar mais a equipa defensivamente para não ter dissabores em alguns jogos futuros. As águias vão dar tudo para voltarem a ostentar o escudo de campeão.

SC Braga - A intermitência. José Peseiro tem o rótulo de "treinador do quase" e a verdade é que terá que provar o contrário para impedir de ver Braga por um canudo na próxima temporada. Os arsenalistas têm um plantel de qualidade - claramente superior a todos os outros da Liga, com exceção feita, claro está, a FC Porto e Benfica -, mas os resultados têm sido irregulares. As próximas duas jornadas (P. Ferreira, em casa, e Rio Ave, fora) poderão ditar muito do futuro minhoto.

P. Ferreira - A certeza. Habituados a lutar por outros objetivos em anos anteriores, os castores deparam-se esta temporada com o doce sabor de terem em mente um horizonte europeu. O quarto lugar na Liga (que pode passar a terceiro caso vençam o Estoril esta tarde, nos 15 minutos que ainda faltam realizar) diz bem da qualidade do trabalho realizado por Paulo Fonseca na Capital do Móvel. Aconteça o que acontecer, acredito firmemente que a Mata Real voltará a receber jogos internacionais na próxima temporada.

Rio Ave - A revelação. Sob o comando técnico do estreante Nuno Espírito Santo, a turma vila-condense está em zona europeia e tem feito por isso. Com uma equipa sem grandes estrelas - Bebé chegou há pouquíssimo tempo... -, a verdade é que o Rio Ave tem provado que é possível fazer muito... com pouco.

V. Guimarães - A juventude. Os amantes do futebol português estão habituados a ver o V. Guimarães como um dos mais sérios candidatos à Europa a cada época que passa, mas julgo que será justo dizer que esta temporada essa responsabilidade não pode ser imputada aos jogadores de Rui Vitória. O clube está a tentar reabilitar-se dos recentes problemas financeiros e até diretivos, e o que os miúdos vimaranenses têm feito em 2012/2013 deve ser altamente louvado. Mais uma prova de que os orçamentos podem não fazer assim tanta diferença se o projeto tiver bons alicerces no que à qualidade dos jogadores diz respeito...

Académica - O regresso. A Velha Senhora do futebol português volta a ter uma temporada mais de acordo com os pergaminhos do clube. Depois de um início de temporada algo titubeante - muito por culpa do desgaste causado pela (digna) presença na Liga Europa -, a Briosa iniciou há algumas semanas uma retoma assente em boas exibições e, mais importante do que isso, na conquista de pontos. Foram 7 em 9 possíveis, o que deu aos estudantes a possibilidade de subirem à primeira metade da tabela classificativa, com olhos postos numa posição... europeia. O principal objetivo para esta época é a manutenção, mas Pedro Emanuel tem um plantel com qualidade para sonhar com algo mais...

Estoril - A surpresa. Bela época, a dos canarinhos. Marco Silva é, a par de Paulo Fonseca, o treinador da Liga que mais me curiosidade me desperta, não só pela sua qualidade como também pelo discurso. Conseguiu colocar a sua equipa a praticar um futebol super agradável, quer nos jogos em casa quer nas partidas longe da Amoreira, e tenho para mim que o Estoril é das melhores equipas do nosso Campeonato a realizar as transições defesa-ataque. O que não quer dizer que a equipa não saiba jogar em posse, longe disso. Mantendo esta bitola, vai garantir rapidamente a  manutenção e pode, a partir daí, pensar em objetivos mais atraentes...

Sporting - A desilusão. Não poderia ser de outra forma, tal como demonstra a frieza dos números. No entanto, e digam o que disserem (especialmente as más línguas), o Sporting é e será sempre um grande clube, uma Instituição de referência em Portugal. A crise diretiva e, principalmente, financeira (uma coisa leva a outra...) afetam, naturalmente, qualquer equipa de futebol, e mesmo com um avultado investimento na presente temporada, a verdade é que a falta de estabilidade que se tem vivido em Alvalade não permite que os agora comandados de Jesualdo Ferreira (o professor que, como é óbvio, não tem nenhuma "varinha mágica"...) consigam ter uma regularidade que lhes permita ocupar o lugar que merecem e que, reza a história, é seu por direito próprio, ou seja, no topo da classificação. Apesar de tudo, estou convencido (convencidíssimo, até) que a experiência de Jesualdo vai ser suficiente para que o Sporting garanta o mínimo que lhe é exigível, a qualificação para as provas europeias da próxima temporada. E mesmo que tal não aconteça - e recorde-se que não seria a primeira vez que um clube grande em Portugal não o conseguia, não é Benfica? -, é bom que todos se lembrem que só os fracos desistem e apenas os fortes resistem. A história do futebol português foi também ela escrita, em grande parte, pelo Sporting Clube de Portugal. Assim sendo, é justo sublinhar que Portugal precisa do Sporting. Ao mais alto nível!

Marítimo - A incógnita. Pedro Martins não tem tido uma tarefa fácil esta época. É certo que o projeto insular passa por integrar muitos jovens da equipa B no conjunto principal, mas também não é menos verdade que o Marítimo tem um historial rico em boas classificações na Liga. A apenas 6 pontos da Liga Europa, julgo que os madeirenses ainda têm uma palavra a dizer nessa luta.

Nacional - A interrogação. Porque será que o outro representante da Madeira tem tido tantas dificuldades na presente temporada, algo que, inclusivamente, já levou à troca de treinador - Manuel Machado substituiu Pedro Caixinha -? O plantel parece-me interessante e, por essa razão, penso que o Nacional também vai intrometer-se na "guerra" pela Europa.

Gil Vicente - A irregularidade. Em Barcelos mora uma equipa que, por estes dias, está já reconstruída em relação ao que foi inicialmente planeado. Muitas saídas e entradas na janela de transferências em janeiro (Hugo Vieira é o expoente máximo da melhoria que pode ser associada ao Gil) permitem ao clube encarar o futuro com mais otimismo, mas os galos não podem pensar em mais nada do que apenas na manutenção. Mas tenho ideia que os galos terão acento no poleiro da Liga 2013/2014.

Olhanense - O reboliço. O único representante algarvio na elite do futebol português vive um período complicado. A temporada tem sido negativa, o projeto inicialmente liderado por Sérgio Conceição caiu por terra devido às inúmeras divergências entre o anterior técnico e a direção do clube (embora a saída do treinador tenho sido "a bem", algo que se saúda), e o Olhanense, agora pela mão do experiente Manuel Cajuda, terá que ir buscar forças onde, porventura, elas não existem para evitar a despromoção. A qualidade de plantel não ajuda...

Beira-Mar - A esperança. O mês de janeiro pode ter sido importante para Ulisses Morais. Tonel, Dani Abalo, Yazalde e Tozé Marreco chegaram a Aveiro para ajudarem o clube a fugir à zona perigosa da tabela, e perante a qualidade inegável que possuem podem deixar o treinador aveirense um pouco mais descansado. Ainda assim, há muito trabalho pela frente...

V. Setúbal - O sério candidato. À beira Sado mora um dos principais candidatos à descida de divisão. Se o plantel já era fraco à partida, mais debilitado ficou com a saída de Meyong (apesar da entrada de Makukula...) que, nos primeiros meses da época, foi um autêntico milagreiro. Os sadinos estão abaixo da linha de água e não me parece que tenham argumentos para de lá saírem.

Moreirense - O condenado. Uma equipa que em 17 jogos venceu apenas 2 (curiosamente ambos contra o Nacional) terá sérias dificuldades em conseguir aguentar-se. Jorge Casquilha já cedeu o seu lugar a Augusto Inácio no banco dos cónegos, mas nem a experiência do novo timoneiro deve ser suficiente para evitar o regresso à 2.ª Liga. 

 EDUARDO MARQUES

2 comentários:

Unknown disse...

Bom trabalho. Só faltou fazeres referência aos jogadores (+) de cada equipa que era para me ajudares para os mvps do rola. A ver se deixo de meter mvps que nem sequer jogam. :)

EDUARDO MARQUES disse...

LOL... Falta aí trabalho, meu querido. Não é só mamares jogos do estrangeiro para escolheres os Marcadores de Serviço! :) Sim, um dia destes talvez faça um trabalho sobre os jogadores que se têm destacado esta época. Obrigado. Um abraço!