terça-feira, junho 17, 2008

EM ANÁLISE: ALEMANHA




Como era esperado, é a Alemanha o nosso adversário nos quartos-de-final do Euro. Frente a uma selecção da Austria esforçada mas com pouca qualidade, os germanicos cumpriram a sua missão e carimbaram o passaporte para a fase a eliminar da competição.

Serve este post para, de certa forma, fazer a antevisão desse grande jogo (talvez o cabeça de cartaz dos quartos já que provavelmente Itália e França serão eliminadas e a Roménia jogará com a Espanha ao passo que a Holanda medirá forças com Suécia ou Rússia, jogos em que há claramente uma diferença de potencial) que oporá o 3º e 4º classificados do Mundial de 2006.

FAVORITO?

- Ouvi ontem Rui Pedro Rocha, comentador Sporttv, afirmar que a Alemanha é uma selecção que está perfeitamente ao alcance de Portugal. Ora, como é óbvio, acho um exagero colocarmos as coisas nesse modo. Mesmo sabendo que os dois últimos jogos dos alemães mostraram-nos uma selecção muito pouco entusiasmante e até algo cansada, não nos podemos esquecer que estamos a falar de uma selecção com um historial muito superior ao nosso e de um país habituado a estar em todas as fases finais quer de Euros quer de Mundiais. Por tudo isto e muito mais, mesmo que Ballack ache que Portugal é favorito, na minha opinião, estamos perante um jogo de tripla e, nesse sentido, o detalhe será determinante. Assim, claramente 50/50 de possibilidades para cada um.

PONTOS FORTES DA ALEMANHA

- Experiência. É uma equipa habituada a jogos deste calibre. Se é verdade que Portugal terá alguma vantagem neste aspecto caso passe às meias-finais e jogue contra Croácia/Turquia, neste jogo, não vejo claramente vantagem para a selecção nacional.

- Jogo aéreo. Poderá ser uma arma dos alemães. Como é sabido, Portugal tem muitas dificuldades no jogo pelo ar, em especial a arara que está na baliza. Ora, particular atenção para os centrais desta Alemanha (atenção que Friedrich pode voltar a ser titular na direita e é mais um jogador muito forte de cabeça) e também à dupla Klose e Gomez que, apesar de ainda não o ter mostrado, tem também aptência para jogar de cabeça.
Por último mas não menos importante, muita atenção às entradas de Ballack que aparece muito bem na área e por várias vezes dá seguimento de cabeça aos cruzamentos vindos das alas.

- Michael Ballack. Não é novidade nenhuma, é, sem qualquer dúvida, a grande estrela desta selecção. Apesar de me parecer que este sistema não o favorece (já lá vamos!), não deixa de ser um jogador a ter em conta. De cabeça, de bola parada, através de remates de média/longa distância, é um perigo público. Para bem de Portugal, é bom que Scolari tenha alguém que esteja bem perto da estrela do Chelsea.

- Capacidade de choque. Como se sabe, quase todos os alemães (Lahm é talvez a excepção que contraría a regra) são altos e muito fortes fisicamente. Ora, num plano oposto, temos jogadores como Paulo Ferreira, Moutinho, Deco, Simão ou Nuno Gomes que se revelam bastante vulneráveis nesse capítulo. Haverá outros atributos que temos e que os alemães não têm mas, ainda assim, não deixa de ser uma arma que os germanicos costumam utilizar.

PONTOS A EXPLORAR:

Respeito sim mas medo nem por isso. Confesso que estou optimista para o jogo de quinta-feira até porque a nossa selecção já mostrou neste europeu que, num dia bom, pode fazer coisas muito bonitas. Todos sabemos que a qualidade está lá, também conhecemos as nossas principais armas e virtudes e, nesse sentido, há que explorá-las ao máximo e, aliado a isso, há que forçar os aspectos menos bons da selecção alemã.
Como tal, aqui ficam as lacunas que mais me chamaram à atenção nestes três jogos que vi da Alemanha:

- zona central da defesa. Mertesacker e Metzelder são dois jogadores muito parecidos, ou seja, ambos são muito fortes no jogo aéreo mas ambos têm algumas dificuldades quando a bola está rente à relva. Sendo Nuno Gomes um jogador mexido e inteligente na forma como abre espaços e joga quase sempre ao primeiro toque, poderá ser bom para o capitão da selecção nacional defrontar este tipo de defesas. Ainda assim, estou convicto que quando Cristiano Ronaldo passar para o meio, os centrais germanicos terão ainda mais dificuldades já que, me parece, estes têm muitas dificuldades em marcar avançados rápidos e que vão muitas vezes para o um-para-um.

- Lehmann. Apesar de achar que nas balizas as forças vão estar mais ou menos equivalentes, não deixa de ser uma incógnita aquilo que ambos (e Lehmann em particular) vão fazer em campo. Vamos torcer para que o alemão esteja naqueles dias em que uma das bolas passe por baixo das pernas ou então que se lhe escape, como tantas vezes o fez ao longo da sua carreira.

- Sistema táctico. Sem querer dar em seleccionador alemão, creio que o sistema de 4-4-2 não é o mais indicado tendo em vista as características dos jogadores que possui. Em primeiro lugar, parece-me que Frings e Ballack estão muito sozinhos no meio, a zona nevrálgica do campo. Frings tem sido, a par de Lahm, o jogador que tem apresentado uma melhor condição física mas, ainda assim, creio que não chega para todas as encomendas. Além do mais, para Frings não ficar com todas as despesas defensivas, obriga Ballack a recuar em demasia no terreno. Salvo raras excepções, temos visto um Ballack mais preocupado em garantir estabilidade defensiva à equipa do que propriamente um Ballack mais perto de zonas de finalização.
Estando plenamente convencido que Low vai manter a mesma estrutura, arriscar-me-ia a dizer que um sistema de 4-3-3 seria o ideal para esta equipa. Podolski e Schweinsteiger nas alas a servir Klose e um meio-campo com Borowski/Rolfes e Frings mais recuados e Ballack como cérebro traria, provavelmente, mais benefícios à equipa.
Isto leva-nos a outra "falha" neste sistema táctico. Pelo que temos visto, não tem sido muito compatível a dupla Klose-Gomez. Não há dúvida que ambos são jogadores de eleição. Ambos têm uma incrível veia goleadora. Contudo, aliado talvez ao facto de não estarem nas melhores condições físicas, o que é certo é que não têm correspondido às exigências. As movimentações não têm sido as melhores e o facto de muitas vezes ocuparem os mesmos espaços, retira fluidez ao jogo ofensivo da equipa. Como já havia dito também, o facto de Ballack estar muito recuado e muito alheado dasa suas tarefas de playmaker faz com que os avançados também não sejam servidos tantas vezes como era desejável. Isto leva-nos à tal questão: para Ballack estar mais vezes em sintonia com o ataque, é preciso haver uma melhor cobertura a meio-campo. Ora, para haver essa cobertura, um dos dois da frente tem de sair. Gomez seria a melhor solução para todos estes problemas organizacionais.

- Alas. A grande dúvida que paira na minha cabeça é saber como vai Joachim Low ocupar as alas. Há efectivamente várias possibilidades mas só um dado adquirido: Lahm será seguramente opção ou para o lado esquerdo da defesa ou para o direito. Poderemos ter Lahm e Podolski à esquerda e Friedrich com Fritz na direita; poderemos ter Janssen com Podolski e Lahm com Fritz; há ainda a hipótese Schweinsteiger para qualquer uma das alas.
Analisando a hipótese mais provável (Janssen+Podolski/Lahm+Fritz), poderá ser uma boa noticia para Portugal. Olhando para a esquerda, temos dois jogadores que têm algumas dificuldades no processo defensivo. Janssen, o lateral esquerdo, é um jogador forte fisicamente, bom pé esquerdo, mas dá-se mal perante jogadores rápidos. Ora, Ronaldo e Bosingwa dispensam apresentações ao nível da velocidade. Depois, Podolski tem sido claramente uma adaptação e, como é óbvio, é bastante mais forte a atacar do que a defender. Assim sendo, se Scolari for inteligente, perante este cenário, só tem de colocar Ronaldo no lado direito, evitando assim o embate com Lahm e explorando a ala mais frágil sob ponto de vista defensivo.
No lado direito, se Low utilizar Lahm e Fritz, creio que Simão e Paulo Ferreira vão estar francamente habilitados para anular quaisquer veleidades dos mesmos. Simão é um jogador muito bom tacticamente e tem pulmão e inteligência para travar as investidas de Lahm no corredor. Depois, o facto de Fritz não ser um jogador particularmente ofensivo, fará com que Paulo Ferreira tenha capacidade para estar atento ao seu marcador directo e ao mesmo tempo ajudar Simão na cobertura a Lahm, esse sim o grande dinamizador do flanco.
Em suma, se Low for previsível no onze escolhido, Portugal poderá tirar dividendos disso.

PROGNÓSTICO:

- Obviamente que tenho muita esperança num resultado positivo para Portugal. Acho que se os centrais encaixarem bem nos dois avançados, se a luta de 3 (Petit, Deco, Moutinho) contra 2 (Frings e Ballack) no meio-campo for ganha por nós e se nas alas Ronaldo, Simão e Bosingwa desequilibrarem, então acredito piamente numa vitória portuguesa. Pelo exposto, com alguma prudência aposto numa vitória pela mínima dos nossos rapazes. Força Portugal!

1 comentário:

Anónimo disse...

Excelente apreciação!Cuidado com a Mannschaft!Como dizia Lineker, o futebol são 11 jogadores de cada lado, e no final ganha a Alemanha...Ainda assim, temos uma FORÇA QUE NINGUÉM PODE PARAR!Pela Pátria SEMPRE!!!