quarta-feira, junho 30, 2010

DEU ESPANHA


Mais do que tentar disparar contra tudo e contra todos sobre o que correu mal, prefiro destacar o mérito do adversário que provou ontem o porquê de ser o campeão europeu em título e de se apresentar, para este mundial, como o candidato número "1", nas casas de apostas, a vencer o Mundial. Tentar desculpar a derrota com os erros de Queiróz ou as birras de Ronaldo e Deco parece-me completamente redutor e secundário. A principal justificação para este normal desfecho foi que apanhámos pela frente a melhor Espanha deste Mundial, a tal grande equipa que, valha a verdade, ainda não tinhamos visto no que vai de competição. Por conseguinte, a desilusão e a frustação são palavras que nos vão acompanhar nos próximos dias mas a essas gostaria de acrescentar dignidade, dedicação e vontade. Acho, sinceramente, que os nossos jogadores merecem estas palavras de conforto já que tudo fizeram para que o desfecho fosse outro. Faltou aquela ponta de qualidade extra, normal quando se defronta uma equipa superior à nossa.

É óbvio que, olhando a frio e numa análise mais profunda àquilo que foram as opções de Queiróz, se calhar os adeptos tinham tomado outras opções. Agora é fácil dizer que Cristiano Ronaldo passou ao lado do jogo e que deveria ter sido substituído ou que Pedro Mendes deveria ter jogado de início porque Pepe, apesar de cumprir em termos defensivos, não conseguia alargar o jogo português aquando da nossa posse de bola. Muito honestamente, respeito todo o trabalho que foi feito por Carlos Queiróz ao longo deste Mundial e acho que não se pode responsabilizar unica e exclusivamente o técnico português pela nossa eliminação. Bem ou mal, percebeu-se que em todas as suas decisões houve um critério. Caberá a ele justificar as suas opções mas entendi a titularidade de Ricardo Costa (acompanhar os movimentos interiores de Villa), percebi a utilização de Pepe em detrimento de Mendes (maior auxilio aos centrais para segurar Villa e Torres e, numa segunda parte, lançar Pedro Mendes para essa posição para se ter mais bola e se tentar ganhar o jogo); também compreendi a entrada de Hugo Almeida em detrimento de Liedson (está mais familiarizado com o 4x3x3 e a sua presença iria permitir a Portugal contrariar a pressão alta espanhola com o passe longo visando a compleição física do avançado do Werder Bremen; e compreendi a ideia das suas subsituições com as entradas de Danny (velocidade, mobilidade e imprevisibilidade nos três da frente), de Mendes (mais frescura e qualidade de passe no meio-campo) e de Liedson (natural que a perder se coloque um avançado). Se faria as substituições que ele tomou, é outra questão. Provavelmente teria aguentado Hugo Almeida mais tempo e seguramente que, a perder, faria entrar Deco (muito embora desconheça se estava ou não castigado). A grande questão é que agora, à posteriori, é muito fácil tomar decisões e culpar quem as tem de tomar no momento. Como já sabemos, caso as mesmas sortissem efeito, hoje estariamos a falar de uma enorme selecção e do mérito de Queiróz na forma como estudou a Espanha ao pormenor.

Sobre as declarações de alguns jogadores portugueses no final do jogo, prefiro não comentar. Assim como não gosto de falar de arbitragens, também não gosto de lavar roupa suja. O que amo realmente é falar de futebol. Fizemos o jogo possível frente a uma extraordinária equipa que tem em Xavi o seu ponto mais alto. Este médio do Barcelona é um jogador impressionante. A par de Iniesta e David Villa, claramente a melhor unidade espanhola no terreno de jogo. Sinceramente, a Espanha de ontem é muito difícil de parar. Se mantiverem este nível (que ainda não tinhamos visto nesta prova), pode vir Brasil, Alemanha ou Argentina.

Para terminar, uma palavra para alguns dos nossos guerreiros. Eduardo e Coentrão, que tanto mal já disse sobre eles, mostraram hoje (e durante todo o Mundial) que eu estava enganado. Grande atitude, grande entrega, grande segurança defensiva e, sobre Coentrão, a confirmação da sua evolução como jogador e como lateral esquerdo. Espero que cresça como homem já que a determinadas alturas tem comportamentos de um garoto (não foi o caso neste Mundial onde até pareceu mais adulto que certos jogadores).

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