domingo, março 27, 2011

EXTREMOS


Este fim-de-semana assisti a duas situações que, se me permitem, as apelido de extremistas. Por um lado, tudo aquilo que mais gosto no mundo da bola: futebol espectáculo, grandes jogadas, momentos individuais e colectivos de enorme qualidade, enfim, um verdadeiro hino ao futebol. "Falo" do jogo entre Estados Unidos e Argentina, onde os argentinos, minha selecção favorita depois de Portugal, deram um autêntico recital, muito embora não expresso no resultado final que, diga-se, pouco importa nesta altura.
Por outro lado, vi com toda a atenção todos os envolvimentos das eleições do Sporting, ficando chocado com tudo o que se passou. Sobre este assunto, não me vou alongar muito porque creio que toda a gente viu as imagens ou leu tudo o que aconteceu. A única coisa que tenho a dizer é que, a ver pelas reacções vandalistas de adeptos que, inclusivamente, tentaram agredir o actual presidente, a margem de Godinho Lopes vai ser muito curta. Ao mínimo erro, à mínima falha, vai ser um problema. A começar já neste final de temporada e com o Braga de Domingos - curioso não é? - a dar tudo por tudo para alcançar o terceiro lugar. É ver para crer tudo o que se tem passado esta temporada no seio leonino.

Como é apanágio neste blog, prefiro dar relevância àquilo que realmente desperta a atenção dos apaixonados do futebol: a bola. Devo dizer-vos que gostei muito da selecção argentina, tal como me tinha agradado frente a Portugal. Comparativamente à Argentina do mundial e do louco Maradona, destacar, desde já, dois aspectos fundamentais: a existência de meio-campo e a inclusão de um verdadeiro lateral direito, o capitão Javier Zanetti que, depois de uma época sensacional com o Inter, incrivelmente ficou fora de mais um Mundial. Uma falta de respeito para com um dos jogadores mais regulares, polivalentes e profissionais da história do futebol.
Relativamente ao meio-campo, em primeiro lugar, folgo em saber que já não há Juan Véron, jogador que adorei nos tempos da Lázio mas que, nesta altura, já não tem andamento para jogar numa selecção do nível da Argentina. Ora bem, neste particular, Batista tem optado por um "trivote" com Mascherano, Banega e Cambiasso, estes últimos que nem sequer foram chamados por Maradona. Resultado: a equipa está mais bem organizada, é mais pressionante, tem critério de passe (Banega é excelente nesse particular) e permite aos alas não se desgastarem tanto em situações defensivas (doeu-me a alma ter visto Di Maria a fazer muitas vezes de lateral no Mundial).

Com a situação defensiva encaminhada, Batista, inteligentemente, aproveita para colocar Messi na posição onde ele tem treinado e rendido no Barcelona: na frente de ataque, com total liberdade para vir atrás pegar no jogo. Parece-me uma boa ideia mas com um único senão: a qualidade dos avançados ao dispor de Batista é imensa e vai fazer com que nomes como Milito, Tevez, Lisandro, Aguero ou Higuain percam espaço nesta equipa.

Para evitar deixar tanta gente de qualidade fora do onze, Batista poderá passar um avançado para a extrema esquerda tal como Guardiola faz com Villa, fazendo com que esse ala esquerdo, contrariamente ao lado direito (com Di Maria), seja um falso extremo e um falso atacante. Assim sendo, dos 5 nomes acima referidos, ganhariam vantagem Tevez e Lisandro, jogadores que também podem desempenhar esse papel.
Propositadamente esqueci-me de Lavezzi, jogador que, nos dois últimos jogos, tem desempenhado esse papel "a la David Villa". Confesso ser fã deste avançado do Nápoles e, tenho a dizer-vos que, apesar de talvez considerar o menos forte avançado entre os nomes que aqui deixei, creio que é aquele que melhor encaixa neste novo sistema de Batista já que é o mais explosivo e é o que melhor sabe sair da ala em diagonais para o centro do terreno. O jogo que fez ontem à noite foi qualquer coisa de assombroso.

Feliz o treinador que tem tantos "bons problemas" para resolver. Uma coisa, no entanto, me parece óbvia: esta Argentina está diferente e para melhor. Basta ver que, recentemente, ganhou ao Brasil, algo que não é muito habitual. Muitas soluções, portanto, e muita juventude. Faltarão aqui muitos nomes (Pastore, por exemplo) mas estou a gostar do trabalho de Batista.

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