segunda-feira, março 10, 2008

Bater no Fundo

Mais um jogo "à Benfica". Começa a ser hábito assistirmos a estas exibições no clube da Luz, sendo sistemático vermos uma qualquer equipa entrar na Catedral a controlar o jogo, a trocar a bola em pleno meio-campo encarnado e a criar ocasiões de golo. Perante mais um empate frente ao último classificado, só restou a Camacho demitir-se, situação que só peca por tardia. Sem querer debruçar-me na questão Luis Filipe Vieira e se este também deveria ter tido a mesma postura que Camacho, preferia analisar esta decisão do espanhol. Desde logo há dois cenários que podemos colocar perante esta noticia: ou Camacho teve dignidade e correcção para com o clube deixando a equipa de modo a tentar agitar as águas, revelando assim profissionalismo, respeito pelo presidente e pela instituição; ou então, num outro prisma, podemos questionar a vontade do espanhol em treinar um plantel pelo qual não se identificava ou ainda a cobardia deste em abandonar os jogadores quando ainda haviam três competições por disputar e alguns objectivos muito importantes para o futuro do clube. Ora, na minha opinião, prefiro acreditar na primeira situação. Muitos seriam os treinadores que ficavam até ao fim da época a ganhar o seu dinheiro e poucos seriam aqueles que davam "o peito às balas" assumindo as suas responsabilidades pelo incrível momento que o clube vive. Apenas referi que peca por tardia esta decisão do espanhol porque entendo que já há dois ou três meses era notória a falta de motivação de Camacho em liderar um grupo ao qual não se identificava e lhe reconhecia fragilidades - basta ver as conferências sem "sal" deste jornada após jornada -, sendo que também não podemos esquecer os problemas pessoais do mesmo que levaram ao falecimento do seu pai; obviamente que os motivos pessoais, por muito graves que sejam, não podem confluir com a situação profissional mas a verdade é que por trás do treinador há efectivamente o homem que, quer queiramos quer não, sente profundamente estas situações familiares.

Posto isto, parece-me que seria importante começar a preparar já a próxima época. Para tal, seria importante estar no clube alguém que conhecesse o Benfica por dentro. Nesse sentido, um treinador português seria essencial, sendo que nomes como João Alves, Humberto Coelho ou Álvaro Magalhães não seriam nomes mal vistos pela nação benfiquista. Creio que seria muito arriscado introduzir já no imediato alguém vindo de fora já que, não querendo sequer colocar em causa a valia do mesmo, poder-se-ia perder uma entrada na Champions por mera falta de timming.
Pelo exposto, vida muito difícil para o Benfica que só não está em pior situação porque o Sporting, também com os seus problemas, tem conseguido fazer tão mal ou pior que o seu rival.

PS: Encontro duas palavras para classificar a prestação do Leiria em pleno estádio da Luz: grande e mercenária. Não há dúvida que a União fez um grande jogo. O facto de já ter o seu futuro conhecido e de não ter nada a perder (não havia pressão) fez com que os jogadores leirienses se libertassem e jogassem o jogo pelo jogo. Independentemente da paupérrima exibição do Benfica, houve muito mérito do Leiria que accionou muito bem o contra-ataque. Nesse capítulo, destaque para a qualidade no último passe de Harisson e para a velocidade de Sougou, Paulo César e N'Gal, três "setas" apontadas à baliza de Quim. O problema é que só temos este Leiria quando os jogos são visionados na televisão ou então quando estão perante adversários do topo da tabela. Acho inacreditável como é que alguns jogadores correm e esforçam-se desta maneira nestes jogos e nos outros arrastam-se pelo campo. A União de Leiria, comparativamente a Naval, Estrela, Paços e até a Académica, tem efectivamente um plantel com mais qualidade e até mais soluções. O problema é que quer dirigentes quer jogadores deram muitos "tiros nos próprios pés" e, como tal, só merecem a descida de divisão. Este jogo foi a prova que sem humildade, sem dedicação e sem esforço não se podem ganhar jogos. A 2ª liga é o justo destino.

2 comentários:

Anónimo disse...

Rocha,

com o devido respeito, permite-me discordar das opções que apontas como futuros treinadores: João Alves e Álvaro Magalhães!?

Enquanto benfiquista, penso que não podemos cair na tentação de andar permanentemente a tentar arranjar "tonis" para agradar ao terceiro anel que se vê reflectido nesse tipo de personagens.

Se fosse essa a única hipótese e a única linha de pensamento, melhor aceitaria um Daúto Faquira ao João Alves... e por amor de Deus não me falem no Manuel José.

A demissão de José António Camacho é má notícia para qualquer benfiquista esclarecido que vê na direcção e respectivo presidente o elo mais fraco daquele clube.

As responsabilidades devem ser pedidas a quem afirmou que este era o plantel mais forte dos últimos 10 anos; a quem despediu Mourinho e Koeman (que considero um dos melhores treinadores que passou pelo benfica nos últimos 10 anos); quem contratou Marco Ferreira, Karyaka, Marcel, Bergessio, Luís Filipe, etc, etc, etc... Quem vendeu ao desbarato, Miguel, Manuel Fernandes, Simão, Karagounis (que jeito dava este ano), Miccolli... Quem contratou Fernando Santos para o despedir na primeira jornada...Quem contratou um Dragão de Ouro, Presidente da casa do FCP e homem sem nível para director desportivo do Benfica, ao qual ficam coladas as saídas de Miguel e Tiago por exemplo... E finalmente, a quem consegue afastar o público do estádio da Luz espalhando a desilusão resignada a milhões de adeptos. Este(s) sim são os verdadeiros responsáveis. Este(s)sim deveriam demitir-se.

sobre este tema escreveria horas a fio mas o desconforto com toda esta situação faz com que nem sequer me apeteça perder mais tempo com o Benfica.

Resta-me esperar por um treinador competente (estrangeiro de preferência). Scolari e Mourinho são hipóteses (e segundo sei, não tão sonhadoras quanto isso). A questão é que Scolari só aceitaria no final do Euro, e Mourinho só aceitaria se fosse permitida a sua saída mal houvesse um contacto interessante (para ele mourinho). Mas Mourinho a prazo é certamente melhor que qualquer João Alves. Parece-me óbvio...

E não me venham com a conversa de que nestas alturas é que se vêm os verdadeiros adeptos; porque nestas alturas é que se vêm as verdadeiras equipas...

A ver vamos.

Abraço JA

Unknown disse...

João, eu refiro-me ao Alvaro e ao João Alves (também podia referir-me ao Chalana) no sentido de tentar acabar esta época da melhor forma possível. Para mim o ideal até seria o Humberto Coelho numa perspectiva de próxima época até. Portanto, qualquer dos treinadores "benfiquistas" que referi, seriam apenas técnicos a curto prazo.

No que diz respeito ao Mourinho, sinceramente não acredito. Até seria mau para o clube se o mesmo fosse contratado só para terminar a época. Não somos nenhuns coitadinhos. Das duas uma, ou se contrata um treinador com um projecto definido para o futuro do clube ou então mantém-se o Chalana ou um Mário Wilson qualquer que tente apagar este fogo para, no final da temporada, se contratar alguém que rapidamente comece a definir a época seguinte...

Obrigado pelos teus comentários sempre objectivos e sim, como é óbvio, tens total liberdade para discordar comigo.

Abraço!