quarta-feira, março 05, 2008

Champions: Injustiça no Dragão

UM PAPÃO CHAMADO NEUER



O Porto está fora da Champions e da maneira mais inglória. Perder nas grandes penalidades e depois de 120 minutos de grande qualidade, não é a melhor forma de se sair de uma competição como esta. Culpados para este afastamento? Apetece-me apontar três, sendo que dois o são de forma indirecta. Desde logo, Tarik e Quaresma. É verdade que o Porto fez um jogo impressionante, é certo que o massacre que o Schalke viveu no dragão deveria ter sido mais que suficiente para a passagem dos azuis e brancos, é também correcto dizer que uma equipa alemã que veio defender de princípio ao fim não merecia marcar presença nos quartos-de-final da prova; Tudo isso tem a sua lógica mas, meus amigos, falhar golos da forma que o Porto falhou neste jogo quase que apetece dizer que quem falha tanto assim, se calhar também não merece estar entre os 8 melhores. É que, objectivamente, também é na "hora da verdade" que se vê quem são as grandes equipas. O Porto, no último capítulo, na fase capital de um jogo, não soube materializar em golo as inumeras ocasiões que dispôs. Referi-me a Tarik e Quaresma porque tiveram nos pés e na cabeça (de Tarik) as ocasiões mais flagrantes do jogo. É verdade que houve muito mérito de Manuel Neuer (já lá vamos) mas, efectivamente, houve também muita falta de cabeça destes dois atletas. Naturalmente que é sempre mais fácil analisar estas situações através do sofá mas, quer o marroquino quer o português, tinham de fazer mais e melhor. Se Tarik conseguiu fazer o impossível que foi não fazer golo de cabeça quando estava dentro da pequena área, já Ricardo Quaresma mostrou a falta de frieza que, por exemplo, Lucho ou Lisandro teriam naquela situação. Quaresma é um grande jogador, disso não há a mais pequena dúvida, mas, estando completamente isolado e tendo a seu lado Ernesto Farias - em muito melhor situação para marcar -, impunha-se, desde logo, a assistência para o seu companheiro. Quaresma tem um enorme talento mas enquanto não mudar a mentalidade em que primeiro pensa no seu umbigo e só depois na equipa, então nunca será um jogador de top mundial.

Caros leitores, já vejo futebol há muitos anos mas acho que nunca vi nada assim. Sim, estou a referir-me claramente à exibição de Manuel Neuer, guarda-redes do Schalke 04. Já vi Preud'Homme, Casillas, Buffon, Petr Cech, até Dassaev fazerem exibições de grande nível mas, muito sinceramente, não me recordo de uma exibição individual da qualidade que vimos ontem em Neuer. Se o Schalke está onde está, bem pode agracecer a Neuer já que foi um gigante à prova de fogo que conseguiu apagar a chama do dragão. Não tenho presente dados estatísticos mas estou convencido que Neuer terá feito mais de 10 defesas, sendo que algumas delas quase que impossíveis de defender. Entre essas, há duas que me apetece destacar: a enorme defesa com os pés após cabeceamento na pequena área de Tarik e a grande penalidade - ver imagem em cima - que o alemão negou a Lisandro Lopez. Assim sendo, só por este homem é que o Schalke mereceu seguir em frente.

Em rápidas pinceladas sobre o jogo - apesar de já muito ter dito -, diria que há alguns aspectos que não podemos ofuscar. Primeiramente, falar da disposição táctica do Schalke. Acho inacreditável como é que uma equipa vem ao dragão jogar "à Beira-Mar", portanto, com o autocarro estacionado em frente à baliza. Quando Asamoah e Rakitic ficaram sentados no banco, rapidamente se percebeu para o que é que o Schalke vinha. Mesmo assim, o "crime" compensou. Depois, destacar, mais uma vez, a atitude dos jogadores do Porto que tudo fizeram para inverter o rumo dos acontecimentos. O regresso de Bosingwa ajudou muito a equipa e, mais uma vez, Lucho e Lisandro (não esquecer também Paulo Assunção) tiveram absolutamente incríveis. Segundo a estatística, Lucho González terá corrido quase 15 km, o que é a mesma coisa que dizer que o argentino encheu completamente o campo. Lucho e Lixa, se dúvidas houvesse, mostraram que são dois jogadores de nível mundial.
Por último, não podemos deixar de falar da arbitragem. A não expulsão de Helton - defendeu um remate com as mãos fora da área - é algo de inacreditável. Nem foi preciso recorrer à repetição para analisar este lance. Foi uma falha enorme e que poderia ter tido influência directa no desfecho desta eliminatória. Depois, tivemos a expulsão exagerada de Fucile que prejudicou o Porto. Mesmo assim, o Porto teve muito bem com 10 elementos e foi por mera infelicidade que não marcou no prolongamento.

Tudo dito, o Porto está fora da Champions muito por culpa de um super Neuer e de uma frieza germânica nas grandes penalidades, algo que já estamos acostumados.