domingo, março 16, 2008

Um Plano B muito interessante

EM ANÁLISE: Valência - Sevilha (1-2, Albiol; Fabiano (2))



Mais uma grande demonstração do potencial do Sevilha, agora, no difícil Mestalla, casa do Valência. Uma grande primeira parte dos andaluzes com duas pinceladas fabulosas pintaram mais um cenário vitorioso dos sevilhanos que, com este triunfo, ascendem à quarta posição da Liga (a 5 pontos do Villarreal), sendo que terão de esperar pelos desempenhos de Atlético de Madrid e Racing Santander (!) para saberem se terminam esta jornada em "lugares milionários". Uma coisa é certa, se nos recordarmos do desastroso inicio de temporada do Sevilha, vê-los neste momento em perfeitas condições de discutir um lugar na Liga dos Campeões é sensacional.

Antes de analisar com mais pormenor um aspecto que me chamou a atenção nesta equipa do Sevilha, gostaria de tecer alguns comentários a respeito deste Valência treinado pelo nosso conhecido Ronald Koeman. Antes de mais, não posso deixar de dizer que se fosse eu a mandar no clube valenciano, naturalmente que Koeman já não estaria ao comando da equipa. Não, nem sequer me estou a referir aos péssimos resultados desde que o mesmo entrou em funções. Podia pegar por aí mas nem acho que seja relevante comparado com a vergonhosa atitude que esta equipa técnica teve para com Albeldas e companhias, assunto que é de conhecimento geral. Por muito "velhos" que sejam os jogadores que ele mandou para a rua, por muito mal que possa ter ouvido falar deles quando chegou ao clube, por muito boas as ideias que Koeman tenha, nomeadamente em renovar o plantel e dar novo sangue à equipa, creio que um treinador que chega a um clube não pode, em meia dúzia de dias, dispensar jogadores criados no clube, feitos no mesmo e ensinados a amar a instituição, assim por "dá cá aquela palha". Se já tinha uma má impressão do holandês aquando da passagem pelo Benfica (demasiado conservador e muito mau a ler o jogo), pior ficou depois das ridículas decisões do mesmo, juntando a tudo isso, claro está, os vergonhosos resultados que a equipa vem conhecendo semana após semana. Adiante.

Ainda em relação ao Valência, confesso que vejo muita qualidade a nível individual. Lá está, quanto a mim falta alguém que consiga fazer daquele núcleo de jogadores uma equipa competitiva. Não há dúvida que com David Silva (enorme talento), David Villa, Joaquin, o jovem Mata, Ever Banega, entre tantos outros, este Valência tem, efectivamente, matéria para se tornar num forte opositor a Real Madrid, Barcelona e (me desculpem esta ousadia), Sevilha.
Em relação ao modelo de jogo, parece-me que Koeman já percebeu que o 4-2-3-1 é o melhor sistema para esta equipa. Concordo. Acho que Banega como falso médio defensivo (não jogou nesta partida) e Maduro como o trinco desta equipa, mais David Silva a fazer a ligação do meio-campo com o ataque, parece-me uma excelente ideia. Koeman optou por alinhar com Baraja-Maduro-Silva mas parece-me que, em condições normais, Banega tem talento suficiente para ser titular desta equipa. Depois, continuo sem perceber a insistência em Arizmendi (já colocou este atleta a, imagine-se, lateral direito) quando me parece que Joaquin, pelo seu virtuosismo, técnica e velocidade, faria com maior qualidade aquela posição de extremo direito. Enfim, são opções que, muito honestamente, me fazem alguma confusão.
Na esquerda e na frente, Juan Manuel Mata e David Villa são, respectivamente, dois jogadores que, quanto a mim, seriam sempre primeiras escolhas mesmo havendo Vicente, Morientes ou Zigic disponíveis. Mata demorou muito a ser utilizado com regularidade por Ronald Koeman mas começa finalmente a ser um titular absoluto, algo que merece pela excelente temporada que está a realizar. Curiosamente, acompanhei o Mundial de Sub-20 com muito interesse, tive oportunidade de assistir a alguns jogos da Espanha e referi Mata e Capel como dois dos grandes jogadores desta selecção. Pelos vistos não me enganei.
Para não me alongar muito mais em relação ao Valência, é muito simples: uma equipa com o nível destes jogadores tem de fazer muito mais que um desastroso nono lugar (e com um jogo a mais) atrás de uma equipa como o Almeria, só para dar um exemplo. Por isso, responsabilidades óbvias para Ronald Koeman que, se tivesse vergonha na cara, já tinha colocado um ponto final nesta medíocre estada em Valência.

O PLANO "B" DO SEVILHA

No meio disto tudo, acabei por afastar-me um pouco sobre o propósito deste post: a nuance táctica que Manolo Jimenez preparou para a parte final do jogo: a utilização de 3 centrais, na circunstância, Fazio, Escudé e Mosquera. Atenção, é importante salientar que não foi pela alteração do sistema (quando a equipa ganhava 0-2) que o Sevilha ganhou ou melhorou substancialmente a sua forma de jogar. Nada disso. Mais, se repararem bem, até foi neste mesmo sistema que o Sevilha sofreu o golo, algo que no habitual sistema não tinha permitido ao Valência fazer.

Ora bem, o que quero realmente dizer com isto tudo é que, tendo em conta a constituição do plantel sevilhano, um sistema de 3 centrais poderia ser uma excelente alternativa, portanto, o tal plano "B" que, muitas vezes, até poderia muito bem vir a ser o plano "A". Se repararmos bem, nas laterais temos dois brasileiros que facilmente fazem o corredor. Daniel Alves à direita e Adriano à esquerda são dois extraordinários jogadores e traduzem exactamente aquilo que é um lateral moderno: relativamente seguros a defender e extremamente interventivos a atacar. Pois bem, com três centrais e com laterais deste calibre, a equipa poderia ganhar mais uma unidade no meio-campo para, com isso, dar mais posse de bola e até consistência à equipa. Naturalmente que falei em Adriano e Daniel Alves mas podia referi-me também a Duda, Capel ou Jesus Navas, jogadores que também fariam muito bem de laterais já que são rápidos, têm muito pulmão e são jogadores habituados a funcionar como puros extremos (e não como interiores), algo que faz muita diferença. Depois, com o fabuloso Luis Fabiano e o "panzer" Kanouté na frente, a conversa seria praticamente a mesma já que a equipa continuaria a dar muita importância às faixas, sendo que até poderiamos ter, mais vezes, alguém que não Poulsen ou Keita a aparecerem na cabeça da área, na chamada "segunda bola".

Isto tudo para dizer que estou muito satisfeito com o futebol praticado pelo Sevilha, esperando contudo que estas nuances tácticas ganhem mais expressão já que, no meu entender, poderiam fazer deste clube uma equipa ainda mais forte e com outro tipo de alternativas.

2 comentários:

hoeman disse...

Muito conforme com seu post.

Este Valencia necesita mejorar mucho, también interesante el Plan B del Sevilla con Fazio de libre y con libertad para sumarse al ataque, además de menores responsabilidades defensivas para los laterales.

Unknown disse...

Obrigado Hoeman. Desejo muita sorte ao "teu" Valência para a próxima época. Já agora, que eliminem o Barça na copa do rei.

Un saludo!!