quinta-feira, março 13, 2008

Uefa: Benfica perde novamente com o Getafe

Getafe 1-0 Benfica
(Albin)



Falta de classe, falta de qualidade, má preparação física de atletas chave, mérito do adversário... O que preferirem. Para ser muito sincero, acho que foi melhor assim. Mesmo que o Benfica conseguisse ultrapassar o Getafe, seria uma questão de tempo a eliminação da Uefa. O Getafe, sem deslumbrar, mostrou quer na Luz quer em Madrid que é, nesta altura, mais equipa que o Benfica. Desde logo porque faz funcionar na perfeição o colectivo e, muito bem treinada, sabe interpretar cada momento do jogo. Quando é preciso defender há entreajuda nos sectores, quando é preciso jogar feio, jogam, quando é necessário contra-atacar, fazem-no quase na perfeição (é a grande arma desta equipa) e só em último caso é que as individualidades se preocupam em fazer a diferença (foi o caso de Albin no único golo do jogo). Assim sendo, vitória justa para o Getafe e o adeus à Europa que, a meu ver, poderá ser benéfico já que os jogadores ficam compenetrados na Taça de Portugal e (principalmente) na luta pelo acesso directo à Liga dos Campeões, algo que, no meu entender, é, neste momento, o mais importante, até porque, quer queiramos quer não, as pernas já não dão para muito mais.

Em relação ao jogo propriamente dito, diria que Chalana tentou implementar algumas nuances ao estilo de jogo do Benfica, muito embora sem sucesso. Na ausência de um extremo direito de raíz, Chalana optou por jogar num 4-4-2 losango, isto de modo a que Léo e Nélson se preocupassem em fazer todo o corredor. A ideia era engraçada já que, neste sistema, Rui Costa teria mais liberdade para atacar e construir o ataque benfiquista, sendo que não teria grande desgaste sob ponto de vista físico já que não tinha tantas tarefas defensivas. Além disso, com Rodriguez e Maxi mais perto de Petit, o meio-campo ficava mais forte e com maiores probabilidades de ter mais bola, algo que era fundamental para se chegar mais vezes à baliza do Getafe. Finalmente, com Makukula e Nuno Gomes na frente, era necessário haver uma boa resposta ao nível das faixas e, nesse capítulo, Nélson e Léo seriam porventura as grandes armas deste modelo de Chalana.
Num plano teórico a estratégia estava bem montada - a isto tudo podemos acrescentar a pressão alta que também vislumbrámos em alguns momentos na primeira parte -, o problema é que, na prática, as coisas não funcionaram. Vamos por partes:

1. Começando pela defesa, Léo e Nélson não conseguiram dar profundidade às faixas. Ambos os jogadores (mais Nélson) revelaram estar em más condições físicas. Mais, em certos lances, Nélson revelou uma evidente falta de confiança, algo que prejudicou e muito o seu rendimento.
Quanto aos centrais, Katsouranis não esteve nos seus melhores dias. Falhou alguns passes importantes (esteve ligado ao golo do Getafe) mas, mesmo assim, sai com uma nota mais positiva que a do seu companheiro de sector. Creio que isto diz tudo em relação à "ave rara" chamada Edcarlos.

2. No meio-campo, Maxi e Rodriguez estiveram muito apagados. Se de Maxi já se esperava mais uma exibição sem sal, no que diz respeito ao "cebola" esperava-se muito mais. Rodriguez não conseguiu interpretar a missão que lhe foi incumbida por Chalana e andou completamente perdido em campo. Me pareceu que também se apresentou algo desgastado fisicamente mas o que mais me chamou à atenção foi o facto do uruguaio se preocupar em demasia nas ajudas a Petit. Nesse sentido, não conseguiu dar profundidade ao lado esquerdo do ataque, não funcionou com Léo como é habitual e, assim sendo, foi um Rodriguez muito mais defensivo do que se esperaria, ainda por mais num jogo em que o Benfica tinha obrigação de atacar muito.

3. Sem querer colocar em causa o valor de Makukula, a verdade é que o avançado português esteve completamente desinspirado. Em primeiro lugar, custa muito a um adepto benfiquista ver os seus avançados falharem golos a um metro da baliza e, olhando para Porto ou Sporting, ver Lisandro e Liedson fazerem golos incríveis e em situações em que se espera tudo menos o golo. Mas não foi por aqui que a exibição de Makukula foi fraca. Foi notório em todo o jogo a falta de ligação com Nuno Gomes e essencialmente com a equipa. Makukula tem a seu favor o facto da equipa não ter explorado as alas da melhor forma mas, mesmo assim, pedia-se mais empenho, mais garra e mais luta, por exemplo, a Ruben de la Red, jogador que, sendo um médio organizador, foi para central e jogou todo o encontro a seu bel-prazer. De la Red parecia que já jogava como defesa central há muitos anos tal era a forma descontraída como saía a jogar e como resolvia os lances ofensivos do Benfica. Culpa de Nuno Gomes e principalmente de Makukula que nunca conseguiram explorar essa situação.

4. Para terminar, não nos podemos esquecer da "ausência" de Rui Costa. O "maestro" esteve completamente desinspirado e isso reflectiu-se em toda a equipa. O que mais preocupa é que Benfica teremos para o ano sem Rui Costa e provavelmente sem Léo e Cristian Rodriguez, talvez, os três melhores jogadores deste Benfica. Nem quero pensar na próxima época até porque, há coisas muito importantes a fazer ainda nesta temporada.

Para finalizar, não creio que tenha havido falta de empenho dos jogadores. Já vi esta época jogos em que esse aspecto foi mais evidente do que no jogo de ontem. Faltaram outros pormenores e, tal como tinha dito, se calhar ainda bem que faltaram porque, muito honestamente, seria ridículo pensar-se que este Benfica tem andamento para ganhar esta Taça Uefa. Taça de Portugal num plano secundário e entrada directa na Champions como alvo principal, são estes os objectivos para o que resta de temporada.

PS: Palpita-me que estamos na presença de um futuro grande treinador de futebol. Gostei muito de ver a forma como o Getafe jogou nas duas mãos, explorando ao limite as debilidades do adversário. Estou curioso para ver até onde vai o Getafe nesta Taça Uefa (não esquecer que neste jogo tivemos um Getafe completamente remendado).

Sem comentários: