sábado, fevereiro 25, 2012

O QUE IRÁ NA CABEÇA DE JORGE JESUS?


Se me pedissem para apontar uma qualidade e um defeito de Jorge Jesus, facilmente diria que é um treinador que, por acreditar muito nas suas capacidades, pensa pela sua cabeça e não olha a opiniões de comunicação social ou adeptos para tomar as suas opções. Isto, para mim, é claramente uma virtude. Já um defeito, de certa forma relacionado com esta virtude, é a sua teimosia, algo que o leva a pensar que tem quase sempre razão. Neste particular, está bem melhor este ano mas é algo que o acompanhou sempre na sua carreira de treinador e, nesse sentido, é bastante difícil alterar essa sua maneira de estar no futebol.

Esta entrada vem a propósito do jogo de logo à noite frente à Académica. De grau de dificuldade menos elevado, comparativamente ao último frente ao Vitória, mas, em todo o caso, complicado.
Ouvi as declarações de Jesus na habitual antevisão à partida da liga e deparei-me com um comentário a respeito de Axel Witsel bastante curioso. Basicamente, Jesus diz que o belga é importante em certos e determinados jogos mas há outros em que o considera prescindível. Ou seja, Witsel é titular em todos os jogos da champions mas, para o campeonato, não há essa necessidade porque, calculo, a esmagadora maioria dos clubes são bastante inferiores ao Benfica e um sistema com 2 avançados é a melhor opção. Pois bem, respeito essa ideia mas discordo totalmente. Axel Witsel é um jogador diferente de todos os outros centro-campistas e dá maior segurança defensiva, maior qualidade na posse de bola e até alguma profundidade ao ataque. Para mim os melhores jogadores têm de jogar sempre e Witsel é claramente do que melhor existe no plantel encarnado. Ainda dou de barato não jogar em alguns jogos em casa mas fora já se torna mais difícil de compreender.

O mais engraçado é que se Jesus diz que Guimarães é dos campos mais difíceis da liga e mesmo assim não aposta em Witsel, a manter a coerência, não será frente a Académica que irá ser necessário reforçar o meio-campo. E se não ouvi Jesus dizer que, de facto, poderia ter abordado o jogo frente ao Guimarães com um maior povoamento do meio-campo, suspeito que não esteja com muita vontade de fazer uma mexida popular (os adeptos querem um trio de meio-campo) mas que vai contra a tal coerência do seu discurso. E é por isto que estou curioso em saber o que Jesus vai fazer amanhã. Ah, o regresso ou não de Javi Garcia também poderá baralhar as coisas. Jogará Javi, com Witsel no apoio e permitindo a Aimar aproximar-se do avançado? Jogará Matic e Witsel? Descairá Witsel para a direita, relegando Gaitán ou Nolito (caso Nico derive para a esquerda) para o banco? Abdicará Jesus de Rodrigo em grande forma ou de um Cardozo que está na sua melhor fase da época? São muitas questões e muitas dúvidas que só serão desfeitas à hora do jogo.


Já o tinha escrito a semana passada e volto a reiterar esta minha opinião. Acho que Jesus cometeu um erro ao não avançar com Witsel de início mas não o consigo condenar porque, de certa forma, entendi a sua ideia. E essa seria aproveitar a boa forma da dupla Rodri-Cardozo e tentar arrumar o jogo o mais rapidamente possível. Correu mal mas o pensamento de Jesus está sempre focado na baliza adversária. E se corre muitas vezes bem ao Manchester em 4x2x4, se tem corrido optimamente a Jesus na cidade do berço, certamente que hoje estariamos nós e a imprensa desportiva a salientar mais um banho táctico deste treinador. Se eu sou adepto de treinadores com mentalidade ofensiva, não posso agora condenar um treinador por ter cometido exageros quando essa sua maneira de estar e de pensar o futebol já trouxe inúmeros benefícios no passado.

Para terminar, arriscar-me-ia a dizer que Jesus vai voltar a surpreender. Suspeito que, em primeiro lugar, Jesus não irá abdicar de Cardozo e Rodrigo. Também tenho a leve sensação que o Witsel irá regressar ao onze. Pois bem, aposto na saída do Gaitán.

PS: Menos provável será a saída de Pablo Aimar do onze mas, nunca se sabe.

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