quarta-feira, fevereiro 15, 2012

ROLOU UM CLIMA


Por volta dos meus 18 anos de idade, junior, jogador dos Marrazes, desloquei-me a Alvaiázere para mais uma partida de futebol. Uma tarde cinzenta, um frio de rachar, chuva forte e um vento muito intenso. Logicamente que não tardou muito a que o campo, pelado, se tornasse num autêntico batatal. O treinador concedeu-me a titularidade e lá fui eu para dentro de campo. Normalmente, gostava de jogar à chuva mas não muita. O suficiente para me sentir mais fresco e poder aguentar mais uns minutos em campo. Quando a chuva tratava de fazer o seu papel e alagar o campo, o futebol como que se tornava para mim um aborrecimento em vez de um prazer.

Dessa partida recordo-me que fui dos primeiros a entrar no balneário mal o árbitro apitou para o intervalo. O frio era imenso e a chuva não parava de cair. Eu, médio centro, jogador mais técnico e bastante limitado sob ponto de vista físico, sentia-me como um peixe fora de água. Um jogo para esquecer, naturalmente.

Alguns anos mais tarde, já sénior, desloquei-me às Gaeiras para defrontar o Gaeirense. O clima, esse, estava horrível. Muita chuva, campo completamente destruído, enfim, tudo aquilo que um futebolista não deseja. Chegando aos balneários, 40 minutos antes da partida, o treinador inicia a palestra. Eu, totalista até então, esperava, mais uma vez, entrar de início para dar o meu contributo. Pois, surpreendentemente para mim, não ouço o meu nome no onze inícial. O treinador, alguns minutos depois, explica-me que as condições do terreno de jogo pedem um médio com outras características. Certíssimo.
Acabei por entrar num segundo tempo, com a equipa em desvantagem, e sem grandes resultados práticos.

Serve isto para dizer que o clima adverso com que o Benfica se vai deparar amanhã é, evidentemente, uma condicionante. Nesse sentido, preocupa-me bastante a maneira como alguns jogadores de baixa rotação vão reagir. E o Benfica tem alguns. Aimar, Gaitán e os próprios Nolito ou Rodrigo vão sentir algumas dificuldades. Sobretudo em relação aos dois primeiros, não me surpreenderia nada se Jesus não os colocasse de início. Se em relação a Aimar, mesmo com condições adversas e um campo em mau estado meto as mãos no fogo porque sei que vai dar tudo, já no caso de Gaitán fico com a ideia que estando ele ou estando eu, o resultado seria o mesmo. Gostamos muito de futebol e adoramos fazer as nossas brincadeiras. Porém, quando toca a jogos onde as palvras luta e trabalho árduo estão em primeiro plano, a conversa já é outra.

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