VITÓRIA IMPORTANTE

Em circunstâncias normais, este jogo a contar para as meias-finais da taça da liga seria encarado de uma forma desvalorativa. Não vibro com taças, o dinheiro também não é algo que faça realmente a diferença e encaro este tipo de jogos como uma oportunidade para ver outros jogadores. O problema é que este jogo era frente ao FC Porto, a mesma equipa que há umas semanas atrás hipotecou seriamente as hipóteses do Benfica em conquistar o título e a mesma formação que o ano passado fez a miséria que todos sabemos em pleno Estádio da Luz. Ora, se na teoria a vitória era importante mas pouco expressiva tendo em conta a competição, na prática este jogo assumia-se como importante para o Benfica, nomeadamente sob ponto de vista psicológico. Uma vitória significaria confiança para os compromissos futuros, o finalizar da tal quebra mental que acompanhava os jogadores frente ao Porto e o acreditar que estes jogadores têm valor e qualidade para ombrear com as grandes equipas, às quais o Porto tem de estar incluído.

Em seguimento do último ponto, começo por isso mesmo. O Porto tem de facto uma equipa muito competente e com jogadores com uma capacidade mental acima da média. Neste particular, a equipa portista é muito mais estável do que o Benfica. Só uma equipa com uma mentalidade vincadamente ganhadora é que consegue lutar constantemente pelos três pontos ou pela vitória nos campos dos rivais. Se repararem, nem Benfica nem Sporting têm a capacidade de lutar com frequência pela totalidade dos pontos no dragão.

Desta vez o Porto acabou por perder mas voltou a mostrar qualidade e argumentos.

Tal como no último jogo, fiquei com a ideia de uma excelente partida de futebol e com duas equipas a mostrarem vontade e atributos para vencer. Desta vez levou a melhor o Benfica mas, tal como no jogo da liga, diria que a balança poderia ter pendido para qualquer um dos lados. Ainda assim, fiquei com a impressão que, neste jogo em particular, o Benfica teve mais ocasiões (com as três bolas nos postes à cabeça) e entendo que em mais momentos de jogo foi superior ao seu adversário. Como tal, talvez acabe por ficar melhor esta vitória ao Benfica.

Destaques:

SLB:

- Capdevila. Não é fácil marcar Hulk. Mais, é extremamente difícil segurar um jogador destes quando estamos perante um jogador de 34 anos e que em 7 ou 8 meses de época fez 4 ou 5 jogos. Tirando os primeiros minutos onde demorou algum tempo a acertar, a verdade é que, depois disso, cumpriu na integra e partiu para um jogo tranquilo. É fundamental que um jogador tenha capacidade física para jogar ao mais alto nível. Verdade. Mas é necessariamente importante um atleta ter cérebro. E nisto, Cap bate Emerson "aos pontapés".

- Maxi. Marcou mais um golo e, pese algumas desatenções defensivas, acabou por fazer mais um jogo daqueles onde o empenho e a entrega contagiam qualquer um. Dos melhores do Benfica.

- Luisão. Imperial. Segurou a zona central da defesa encarnada e ajudou a ofuscar algumas desatenções de Jardel.

- Javi. Não está no seu melhor momento físico da temporada mas, ainda assim, a sua utilidade em campo é inegável. Fundamental na manobra defensiva da equipa.

- Witsel. É fantástico este jogador. Mais um jogo de muita luta e de muita qualidade aquando da posse de bola. Raramente decide mal e isso, no futebol moderno, é mais do que um elogío. Como senão, tem-lhe faltado nestes últimos jogos a capacidade para se integrar com mais frequência no ataque. É natural. Notam-se algumas quebras físicas. Não me surpreenderia nada que Jesus o poupasse no próximo jogo e, vistas as coisas, até seria uma boa jogada a pensar no Chelsea.

- Gaitán.  Sou fã deste jogador e acredito nele tanto como acreditava em Di Maria. O talento está lá e a entrega e a concentração ao jogo começam a aparecer com mais frequência nestes últimos tempos. Foi fundamental em segurar as investidas do Porto pelo flanco esquerdo e apimentou a sua exibição com um passe fantástico para o golo do Óscar. Engraçado que essa tal assistência partiu do centro do terreno, na tal posição onde muitos o gostariam de ver jogar.

- Cardozo. Entrou e marcou o golo da vitória, depois de ter deixado o rapidíssimo Mangala para trás. Contado ninguém acreditaria mas foi verdade. Pela importância do golo, pela frieza diante de Bracali e por aquilo que fez em tão pouco tempo, o paraguaio merece nota alta nesta partida.

Porto:

- João Moutinho. Terá sido o jogador mais rotativo e mais inconformado da equipa em todo o jogo. É um jogador que aprecio particularmente e só não o vejo noutros patamares pela sua incapacidade em fazer golos. Mais uma exibição de encher o olho, numa partida em que se notou a ausência de Fernando.

- Sapunaru. Não sou adepto deste romeno mas a verdade é que cumpriu a defender e foi dos jogadores mais interventivos na segunda parte ao nível ofensivo. Boa exibição.

PS: As ridículas declarações de Vitor Pereira no final da partida podiam mas não merecem qualquer tipo de comentário.  Fico-me por um... lamentável.