É frustrante quando se sente que uma vitória, por incrível que pareça, não nos deixou mais perto dos objectivos. Pelo contrário. A derrota do Barça faz com que as nossas chances de apuramento sejam poucas. Ainda assim, elas existem e, como tal, cabe a Jesus e companhia lutarem por elas. Caso a Liga Europa seja o desfecho, como se costuma dizer em linguagem futebolística, há que levantar a cabeça e atacar essa competição com a mesma seriedade e ambição que se exigem a um clube como o Benfica.
Gostei da exibição. Houve competência e qualidade nas duas partes, sendo que, em ambas, tivemos momentos de enorme classe. É verdade que podiamos ter sofrido mais do que um golo até, mas também podiamos ter marcado mais três ou quatro. E quando assim é e, naturalmente, se vence a partida, os supostos deslizes defensivos deixam de ter relevância.
Jogou mais ou menos a equipa que se esperava. Tinha dito que suspeitava que Rodrigo pudesse voltar ao onze e assim foi. Na esquerda jogou Ola John, algo que não é propriamente estranho. O holandês vinha sendo titular e, pelos vistos, Nico Gaitán não estará no seu pico de forma, ao ponto de nem sequer ter sido opção na segunda parte. A juntar a isto, o meio-campo esperado com André Almeida e Enzo Perez.
Destaques:
- MVP: Cardozo. Pela segunda vez consecutiva, o paraguaio voltou a merecer esta distinção. Esteve no melhor e no pior mas, neste caso, aquilo que de bom fez ganha outro relevo. Foi decisivo e cumpriu a missão que se exige a um ponta-de-lança. Foi pena aqueles três falhanços incríveis (a penalidade terá sido o menos escândaloso) .
- Artur: o grande responsável por a equipa sair deste jogo com as redes invioláveis. Disse sempre presente e com a tranquilidade e classe que tanto o caracterizam. Guarda-redes de topo é isto.
- Garay: jogo tremendo do argentino. A perfeição não existe mas Ezequiel faz questão de desafiar quem defende tal premissa.
- Melgarejo: a dar razão a Jesus. Muito mais calmo que Luisinho em situações defensivas. Não tem inventado e é, como já tinha referido em tempos, fortíssimo no jogo aéreo. Como se não bastasse, tem ainda pernas para auxiliar o ataque. Surpreendentemente, os problemas defensivos não têm vindo deste lado mas sim do de Maxi (mais uma vez foi um autêntico buraco).
- André Almeida: tenho de dar a mão à palmatória e reconhecer que este jovem parece muito mais jogador quando actua na sua real posição. Surpreendeu-me pela positiva. Forte no jogo aéreo, fez muito bem de Matic, apagando muitos fogos (nomeadamente no lado direito). Fez esquecer o sérvio e isso, parecendo que não, é um grande elogío.
- Enzo Perez: não foi inocente a foto que escolhi para este jogo. Que exibição tremenda do argentino. Enche-me completamente as medidas. Tudo o que faz é bem feito. Para os mais esquecidos, recordo que foi Jesus que defendeu a sua continuidade esta época e que o tornou médio-centro. Nem quero imaginar quando Aimar estiver em condições para jogar.
- Ola John: ao intervalo pensava para mim mesmo: "acho que o mister tem de o tirar e lançar o Nico. Ainda não tem andamento para este tipo de jogos". Pois bem, Jesus manteve-o em campo e o holandês arrancou para uma segunda parte de grande nível. Bom para ele e bom para a equipa. Falta-lhe maturidade e intensidade de jogo. Ainda assim, é inegável que tem bons pés e leitura de jogo. Que aprenda e que continue a crescer, é o que desejo.
Termino com uma palavra sobre o Spartak. Esta equipa que entrou de início foi precisamente aquela que vi actuar frente ao Anzhi fora de portas. Frágil a defender pelos corredores (nomeadamente aquele onde joga Makeev) e com um jogo directo, com sistemáticos passes longos a explorar as costas dos defesas adversários. Tem bons jogadores na frente mas é relativamente permeável a defender. Um pouco à imagem do Benfica, como tinha referido. Como entendo que, no conjunto das partes, o Benfica é mais forte, não me surpreendeu o desfecho final. Foi 2-0 mas poderia ter sido um 6-2.
PS: Não sei se há por aqui benfiquistas "anti-Jesus", mas, se houver, não se esqueçam que a equipa está em primeiro lugar no campeonato e conseguiu esta vitória com Melgarejo, Jardel, André Almeida e um Enzo adaptado no onze. E não vale a pena falar nos jogadores que saíram e nas muitas ausências, ou vale?
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