quarta-feira, maio 10, 2006

Superliga: Rescaldo -





Terminada a Superliga, importa analisar o que de melhor houve no decorrer desta temporada. Efectivamente, foram muitos os jogadores de qualidade que trouxeram algo mais ao futebol português. Assim, vamos aos destaques:

JOGADOR DO ANO

- Lucho González (FC Porto)



É um prazer ver jogar este médio argentino. Se pudessemos comparar, Lucho está para o Porto como Frank Lampard está para o Chelsea. Defende bem, recupera muitas bolas, raramente falha um passe, sabe ocupar os espaços e, o mais importante de tudo, é um médio que faz muitos golos já que tem uma capacidade fisica notável que lhe permite, em quase todas as jogadas ofensivas, aparecer no espaço vazio, aproveitar as chamadas "segundas bolas" que aparecem muitas vezes à entrada da área.
Este ano vimo-lo a marcar golos de cabeça, com o pé esquerdo, pé direito, fora da área, dentro da mesma, de penalty, portanto, golos para todos os gostos que fizeram do argentino simplesmente o melhor marcador do Porto.
Por tudo isto e muito mais, Lucho González é, na nossa opinião, o jogador do ano.

JOGADOR REVELAÇÃO

- Este prémio, como devem calcular, não foi nada fácil de o entregar. Muitos foram os jogadores que deram nas vistas neste campeonato. Poderiamos escolher Nélson do Benfica que fez uma primeira volta fantástica (caíu na 2ª volta!); Andrés Madrid, médio defensivo do Braga, foi um jogador bastante regular, um dos principais responsáveis pelo excelente campeonato bracarense; Pepe foi um jogador indiscutivel na estratégia de Co Adriaanse e também podia muito bem ser o escolhido, João Paulo, da União de Leiria, fez uma época fantástica, actuando como defesa central ou médio defensivo, chegando mesmo a marcar alguns golos importantes;



Meyong, que apesar de já ser uma referência no futebol português, surpreendeu tudo e todos ao sagrar-se melhor marcador do campeonato à frente de jogadores como Liedson, Mccarthy, Nuno Gomes ou João Tomás. Além disso, não nos podemos esquecer que o camaronês actuou numa equipa que desceu de divisão e, mais fascinante ainda, esteve muitos jogos ausente pelo facto de ter representado os Camarões nas Confederações Africanas; podia também falar-vos de Zé Castro, um jovem defesa central que, ao serviço da Académica, rubricou uma excelente temporada, sendo responsável pelo facto da modesta briosa se ter mantido na primeira liga. A prova da capacidade deste central é a cobiça do Atlético de Madrid pelos seus serviços. Ao que tudo indica, Zé Castro irá representar o clube madrileno na próxima temporada; finalmente, não era descabido de todo se Semedo, extremo-avançado do Estrela da Amadora, fosse a principal revelação do campeonato. O jovem português foi de uma regularidade incrivel. Marcou golos, deu profundas dores de cabeça (juntamente com Manú) a quase todas as defesas que encontrou, coube-lhe, muitas vezes, a terrivel missão de jogar mais recuado com o objectivo de segurar um resultado, travar um avançado mais veloz da equipa contrária. Semedo, a defender ou atacar, foi, sem dúvida, o jogador mais influente do Estrela da Amadora nesta época. Também, Nani, por tudo aquilo que trouxe ao futebol português, talento, imaginação, criatividade, atrevimento, podia muito bem ser a revelação do campeonato.



Mas, depois de fazermos referência a alguns jogadores que estiveram em grande nível nesta temporada, estariamos a ser injustos se não oferecessemos o prémio REVELAÇÃO DO ANO ao médio defensivo portista PAULO ASSUNÇÃO. Pois bem, o médio brasileiro estivera emprestado ao AEK de Atenas. Regressou esta temporada com o objectivo inicial de poder ficar no plantel príncipal. Ficou! Passado esta primeira etapa, o segundo grande objectivo do médio era esperar por uma oportunidade e tentar agarrá-la com as duas mãos. Ora bem, Paulo Assunção, que não começou a época a titular, teve a sua chance ainda no primeiro terço do campeonato. Na primeira vez que jogou de inicio, Paulo Assunção revelou-se um jogador de grande inteligência táctica e possuidor de uma boa capacidade a nível físico, capaz de fazer "dobras" aos seus companheiros da defesa como ninguém.
O que é certo é que o brasileiro que tinha como terrivel missão fazer esquecer Costinha, mostrou-se um jogador de grande utilidade, revelou-se um atleta de excelência, a fazer lembrar Makelelé pela maneira de jogar, de cumprir tarefas, de possibilitar aos seus companheiros uma melhor prestação em campo e uma menor preocupação a nível defensivo.
Se Lucho González e Ricardo Quaresma foram, sem dúvida, os jogadores que mais deram nas vistas no Porto, pelos golos que marcaram, pelas jogadas de grande classe que mostraram, Paulo Assunção, de outra forma, também ela de grande qualidade, merece inteiramente este prémio já que mostrou que, no futebol, o trabalho sem bola é fundamental para o sucesso de um clube.

JOGADOR DESILUSÃO



Laurent Robert. O médio francês, que chegou ao Benfica em Janeiro, veio rotulado de crack. Mourinho, ele próprio, deu o aval à contratação do esquerdino. Pois bem, nos quase cinco meses de águia ao peito, Robert, em "n" jogos como titular e outros tantos como suplente utilizado, fez, de positivo e literalmente, dois golos, um ao Estrela da Amadora e outro ao FC Porto. Exceptuando um ou outro livre, um ou outro canto, Laurent Robert passou pelos campos nacionais da mesma forma que os portugueses passam quando se deslocam ao Algarve. Inacreditavelmente, estamos a falar de um jogador que já foi internacional pela França, tão somente, uma das melhores selecções do Mundo.
Pelo que fez nesta temporada, por aquilo que "roubou" ao Benfica a nível monetário, creio que o mínimo que Luis Filipe Vieira pode fazer é oferecer este pseudo-atleta a uma outra instituição.

TREINADOR DO ANO

Podiam efectivamente ser muitos. Legião holandesa à parte (não lhes reconheço grandes virtudes), podiamos escolher Paulo Bento que pegou num Sporting completamente "virado do avesso" e deu-lhe alegria, disciplina, método, humildade, espírito de luta e de sacríficio, algo que não se vislumbrava com José Peseiro no comando da equipa. É certo que não conseguiu o objectivo pelo qual o Sporting se propõe no inicio de uma qualquer temporada. No entanto, dadas as circunstâncias, conseguiu algo muito mais importante: Paulo Bento, fez os adeptos acreditar que era possível ganhar o campeonato. Mais, Bento conseguiu estar a 4 jornadas do final da prova a depender unica e exclusivamente de si para levantar o "caneco". Se, aquando da saída de Peseiro, o mais optimista dos adeptos leoninos acreditava que o Sporting conseguiria ficar em terceiro à frente do sensacional Sporting de Braga, aquilo que Paulo Bento trouxe ao Sporting foi, no mínimo, fascinante!
Contudo, não irei dar-lhe o prémio de Treinador do Ano porque, entendo, acho que esta lembrança encaixa melhor num treinador que conseguiu algo sensacional e numa equipa pequena, o que ainda é mais dificil. Já lá vamos.
Podia também destacar Jesualdo Ferreira pela excelente primeira volta que efectuou e pela luta que deu aos grandes fazendo Portugal pensar, a dada altura, que o seu "Braguinha" poderia mesmo ser campeão nacional; Poderia louvar a excelente época de Manuel Machado no comando do europeu Nacional da Madeira. O 5º lugar na competição, numa equipa que tem 3 anos de Superliga é fantástico.



Finalmente, podia salientar o trabalho realizado por Paulo Alves e por Rogério Gonçalves ao serviço de Gil Vicente e Naval, respectivamente. Estes homens, pegaram nas suas equipas numa fase avançada da prova e numa situação profundamente complicada. O cenário de despromoção assolava as cabeças dos adeptos e dos jogadores. Contudo, fruto de um trabalho baseado no sacrificio, na luta, na humildade e na coesão de grupo, Gil Vicente e Naval conseguiram, in extremis, a tão desejada salvação. Assim sendo, aqui têm um merecido destaque.



Mas, na nossa modesta opinião, e fazendo um pouco juz à cidade onde vivemos, o treinador do ano para o blog é JORGE JESUS, treinador da União de Leiria.
Este Homem, com nome divino, conseguiu um autêntico milagre em Leiria. Pegou na equipa em penúltimo lugar, só à frente do Penafiel. Sucedeu a José Gomes, treinador que acumulou derrotas atrás de derrotas e que não conseguia sequer fazer golos. Pois bem, Jorge Jesus, pessoa que, fala-se por cá, é arrogante, antipático para os jogadores, pouco social, mal disposto perante a comunicação social, tem como grande trunfo a seu favor a excelente posição que deu ao Leiria. O sétimo lugar foi espectacular. Jorge Jesus trouxe vitórias ao Leiria, bom futebol, trouxe ao clube uma mentalidade profundamente ofensiva chegando a jogar com quatro e cinco unidades de ataque no dragão ou em Alvalade, chegaram os golos, muitos golos e, consequentemente, a salvação na Superliga. Digo mais, se mais jornadas houvesse, não tenho dúvidas que Boavista e Nacional teriam companhia na luta pela Taça Uefa.
Que me perdoe Paulo Bento mas, por tudo aquilo que Jorge Jesus fez numa equipa que, é preciso não esquecer, praticamente joga fora em todos os jogos, mereceu perfeitamente este prémio.

ONZE IDEAL DA SUPERLIGA PARA O BLOG

GR: Hélton (FC Porto)
DD: Manuel José (Boavista)
DE: Léo (Benfica)
DC: Pepe (FC Porto)
DC: Luisão (Benfica)
MD: Paulo Assunção (FC Porto)
MC: Lucho González (FC Porto)
MAD: Ricardo Quaresma (FC Porto)
MAE: Semedo (Estrela Amadora)
AC: Meyong (Belenenses)
AC: Liedson (Sporting)

Treinador: Jorge Jesus


NOTA: Todos os leitores poderão deixar, se o entenderem, o vosso 11 do ano da Superliga. Como é obvio, há muitas interpretações, muitas opiniões que, naturalmente, poderão ser diferentes daquela apresentada.
Saudações Desportivas!

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