quinta-feira, fevereiro 21, 2008

Champions: Bom resultado em França mas...

Lyon 1-1 Man Utd



Se olharmos estritamente para o resultado, é claro e inequívoco que o Manchester deu em França um passo muito importante para a resolução da eliminatória. Se marcar fora é sempre positivo, marcar tantos golos quanto o adversário, não sendo uma vitória, deixa desde logo a eliminatória no lado de quem joga a segunda mão na qualidade de visitado. Neste sentido, o Manchester cumpriu a sua missão e só uma noite transcendental do Lyon - sinceramente não acredito - é que poderá fazer pender a balança para o lado francês.

No que diz respeito ao jogo jogado, diria que o Manchester esteve muitos furos abaixo daquilo que já habituou os adeptos de futebol. Naturalmente que o adversário tem muito valor (isto apesar de estar mais fraco comparativamente às últimas temporadas) mas, muito honestamente, creio que se o United interpretasse este jogo de outra forma, talvez tivesse sentenciado de vez estes oitavos-de-final.
Alex Fergusson optou por apresentar uma equipa com mais força ao nível do meio-campo. O habitual 4-2-4 (ou 4-4-2 se preferirem) deu lugar a um 4-3-3 com um miolo composto por Hargreaves, Anderson e Paul Scholes. Percebo perfeitamente a opção de Sir Fergusson já que na Liga dos Campeões todo o cuidado é pouco e o facto de serem jogos com duas mãos permite aos "red devils" actuar de uma forma mais cautelosa fora de portas para, em casa, resolver de vez a contenda. O que se passa é que esta maneira mais defensiva de entrar em campo, dando maior iniciativa de jogo ao adversário na tentativa de explorar o contra-ataque, não está, de todo, no sangue da equipa. Um pouco à imagem do FC Porto, sempre que o United se mascara de equipa defensiva, esta tem muitas dificuldades em fazer o seu jogo. Com efeito, o Manchester tem sempre mais problemas se tiver de correr atrás do resultado.
Para quem teve a oportunidade de ver o jogo, o Lyon teve sempre muito respeito em relação ao Manchester e mostrou-se sempre mais preocupado em não sofrer golos do que propriamente em marcá-los. Imaginem no que poderia ter acontecido se o Manchester entrasse em campo na sua forma habitual e, desde o primeiro minuto, impusesse o seu futebol. Basta ver que quando se encontrou em desvantagem, Alex Fergusson lançou para a partida Tevez e Nani, passou a jogar no seu habitual sistema e, inerentemente a tudo isso, o Lyon sentiu, desde logo, muitas dificuldades. É verdade que não tivemos muitas oportunidades de golo por parte do conjunto inglês mas o que é certo é que o volume ofensivo foi outro e daí à igualdade foi como um estalar de dedos.

Não crítico a opção de Fergusson mas a verdade é que normalmente quando esta equipa se mostra satisfeita com a igualdade tem dissabores. Ainda na última temporada tivemos um Manchester retraído em Milão e todos sabemos os efeitos desse baixar das linhas. Toda a gente respeita o Manchester United. É, de longe, a equipa que melhor futebol pratica no Mundo e já nos habituou a jogar sempre com os olhos postos na baliza. No meu entender, mudar esta filosofia é dar tiros nos próprios pés. Percebo que o resultado fora seja importante mas mesmo que este atrevimento seja maléfico ao nível do resultado, Fergusson e companhia nunca se podem esquecer que há sempre o teatro dos sonhos para rectificar. E todos nós sabemos que, num dia bom, o Arsenal pode levar quatro ou a Roma sete. Portanto, há que "salir a ganar" seja fora seja em casa.

PS: Karim Benzema está feito jogador. Conheci-o como extremo onde lhe detectava uma qualidade técnica e uma velocidade de execução muito interessante. Hoje em dia é um jogador mais perto da área e que joga mais em zonas centrais. Não recorre tanto à capacidade técnica, prefere mais a espontaneidade de remate e a explosão rumo à área. Já se percebeu que, à mínima oportunidade, é letal. Sem dúvida, um jogador de grande futuro, talvez o sucessor de Titi Henry.

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