quarta-feira, fevereiro 13, 2008

Questão Di Maria



O Benfica entra amanhã em campo frente ao Nuremberga, um adversário que, mesmo estando a passar um mau momento em termos de Bundesliga, não deixa de ser um opositor de respeito. Ainda assim, creio que o Benfica tem mais que obrigação de seguir em frente na Taça.

O propósito deste post incide-se sobre a frente de ataque dos "encarnados". A generalidade dos adeptos gostaria de ver a dupla Makukula-Cardozo em acção; outros preferem o efeito Mantorras no apoio a uma das torres; poucos são aqueles que respeitam a opção de Camacho em colocar Cardozo ou Makukula isolados na frente de ataque tendo o apoio de Rui Costa, portanto, num 4-2-3-1 que é, no fundo, o sistema favorito de José António Camacho.
Antes de dar a minha opinião sobre este assunto, devo dizer que acho muito pouco provável que o técnico espanhol aposte num sistema que contemple dois avançados. Mesmo jogando em casa, mesmo sendo totalmente favorito, Camacho vai querer ter o controlo do jogo a meio-campo, não vai querer correr riscos (entenda-se, sofrer golos) e, com efeito, estou plenamente convencido que apenas um ponta-de-lança terá lugar no onze. Visto estarmos a falar em puras especulações, desde já também digo que Camacho optará por Makukula em detrimento de Oscar Cardozo já que o "português" parece ser mais esclarecido a jogar de costas para a baliza e mais forte que o paraguaio no jogo aéreo, factor determinante para o espanhol frente a um adversário alemão.

Especulações à parte, passo a expor a minha ideia. Entre o 4-2-3-1 e o 4-4-2, confesso que prefiro aquilo que, no fundo, todos os adeptos benfiquistas preferem: a utilização em simultâneo das torres gémeas. Ainda que tenha sido contra o Paços de Ferreira, creio que Cardozo e Makukula mostraram que, no futuro, podem ser uma dupla compatível, bem ao estilo daquela que tivemos no passado, precisamente com João Tomás e o tosco que marcava livres na perfeição, Pierre Van Hooidjonk.
Contudo, no meu entender, acho que dentro do plantel do Benfica há ainda uma melhor solução. No meu ponto de vista, o Benfica precisa de velocidade no ataque. Apesar do meu sistema ideal ser o 4-5-1 (que se desdobra num 4-3-3), gosto de ver equipas a jogar numa táctica com dois avançados. Mais, acho que um 4-4-2 com um avançado mais fixo e um outro mais móvel é o ideal. Olhando por exemplo para o Sporting de Peseiro, quem não se lembra da temível dupla Douala-Liedson onde o primeiro procurava espaços laterais com o intuito de baralhar os defesas e desgastar os mesmos sendo que o "levezinho", numa zona mais de finalização, ocupava-se quase que exclusivamente por terminar as jogadas de ataque da equipa. Passando este exemplo para o outro lado da 2ª circular, tendo em conta as características de Cardozo (e agora Makukula), parecia-me bastante interessante fixar um deles mais no centro do terreno e mais perto da baliza adversária, sendo que, uma unidade móvel (que não Rui Costa como devem calcular) tivesse a tal missão-Douala de desgaste e de abrir os tais espaços para o finalizador.

Ora, falar de velocidade e de quebras nas alas é falar em Di Maria. Para quem está recordado das minhas análises do Mundial de Sub-20, Di Maria deu nas vistas precisamente na frente de ataque ao lado de Sérgio Aguero. Para quem não se lembra, Di Maria começou como suplente nesta selecção mas beneficiou da lesão de Mauro Zarate. Fez um grande Mundial e foi a tal unidade móvel que permitiu a Sérgio Aguero brilhar e fazer golos atrás de golos.
É notório e evidente que Di Maria está a crescer. A adaptação ao futebol português está em progresso e o argentino tem demonstrando nos últimos compromissos que está melhor ao nível do passe. Naturalmente que ainda não está o jogador maduro que o Benfica precisa mas é daqueles que eu particularmente acredito.
Não sei se alguém partilha desta minha opinião mas, tendo em conta o adversário e, mais importante que isso, tendo em conta que em jogos da Uefa é importante jogar em contra-ataque fora de casa, acho que seria uma boa opção conciliar a força e o poder de choque de Makukula ou Cardozo e a irreverência, velocidade e capacidade técnica de Di Maria em zonas de finalização. Quando o Benfica tinha Miccoli (e também Simão), era essa velocidade e mobilidade no ataque que permitia ao clube encarnado jogar em contra-ataque fora de casa e com resultados práticos bastante assinaláveis (Liverpool , por exemplo). No fundo, seria bom para o Benfica e, quem sabe, bom para Di Maria esta alteração do estilo de jogo.

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