quarta-feira, fevereiro 20, 2008

Champions: Porto perde em Gelsenkirchen



Esperava-se mais do Porto em Gelsenkirchen. Mais, creio que a estratégia de Jesualdo Ferreira falhou completamente. Não estando em causa o apuramento - o Porto é superior a este conjunto alemão -, a verdade é que a equipa portuguesa deixou muito a desejar na forma como demorou a entrar na partida, revelando talvez um desconhecimento em relação ao estilo e maneira de jogar deste Schalke. Um bom planeamento de jogo era meio caminho para perceber que Quaresma, contrariamente àquilo que faz em Portugal, teria de defender mais e estancar as investidas de Rafinha; depois, Lucho teria que actuar como interior direito e Meireles na sua habitual posição já que o português defende mais e bem melhor que Lucho e seria muito mais útil na ajuda a Fucile. Por outro lado, Westermann, um adaptado lateral esquerdo, não teria tanta propensão ofensiva, o que permitia ao argentino jogar com maior liberdade e menor preocupação defensiva.
A todos estes pormenores, importa também salientar o posicionamento de Lisandro Lopez. A ausência de Bosingwa condicionou e muito o rendimento do argentino, principalmente no primeiro tempo. Tivemos um "Lixa" muito aberto na ala e muito distante de Ernesto Farias. Ora, os movimentos interiores são precisamente os pontos fortes de Lisandro e isso nunca aconteceu neste jogo, pelo menos enquanto esteve na posição de extremo-direito. É óbvio que é mais fácil analisar e criticar no final da partida mas, com a ausência de José Bosingwa, seria de todo lógico a inclusão de Tarik - para dar dimensão e velocidade a ala - e, inerentemente a isso, a natural inclusão de Lisandro na frente de ataque.

Antes do jogo tinhamos falado da importância de Kuranyi e de Rakitic. Ora, na minha opinião, enquanto tivemos um Schalke dominador, estes dois jogadores foram os mais influentes na equipa germânica.
Kuranyi é um excelente avançado, tem muita mobilidade, facilidade de remate, é bastante forte fisicamente e fascina-me pela sua simplicidade de processos. Desta vez não foi tão influente ao nível do jogo aéreo mas foi o principal desestabilizador no ataque do Schalke.
Quanto a Rakitic, é, quanto a mim, o grande jogador desta equipa. Atenção que estamos perante um jovem de apenas 19 anos mas que tem uma qualidade técnico-táctica extraordinária. Aliás, é perfeitamente invulgar um jovem com tamanha cultura táctica. Rakitic não deslumbrou sob ponto de vista técnico mas foi de uma simplicidade de processos notável. O croata funcionou como um autêntico "vagabundo" e, um pouco à imagem do "nosso" Lucho González, parecia que estava em todo o lado. Possuidor de um excelente domínio de bola, este faz da qualidade de passe - muitas vezes de ruptura - uma das suas melhores armas; além do mais, os movimentos para as laterais deste jogador nunca conseguiram ser resolvidos por Paulo Assunção e, como tal, tivemos um pouco de tudo vindo de Rakitic, incluindo alguns remates perigosos, revelando outra qualidade do croata. Infelizmente para o Schalke, o "miudo" correu muito e cedo se apresentou bastante desgastado, isto numa altura em que o mesmo poderia ser útil para lançar venenosos contra-ataques.


Em suma, pareceu-me que o Schalke 04 foi um justo vencedor, especialmente por aquilo que fez na primeira parte. Já o Porto, sentiu muito a ausência de Bosingwa e pareceu-me demasiado convencido de que era melhor que o seu adversário. Talvez tenha havido algum excesso de confiança e, tal como havia dito anteriormente, um desconhecimento em relação à valia do seu adversário. Agora, para poder seguir em frente, o Porto precisa de entrar forte no Dragão e estar particularmente atento ao contra-ataque do Schalke. Neste aspecto, será necessário vigiar Rakitic e Asamoah, este último um jogador rápido e muito forte fisicamente, especialista em acções de contra-golpe. Mesmo assim, o Porto é superior e, na minha opinião, vai seguir em frente.

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