Poderia começar por analisar este jogo com a frase que se utiliza quando não estamos nada satisfeitos com determinada situação ou acontecimento: "Para esquecer". No entanto, analisando friamente os 90 minutos do Benfica na Amoreira, é caso para dizer que este jogo tem de ser para recordar. Ora, se a equipa encarnada quer ser novamente campeã nacional e ainda competitiva a nível europeu, tem de ter uma qualidade a todos os níveis superior àquele que ontem apresentou. É certo que o adversário não era o ideal para chegar a esta conclusão uma vez que a motivação e o interesse para vencer não está tão presente como por exemplo contra o Chelsea. É obvio que um jogador que represente o Benfica tem de estar sempre com grande motivação e interesse para jogar qualquer que seja o adversário; no entanto, todos sabemos que os jogadores de qualquer clube do Mundo acabam sempre por ter uma actuação diferente consoante o opositor.
Apesar do adversário Estoril servir, de certa forma, de desculpa, apesar do cansaço provocado por um mês intenso de pré-época com treinos físicos diários explicar um pouco aquilo que se passou na Amoreira, nesta altura da pré-temporada, a pouco mais de uma semana do primeiro teste a valer contra o Setúbal, há determinadas situações, determinados erros que uma equipa da qualidade do Benfica não deveria cometer. Passemos aos factos:
- plantel encarnado conta com 2 avançados, sendo que Mantorras ainda não se encontra capaz de jogar um encontro completo. Dispensou-se Karadas, único ponta de lança de raíz, com características diferentes dos outros dois sem antes contratar uma alternativa válida.
- Ausência (tal como na temporada anterior) de um número 10 capaz de ler o jogo, ser o maestro da equipa, ser o elo de ligação entre o meio campo e o ataque. Nuno Assis é, até ver, a única possibilidade mas, ao que parece, não é do agrado de Ronald Koeman.
- Total dessincronização dos 3 homens de apoio ao ponta de lança. Geovanni, Simão e Hélio Roque (?), as opções mais testadas, têm mostrado alguma dificuldade em desempenhar as tarefas pedidas por Koeman. Geovanni e Simão, apesar de muitas vezes parecerem perdidos em campo, têm compensado isso com toda a sua capacidade técnica e velocidade para, de certa maneira, ofuscar os problemas de adaptação ao sistema do holandês.
- Falta de apoio dos laterais a nível ofensivo. No lado direito, quer Alex, quer João Pereira, apesar de serem lutadores e trabalhadores, ainda não conseguiram fazer esquecer Miguel. Se a nível defensivo nada há a apontar, a nível ofensivo ainda não conseguiram atingir o nível pretendido. Relativamente ao lado esquerdo, Léo, recém chegado ao ninho da águia, por motivos obvios que se prendem com a natural adaptação, ainda não mostrou o porquê da sua contratação. No entanto, para ser um jogador de selecção, ainda por mais, a brasileira, tem que ter valor. Ficamos a aguardar. Já Dos Santos, mostra exactamente aquilo que mostrou na época passada, ou seja, seguro a defender e timido a atacar, muito embora, sempre que ataca, ataca benzinho.
Por tudo isto, é evidente que o Benfica precisa de se reforçar. Na minha opinião, era imperial contratar um médio ofensivo com características semelhantes às de Ronaldinho Gaúcho (com as devidas distâncias!), dois avançados goleadores (Forlán, Saha, Deivid (Cruzeiro), Julio Cruz, por ex.) e, caso não se resolvesse o dossier Miguel, avançar para a contratação de um lateral direito (Abel por ex.). Se conseguissem resolver estes problemas, creio que o Benfica contaria com uma equipa capaz de competir a sério em todas as frentes.
Para terminar, de dizer que nem tudo o que se viu na Amoreira e, já agora, nesta pré-época foi negativo. Pelo contrário! A defesa a nível de centrais está a funcionar muito bem, os guarda-redes dão totais garantias e a cobertura do meio campo, com Petit, Beto (a surpresa) e Manuel Fernandes, está a dar sinais de total competência.
Esperemos que, no futuro, o ataque seja, também ele, motivo de tranquilidade e de alegria para todos os benfiquistas!
Sem comentários:
Enviar um comentário