terça-feira, novembro 27, 2007

DE ACORDO COM CAMACHO (COM APENAS UM PORMENOR)


O Benfica defronta amanhã à noite o AC Milan, num jogo que vai ser extremamente difícil para os "encarnados". O regresso de Ronaldo à equipa dos italianos é objectivamente um problema para o Benfica. O Milan, cauteloso como sempre, vai explorar os espaços deixados pela equipa portuguesa na sua zona defensiva e, para isso, nada melhor que poder contar com Ronaldo na frente de ataque. Especial atenção para os lançamentos longos de Pirlo ou para os passes de "morte" de Seedorf e Kaká.

É praticamente certo o onze apresentado por Camacho para este jogo. Cardozo e Di Maria regressam ao banco de suplentes, sendo que os uruguaios Maxi Pereira e Rodriguez, estão praticamente certos no meio-campo benfiquista. Nesse sentido, o onze vai ser qualquer coisa como isto:



À primeira vista, olhando para o onze provável do Benfica frente ao Milan, vemos claramente uma equipa de cariz defensivo. Para quem precisa de ganhar, jogar com dois médios defensivos e dois falsos alas, não é, à partida, sinal de ambição. No entanto, se tivermos em linha de conta que do outro lado está o campeão europeu em título, aí a coisa muda de figura.

Sou daqueles que gosta sempre de ver uma equipa com dois avançados. Já expressei no blog a minha preferência pela dupla Nuno Gomes-Cardozo no eixo do ataque encarnado. Creio que tanto um como outro, rendem muito mais quando participam um ao lado do outro.
Ora, tal como referi, o adversário é o AC Milan, uma equipa muito experiente e muito matreira. Jogar com uma equipa vincadamente ofensiva pode revelar-se fatal para o conjunto português. Ver uma equipa com Petit e Rui Costa no meio, Katsouranis (Di Maria) e Rodriguez nas alas, Nuno Gomes e Cardozo na frente é algo que me agradaria profundamente. Aliás, acho que esta equipa pode muito bem funcionar em termos de Superliga. Contudo, estamos a falar de um jogo da Liga dos Campeões onde qualquer deslize pode revelar-se fatal.

Nesse sentido, estou completamente de acordo com o onze que Camacho vai apresentar amanhã. Povoar o meio-campo, tentar, numa primeira instância, equilibrar o jogo a meio com o Milão, anular as principais armas do adversário e, em contra-ataque ou num lance de bola parada, tentar marcar, parece-me boa ideia. Caso o Benfica consiga chegar à hora de jogo com o resultado equilibrado, aí sim, tentar arriscar tudo em busca da vitória. É nesse preciso momento que entram em cena Di Maria, Cardozo e Freddy Adu. Dois virtuosos a tentar desequilibrar nas alas e um homem de área para tentar fazer aquilo que por exemplo fez em casa frente ao Celtic de Glasgow. Até pode não resultar a estratégia - o Milan é sempre uma equipa imprevisível e nunca sabemos o que esperar desta grande equipa - mas estou em sintonia com o espanhol.

Digo em sintonia e não em completa sintonia porque há efectivamente um pormenor que estou em desacordo. Falo precisamente do posicionamento de Katsouranis. Conforme podem ver no grafismo, Camacho vai seguramente colocar o grego lado a lado com Petit. Ora, na minha opinião, parece-me errada essa opção. Na minha maneira de ver, Petit é um jogador que adora jogar sozinho como trinco. Sente-se bem na missão de "varrer" toda aquela área à frente da defesa. Jogar com Katsouranis ao seu lado não é a mesma coisa para o português. Já o grego, é exactamente a mesma coisa. Para jogar como pivot defensivo, dá-se claramente melhor se o fizer como unica unidade nessa tarefa. Contudo, ao contrário de Petit, Katsouranis gosta muito de jogar como médio interior já que tem a capacidade de aparecer muito bem em zonas de finalização.
Creio que a melhor solução passaria por fazer actuar Katsouranis mais perto de Rui Costa e de Nuno Gomes. A equipa ganhava poder ofensivo já que o grego joga bem de cabeça e é muito bom a aparecer nos espaços vazios e, além disso, a equipa ganharia capacidade em pressionar alto já que Katsouranis, não tendo tantas preocupações defensivas, consegue mais facilmente ajudar Nuno Gomes, Rodriguez e Maxi Pereira a fazer aquilo que Rui Costa já não tem capacidade para fazer.
Um último aspecto que me parece importante ainda em relação ao (possível) adiantamento de Katsouranis seria a forma como Pirlo passaria a estar mais vigiado e com menos espaço para construir o ataque milanês. Andrea Pirlo adora ir buscar a bola aos centrais e ser ele o primeiro a organizar o ataque... Se tivessemos Katsouranis mais perto de Nuno Gomes, naturalmente que o italiano poderia ser mais facilmente anulado, algo que não estou a ver se for Rui Costa o homem com a missão de marcar o "21" rossoneri.

Pede-se paciência na primeira parte e corajem na segunda. Já agora, nada melhor que um pouco de felicidade nos últimos minutos, algo que os italianos são peritos. Que bom seria se tivessemos um pragmatismo e cinismo à la portuguesa.

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