quarta-feira, novembro 21, 2007

Então, Argentina?


COLÔMBIA 2-1 ARGENTINA

EXPULSÃO PRECOCE DE TEVEZ AFUNDOU CELESTES



Depois do Brasil ter deixado pontos na Colômbia, esta madrugada foi a vez da Argentina esbarrar em Bogotá e logo com uma derrota, a primeira nesta qualificação. Importa referir que a expulsão de Tevez, aos 24 minutos da primeira parte, naturalmente que teve alguma influência no resultado final. O avançado do Manchester United agrediu um adversário e foi muito bem expulso. Contudo, tenho a dizer que essa expulsão não justifica tudo. A Argentina tem equipa para fazer mais do que aquilo que fez, nomeadamente no segundo tempo. A prova disso - e não querendo tirar o mérito aos colombianos - é que, ainda na primeira parte, estando em inferioridade numérica, conseguiu acercar-se por diversas vezes da baliza colombiana e, numa delas, logrou chegar ao golo. Lionel Messi, quem mais, arrancou pela esquerda, passou por três adversários (o último de forma algo feliz) e rematou para o primeiro dos argentinos. Se Basile alinhou num 4-4-2 com Messi e Tevez na frente, a partir da expulsão, a Argentina apresentou-se com um 4-4-2 sendo a dupla de atacantes composta por Lionel e Messi. O jogador do Barcelona esteve em todo o lado e valeu literalmente por dois.
Ora, se na primeira parte não se notou a inferioridade numérica, por que é que no segundo tempo vimos uma Argentina tão apática e tão preocupada em defender o resultado? Creio que a chave desta derrota não foi provocada pela réplica do adversário. É verdade que a Colômbia reagiu bem na etapa complementar mas, muito sinceramente, nunca tivemos um conjunto da casa massacrante, a tal ponto de, a qualquer momento, se perspectivar um golo.
Então, se nem foi por mérito do adversário, por que é que a Argentina do segundo tempo foi diferente daquela selecção inteligente, com bom toque de bola, boa ocupação dos espaços e rápidas transições, que pudemos efectivamente ver no primeiro tempo? Pois bem, na minha maneira de ver, a falha veio precisamente do banco. Confesso que não sou adepto de Basile. Acho-o tremendamente conservador. Falta-lhe capacidade para analisar o jogo, especialmente quando a equipa está em dificuldades. Quando vemos a equipa argentina em vantagem, é muito fácil mexer na equipa. Agora, quando o jogo está complicado, as coisas tornam-se mais difíceis já que, Basile, não é aquele treinador de correr riscos, de arriscar.

Houve um pormenor que definiu este jogo. No segundo tempo, a Argentina actuava com Gago a trinco, Mascherano como interior direito, Cambiasso como interior esquerdo e Riquelme atrás de Lionel Messi que vagueava pelo ataque. A dada altura, Riquelme deu completamente o estoiro. Perdeu todas as bolas, não defendia e nem sequer de bola parada trazia algo à equipa. Bastaria a Basile tirar o Riquelme fazendo entrar Sérgio Aguero que, com toda a convicção, a Argentina nem sequer empataria este jogo. O meio-campo, com Gago, Mascherano e Cambiasso chegava bem para as encomendas. O problema era na frente. Messi fez um jogo fantástico mas estava muito desapoiado no ataque. Com Kun Aguero e Messi a jogarem na frente como vagabundos, não sei como seria.
Mas, a gritante falta de ambição não ficou por aqui. A meio do segundo tempo, a Colômbia, através de um lance de bola parada, chegou à igualdade. A primeira alteração de Basile foi a inclusão de Maxi Rodriguez no lugar de Cambiasso. Nada de significativo. O mais importante veio posteriormente. Sem que tivessemos uma Colômbia dominadora - nem me lembro de uma defesa de Abbondazzieri -, a 7 minutos do fim, preparava-se para entrar na Argentina Coloccini, um central. Uma vez que ninguém estava lesionado na defesa celeste, a substituição teria o propósito de defender exclusivamente o resultado. O central do Corunha não viria a entrar porque Moreno, a passe do conhecido Renteria, fez questão de fazer o segundo golo dos Colombianos. Os leitores deverão estar a pensar neste instante... Então e com o 2º golo da Colômbia, Basile fez entrar Aguero ou Hernan Crespo? A resposta, também ela, é simples. NADA, RIGOROSAMENTE NADA. Nem Crespo, nem Aguero, nem ninguém. A Argentina acabou o jogo como se estivesse empatada. Logicamente que não mais tivemos uma situação de perigo dos celestes. Se a ideia foi não perder por mais, então Basile sai de Bogotá com a missão cumprida. A Colômbia, nos últimos minutos de jogo, não mais conseguiu aproximar-se da baliza de Abbondazzieri porque, de forma inteligente, preferiu gerir o tempo e controlar a posse de bola, isto perante uma total passividade do meio-campo argentino. Nestes últimos minutos, se não soubesse quem era o adversário da Colômbia, diria que estávamos perante o Aves ou o Leixões, isto, com todo o respeito que estes modestos clubes merecem.

Em suma, derrota que acaba por ser justa para os argentinos dado que, mesmo com menos uma unidade, não souberam ser inteligentes para, na altura certa, fazerem o 0-2 e sentenciarem de vez a partida. Obviamente que esta derrota não é dramática, nem pouco mais ou menos mas, mais uma vez, fica a sensação que Basile e companhia podem, de facto, fazer mais e melhor.
Uma palavra final para Riquelme. Não há dúvida que é um extraordinário jogador e é um fabuloso especialista na marcação de livres directos. Agora, pelo que vi neste jogo, salta a vista a sua fraca condição física, fruto de estar, actualmente, sem ritmo competitivo. Pelos livres, pela experiência e pela sua qualidade de passe, estando a jogar regularmente num clube ou não, Riquelme é e será sempre um indiscutível desta selecção. Agora, uma coisa me parece óbvia. Por ser quem é e por estar na situação que está, não pode Basile espremer Riquelme como o fez, por exemplo, neste jogo. E se tivermos em conta que no banco celeste há matéria prima para dar e vender...

2 comentários:

Anónimo disse...

Boas tardes!!!
Aqui estou eu só para falar de um jogador... RIQUELME..
Estando de acordo ctg, Rocha, quando falas que o Riquelme esteve tempo a mais no jogo contra a Colombia, acabo por entender por certa forma o selecionador ao deixa lo em campo, embora saiba q tenha outras opçoes de grande qualidade. E PQ? Um jogador q nao joga, so mesmo na seleçao, e que treina nao sei onde nem com que grau de prazer, pois nao pode jogar, e faz o q fez no sabado passado marcando 2 golos, penso q foram 2, e que umas semanas atras faz uma exibiçao de grande qualidade marcando tb 2 golos, torna se tarefa dificil pra o selecionador tira lo do campo.
Sao situaçoes ingratas, mas q por vezes se calhar teremos q as tomar...

Grande Abraço

Unknown disse...

Boas João!
Pois, realmente não é uma situação fácila para o Basile. Convocar o Riquelme numa selecção recheada de estrelas (nem imagino o que Aimar e D'Alessandro estarão a pensar) e nas circunstâncias que são, é bastante complicado.
Logicamente que as exibições de Riquelme têm dado razão a Basile. Agora, aquilo que vi frente à Colômbia foi que o Riquelme desapareceu completamente na 2ª parte, talvez pelo facto de ter acusado a falta de ritmo de jogo e também a unidade a menos da sua equipa que obrigou Riquelme a correr ainda mais.
Acho que o Basile deveria ter substituido o Riquelme mas, lá está, se nos últimos minutos o "10" tirasse da cartola um daqueles livres mágicos...